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Ingredientes de uma identidade colonial: os alimentos na poesia de Gregório de Matos / Colonial alimentary diet: the food in Gregório de Matos\' s workPapavero, Claude Guy 18 December 2007 (has links)
No final do século XVII, quando Salvador era a capital do Brasil colonial, os hábitos alimentares da cidade e de seus arrabaldes rurais inspiraram muitas metáforas e metonímias ao advogado e poeta seiscentista Gregório de Matos, também conhecido pela alcunha de Boca de inferno. Transformados em fontes de tropos satíricos ou burlescos, os alimentos consumidos na colônia serviram ao poeta para ridicularizar muitos integrantes da sociedade soteropolitana. A obra de Matos documentou um processo histórico e revelou uma maneira local mazomba de conceber o mundo. Seus sarcasmos e suas ironias atacaram inimigos pessoais, cujos hábitos alimentares indignos ou aparências físicas criticaram. Eles se voltaram também contra categorias sociais de colonos que, por sua ascensão econômica, não respeitavam os códigos sociais e culturais vigentes na colônia. A obra de Matos permitiu a essa tese de doutorado em Antropologia Social investigar os conceitos de hierarquia que norteavam a sociabilidade das elites soteropolitanas. Ela foi preservada pelo público do poeta que copiou as poesias após seu exílio para Angola, comprovando a condição assumida por ele de porta-voz dos mazombos frente à crise que, nas últimas décadas do século XVII, afetou o estilo de vida perdulário da população colonial abastada. O recurso intencional a metáforas alimentares também delineou, involuntariamente, os hábitos cotidianos dos colonos. Apesar dos clichês e provérbios e das alusões obscenas do poeta aos manejos dos alimentos, os versos evidenciaram muitos hábitos de nutrição facilmente identificados pelo público. Verificou-se durante a investigação como três fontes principais de representações culturais modelavam a dieta alimentar soteropolitana: o pertencimento religioso dos colonos ao catolicismo, aspirações de ascensão social e a obediência aos preceitos da medicina humoral hipocrática. / At the end of the 17th. Century, when Salvador was the capital of the brazilian colony, the food habits of the city and of its rural surroundings inspired a series of metaphors and metonymies to the lawyer and poet Gregório de Matos, also known as \"the mouth of hell\". Transformed into sources of satiric or burlesque poems, the food taken in the colony served him to ridicule many members of Salvador\'s society. Matos\'s work documented a local manner (mazomba) of conceiving the world, specific to the elites. His sarcasms and ironies attackked personal enemies whose alimentary habits or physical appearances were criticised. They where also directed against social categories of the colony which, due to their economic ascension, did not respect the social and cultural codes established until then in the Portuguese colony. Matos\'s poetic workk allowed the present Ph.D. thesis on Social Anthropology to investigate the concept of hierarchy that guided the sociability in Salvador. The poet\'s work was preserved by his public, who copied the poems after his exile in Angola. This proves that he assumed the position of spokkesman of the rich colonial population facing the crisis that, in the last decades of the 17th. Century, affected their spend thrift style of life. The intentional resource to alimentary metaphors also described, involuntary, the daily habits of the colony. Although the clichés and proverbs inserted in the poems, and in spite of the obscenity of the allusions to food manipulations, they referred to several nutrition processes easily identified by the public. During the investigation it was verified that three main sources of cultural representation modelled the alimentary diet in Salvador: the religious belonging of people to Catholicism, aspiration to social ascension and the obedience to the precepts of the Hippocratic humoural medicine.
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Ingredientes de uma identidade colonial: os alimentos na poesia de Gregório de Matos / Colonial alimentary diet: the food in Gregório de Matos\' s workClaude Guy Papavero 18 December 2007 (has links)
No final do século XVII, quando Salvador era a capital do Brasil colonial, os hábitos alimentares da cidade e de seus arrabaldes rurais inspiraram muitas metáforas e metonímias ao advogado e poeta seiscentista Gregório de Matos, também conhecido pela alcunha de Boca de inferno. Transformados em fontes de tropos satíricos ou burlescos, os alimentos consumidos na colônia serviram ao poeta para ridicularizar muitos integrantes da sociedade soteropolitana. A obra de Matos documentou um processo histórico e revelou uma maneira local mazomba de conceber o mundo. Seus sarcasmos e suas ironias atacaram inimigos pessoais, cujos hábitos alimentares indignos ou aparências físicas criticaram. Eles se voltaram também contra categorias sociais de colonos que, por sua ascensão econômica, não respeitavam os códigos sociais e culturais vigentes na colônia. A obra de Matos permitiu a essa tese de doutorado em Antropologia Social investigar os conceitos de hierarquia que norteavam a sociabilidade das elites soteropolitanas. Ela foi preservada pelo público do poeta que copiou as poesias após seu exílio para Angola, comprovando a condição assumida por ele de porta-voz dos mazombos frente à crise que, nas últimas décadas do século XVII, afetou o estilo de vida perdulário da população colonial abastada. O recurso intencional a metáforas alimentares também delineou, involuntariamente, os hábitos cotidianos dos colonos. Apesar dos clichês e provérbios e das alusões obscenas do poeta aos manejos dos alimentos, os versos evidenciaram muitos hábitos de nutrição facilmente identificados pelo público. Verificou-se durante a investigação como três fontes principais de representações culturais modelavam a dieta alimentar soteropolitana: o pertencimento religioso dos colonos ao catolicismo, aspirações de ascensão social e a obediência aos preceitos da medicina humoral hipocrática. / At the end of the 17th. Century, when Salvador was the capital of the brazilian colony, the food habits of the city and of its rural surroundings inspired a series of metaphors and metonymies to the lawyer and poet Gregório de Matos, also known as \"the mouth of hell\". Transformed into sources of satiric or burlesque poems, the food taken in the colony served him to ridicule many members of Salvador\'s society. Matos\'s work documented a local manner (mazomba) of conceiving the world, specific to the elites. His sarcasms and ironies attackked personal enemies whose alimentary habits or physical appearances were criticised. They where also directed against social categories of the colony which, due to their economic ascension, did not respect the social and cultural codes established until then in the Portuguese colony. Matos\'s poetic workk allowed the present Ph.D. thesis on Social Anthropology to investigate the concept of hierarchy that guided the sociability in Salvador. The poet\'s work was preserved by his public, who copied the poems after his exile in Angola. This proves that he assumed the position of spokkesman of the rich colonial population facing the crisis that, in the last decades of the 17th. Century, affected their spend thrift style of life. The intentional resource to alimentary metaphors also described, involuntary, the daily habits of the colony. Although the clichés and proverbs inserted in the poems, and in spite of the obscenity of the allusions to food manipulations, they referred to several nutrition processes easily identified by the public. During the investigation it was verified that three main sources of cultural representation modelled the alimentary diet in Salvador: the religious belonging of people to Catholicism, aspiration to social ascension and the obedience to the precepts of the Hippocratic humoural medicine.
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