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Ensino de história e cultura indígena: os discursos do currículo São Paulo faz Escola (2014-2017) e dos docentes de história / History teaching and indigenous culture: São Paulo Faz Escola curriculum (2014-2017) and history teachers' discoursesBigeli, Maria Cristina Floriano [UNESP] 08 March 2018 (has links)
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Previous issue date: 2018-03-08 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) / Desde que os portugueses aportaram no litoral norte do território que se tornou o Brasil e tiveram seus primeiros contatos com os povos que habitavam o local, representações acerca daqueles sujeitos, que foram nomeados de “índios”, começaram a ser criadas e difundidas. Tais representações sobre os indígenas fazem parte da Historiografia brasileira até os dias atuais, principalmente por serem propagadas através do ensino de História do Brasil, que mantêm, desde o princípio, a perspectiva eurocêntrica na abordagem do ensino. Tratados como personagens coadjuvantes e sempre em função do colonizador – ora vistos como colaboradores, ora como estorvo do progresso do país –, os povos indígenas tiveram suas culturas e suas histórias generalizadas, romantizadas e suas vozes silenciadas. Com a intenção de fazer uma “fotografia do tempo presente” entre os anos de 2014 e 2017, essa pesquisa analisa, a partir dos aportes teóricos e metodológicos da Análise de Discurso francesa, as representações encontradas nos discursos do Currículo São Paulo faz Escola e de professores de História atuantes na rede estadual de ensino de duas regiões paulistas – Assis e Tupã. O objetivo principal é compreender quais são as visões sobre os indígenas levadas até os bancos escolares após o fortalecimento de novas perspectivas sobre a temática, surgidas na Historiografia brasileira com a Nova História Indígena e também com a sanção da Lei 11.645/2008. Consideramos que as representações contidas no Currículo trazem no bojo visões sobre os povos indígenas semelhantes àquelas constituídas na Historiografia brasileira do século XIX. A princípio, esses povos são mostrados como heróis ecológicos, que, por serem exímios conhecedores daquilo que nós, não indígenas, conhecemos por natureza, nos deixam lições de preservação que devemos nos inspirar. Quando são abordados no período Colonial, principiam sendo passivos e aliados aos portugueses, mas a representação de que são contrários ao trabalho que visa o lucro está presente – como se os indígenas não gostassem de trabalhar. Para além disso, as generalizações a respeito das etnias, a romantização e o papel secundário dos indígenas na construção da História brasileira são mantidos. Nos discursos dos professores, percebemos que a maioria das representações é condizente com o discurso do Currículo. Dos docentes que ministram aulas na região de Tupã, notamos a preocupação com o fortalecimento das visões dos próprios indígenas a respeito de sua História e Cultura e também da constituição da História do Brasil. Já nos discursos dos participantes da região de Assis, consideramos que, apesar da forte ligação com as representações contidas no Currículo, também não deixam de valorizar, porém, em menor proporção (se comparados ao grupo de docentes de Tupã), o ponto de vista dos povos nativos sobre a História. Por fim, concluímos que para haver mudanças significativas no tratamento da temática indígena nas escolas, que vise a superação de representações generalizadas, a aproximação do ensino de História com a Nova História Indígena é necessária tanto na elaboração do Currículo como na formação, seja universitária ou continuada, dos professores. / Ever since the Portuguese landed on the north coast of the territory that later became Brazil and got in touch with the natives who lived there, representations about these natives, who were called “indians”, began to be created and widespread. These representations of the native people are part of Brazilian Historiography until now, mainly because they are spread through the Brazilian History teaching, which keeps, from its very beginning, a Eurocentric perspective in its approach to teaching. Always treated as supporting characters and under the settlers shadow - sometimes they are seen as contributors, sometimes as a barrier for the progress of the country -, the indigenous people had their cultures and histories generalized, romanticized and their voices silenced. Intending to take a “photograph of the present time” between 2014 to 2017, this study analyzes, from the French Discourse Analysis' theoretical and methodological perspective, the indigenous representations found in the discourses of 'São Paulo Faz Escola' curriculum and in the discourses of History teachers working in two São Paulo state schools located in the cities of Assis and Tupã. The main objective of this study is to understand what are the current concepts that are taken to the schools after the strengthening of new perspectives on the subject, coming from the New Indian History and after the approval of the State Law number 11.645/2008. We consider that the curriculum representations are particularly similar, regarding the indigenous peoples, to those that shaped the Brazilian Historiography in the 19th century. Firstly, these peoples are portrayed as "eco heroes" who, by really knowing many things that we, non-indigenous people, know by nature, leave us preservation teachings that should inspire us. When they are portrayed in the Colonial period, they are primarily seem as submissive and allied of the Portuguese settlers, but those who refuse to work "for profit" are also depicted - as if the indigenous people didn't like to work. In addition, their ethnicities are generalized, they are romanticized and their role as secondary characters regarding the formation of Brazilian history is kept. In the teachers' discourses, we found that the majority of the representations are quite similar to those contained in the curriculum. In the teachers’ discourses who work in Tupã, we noted their concerns about the indigenous people’s empowerment regarding their own History and Culture, as well as regarding the formation of the Brazilian History. In Assis, although, we noted that even though the teachers were quite influenced by the indigenous representations in the curriculum, they also promoted (in a lesser extent, if we compare their views with the teachers in Tupã views) the indigenous people's perspective on History. Finally, we concluded that in order to have substantial changes in terms of indigenous people portrayals in schools, changes that aim to overcome generalized representations, we need to work in an approach which associates a History teaching method with the New Indigenous History, both in the curriculum preparation and in the teachers' education (in a university level or after their undergraduate courses).
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