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O cinema político de Leon Hirszman (1976-1981): engajamento e resistência durante o regime militar brasileiro / -

Reinaldo Cardenuto Filho 13 October 2014 (has links)
O objetivo central desta tese é estudar o percurso artístico e intelectual de Leon Hirszman a partir dos filmes Que país é este? (1976-77), ABC da greve (1979- 90) e Eles não usam black-tie (1981). Discutindo as relações entre cinema e História, a pesquisa se concentra nas práticas culturais, estéticas e ideológicas do realizador, procurando analisar as interpretações que ele mobilizou em torno do Brasil durante a vigência do regime militar. A despeito de Hirszman ter consolidado a sua trajetória como integrante do Cinema Novo, questão que percorre as páginas deste doutorado, propõe-se também uma aproximação entre a sua obra e o projeto dramatúrgico construído por autores oriundos do Teatro de Arena. Na década de 1970, face à crise que se instalou no campo cultural da esquerda, em especial o colapso da crença revolucionária anterior a 1964 e o refluxo da leitura do povo como vanguarda heroica para uma transformação do mundo, o cineasta se aproximaria do revisionismo artístico proposto, principalmente, por Gianfrancesco Guarnieri, Paulo Pontes e Vianinha. Mantendo em seus filmes uma abordagem politizada da classe popular, sem abdicar da figura do intelectual como mediador de denúncias contra a ditadura, o diretor se voltaria para uma produção em sintonia com o viés comunista de engajamento, em diálogo com a tradição do realismo crítico e disposta a elaborar narrativas e registros documentais em confronto ao autoritarismo dos militares. Nesse sentido, mesmo sem partilhar do ideário do novo sindicalismo surgido sobretudo entre os metalúrgicos da cidade paulista de São Bernardo do Campo, Hirszman deslocaria a figura do operário para o centro do processo criativo de ABC da greve e de Black-tie, representando-o em uma chave próxima à resistência articulada pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), na qual o trabalhador seria visto como parte de uma ampla frente organizada para superar a ditadura e atuar em prol da redemocratização. Uma obra realizada com o intuito de responder aos dilemas sociais de seu contexto histórico, a propor uma abordagem particular sobre a classe popular e a militância antiautoritária, a partir de leituras e experiências estéticas construídas em meio aos impasses que percorreram a esquerda política e cultural na segunda metade dos anos 1970. / The main goal of this thesis is to study Leon Hirszman\'s artistic and intellectual trajectory through the films Que país é este? (1976-77), ABC da greve (1979-90) and They don\'t wear black-tie (1981). Discussing the relation between film and History, the research concentrates itself on the cultural, aesthetic and ideological practices of the director, aiming to analyze his interpretations about Brazil during its military dictatorship. Despite Hirszman\'s consolidated career as a member of the Cinema Novo movement, issue that is described during this doctoral thesis, it also proposes an approach of his work with the dramaturgical project originated by authors from the Teatro de Arena. On the 1970\'s, in virtue of the crisis installed in the left wing\'s cultural sphere, specially the collapse of the revolutionary belief preceding 1964 and the retrocession of the interpretation placing the people as the heroic vanguard leading a structural transformation, the filmmaker would court the artistic revisionism proposed by Gianfrancesco Guarnieri, Paulo Pontes and Vianinha. Maintaining a politicized approach about the popular class on his films, without abdicating the image of the intellectual as a mediator of denounces against the dictatorship, the director would proceed to a production in tune with the communist\'s active participation project, establishing a dialogue with the tradition of critical realism, willing to elaborate narratives and documental registers confronting with the authoritarian way of the military. In this sense, even without sharing the ideology originated from the newly born trade unionism, especially among the steelworkers from São Bernardo do Campo\'s city, Hirszman shifted the figure of the worker, making it the core of the creative process of ABC da greve and Black-tie. In these movies, it was represented as a key-piece close to the resistance articulated by the Brazilian Communist Party (PCB), in which it was seen as part of a large front, organized to overcome the military regime and act in favor of the country\'s redemocratization. A work realized with the intention of responding to the social dilemmas of its time, proposing a singular approach about the popular class and the anti-authoritarian militancy, originating interpretations and aesthetic experiences constructed among conflicts that filled the left-wing politic and cultural manifestations on the second half of the seventies.

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