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Mudam as pessoas, mudam os lugares: transformações ambientais e nos modos de vida de populações deslocadas por barragens / People move, places change: environment and livelihood transformations of people displaced by dams

Roquetti, Daniel Rondinelli 07 December 2018 (has links)
O deslocamento populacional forçado é um dos principais impactos de grandes projetos de infraestrutura, sendo grandes barragens um dos principais projetos responsáveis por esse tipo de movimento populacional. Estima-se que, até o final do século XX entre 40 e 80 milhões de pessoas haviam sido deslocadas por grandes barragens. O planejamento e a construção de empreendimentos hidrelétricos encontram-se em expansão tanto em nível mundial como especificamente no Brasil, país cujo investimento em geração hidrelétrica é estratégico e prioritário. Essa tendência sugere que o número de pessoas deslocadas por grandes barragens deva crescer nas próximas décadas, apresentando à sociedade os desafios intrínsecos do deslocamento populacional compulsório. Populações deslocadas por grandes barragens passam pelo estresse do deslocamento geográfico e pelos impactos ambientais decorrentes do próprio barramento, estresses que se sobrepõem no tempo e no espaço. Avaliar como esses estresses influenciam os modos de vida de comunidades deslocadas pode ajudar a entender os resultados do deslocamento compulsório e a desenhar medidas de gestão para o deslocamento. O objetivo geral desta pesquisa é compreender como os modos de vida de populações reassentadas em função da instalação de usinas são alterados em processos de deslocamento populacional, considerando as relações socioecológicas. Adotou-se como estudo de caso as usinas hidrelétricas do rio Madeira, Santo Antônio e Jirau. Foram levantados dados secundários e realizadas entrevistas em campo com reassentados e com autoridades, a partir das quais foram organizados dados quantitativos e qualitativos em uma abordagem metodológica mista. Como principais resultados, foi verificada a existência de cinco tendências de adaptação de modos de vida das pessoas deslocadas: (i) a valorização de atividades menos dependentes de ativos naturais em detrimento de atividades diretamente relacionadas a ecossistemas; (ii) a adoção de técnicas de controle de ecossistemas; (iii) a diminuição na diversidade do repertório de modos de vida; (iv) o direcionamento da produção para o mercado e (v) a inserção dos modos de vida em institucionalidades formais. Em conjunto, essas foram associadas a riscos como desarticulação social, aumento do risco à soberania alimentar, diminuição do acesso a recursos livres e diminuição do risco de perda de emprego. A partir desses resultados, recomenda-se medidas de gestão que considerem a interação socioecológica e a perspectiva de locais no processo de deslocamento populacional forçado. / Forced populational displacement is one of the major impacts of large infrastructure projects. Large dams are amongst the main projects that cause such displacement. It is estimated that by the end of the 20th century between 40 and 80 million people were displaced by large dams. The planning and construction of hydroelectric projects are expanding both globally and in Brazil, a country whose investment in hydroelectric generation is strategic and have being prioritized. Such trend suggests that the number of people displaced by large dams should grow in the next decades, making society face the inherent challenges of compulsory population displacement. People displaced by large dams go through the stress of geographic displacement and the stress of environmental impacts caused by the dam itself. These stresses overlap in time and space. Assessing how these stresses influence the livelihoods of displaced communities can help to understand the results of compulsory displacement and to design management measures for displacement. The goal of this research is to understand how the livelihoods of populations resettled due to the installation of hydropower plants are altered in processes of population displacement, considering socioecological relations. The hydroelectric plants of the Madeira river, Santo Antônio and Jirau, were adopted as a case study. Secondary data were collected, and field interviews were conducted with resettled people and with authorities. Quantitative and qualitative data were organized in a mixed methodological approach. As results, were identified five adaptive trends in the livelihoods of displaced people: (i) to value activities that are less dependent on natural assets at the expense of activities directly related to ecosystems; (ii) the adoption of techniques to control ecosystems; (iii) the decrease in the diversity of livelihoods repertoire; (iv) the orientation of production to cash crops to sell in the market and (v) the insertion of ways of life into formal institutions. Together, these trends were associated with risks such as social disarticulation, increased risk to food sovereignty, reduced access to common resources and reduced risk of joblessness. From these results, are recommended management measures that consider socioecological interaction and locals perspective in the process of forced displacement.

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