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A educação nos terreiros de Caruaru/Pernambuco: um encontro com a tradição africana através dos OrixásOliveira, Ariene Gomes de 29 April 2014 (has links)
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Previous issue date: 2014-04-29 / FACEPE / A presente dissertação de mestrado está vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Educação Contemporânea, do Centro Acadêmico do Agreste da Universidade Federal de Pernambuco, na linha de pesquisa Educação, Estado e Diversidade. Consiste no resultado de uma investigação que teve por finalidade refletir sobre a questão da educação nos terreiros e a percepção de seus educandos(as) sobre a escola. A pergunta que orientou o nosso percurso dentro desta investigação foi como os sujeitos candomblecistas percebem a escola diante de suas experiências de educação nos terreiros? A nossa fundamentação teórica teve por base os estudos pós-coloniais, contando com a contribuição de pensadores como Anibal Quijano, Edgardo Lander, Walter Mignolo, Fidel Tubino, dentre outras contribuições. Ainda no âmbito dos estudos pós-coloniais realizamos uma discussão relacionada à educação com Catharine Walsh, Frantz Fanon e Paulo Freire. A partir da visão desses teóricos discutimos a influência do colonialismo e de sua herança, a colonialidade nas questões que envolviam o candomblé, os racismos e as intolerâncias, a educação nos terreiros e a educação étnico-racial, estabelecendo uma comunicação com teóricos de cada área. Nas questões metodológicas utilizamos a abordagem qualitativa para a investigação, com características de estudo exploratório e explicativo. O nosso percurso analítico foi trilhado nos termos do Método do Caso Alargado, conforme definido por Boaventura de Sousa Santos. O trabalho de coleta de dados foi realizado dentro do Terreiro de Candomblé Ilê Axé Xangô Airà em Caruaru/Pernambuco de Nação Ketu, por meio da observação participante, de conversas informais e da realização de entrevistas semi-estruturadas com nove candomblecistas, que nos serviu de fonte de informação. As nossas conclusões apontam que o Candomblé se constitui crença monoteísta, onde Olorum é o criador de todo universo, inclusive dos Orixás, que são definidos como forças da natureza. Configura-se socialmente como uma religião subalternizada pelas concepções hegemônicas, que em confronto com mecanismos de resistência enfrentados pelos candomblecistas, travam uma luta constante para manter a essa religião num patamar de respeito e reconhecimento social. Em racismos e intolerâncias constatamos a inferiorização da pessoa negra, sua exclusão do espaço social e de sua religião, como também a homogeneização dos padrões de saberes hegemônicos, a partir do lugar da escola pública, que muitas vezes é utilizada como veículo subordinação a tudo que não é hegemônico, particularmente aos conhecimentos africanos, na medida em que diaboliza as religiões afro-brasileiras. Na educação nos terreiros identificamos o reencontro com os valores da tradição cultural africana; rigidez em respeito à hierarquia, por meio de uma metodologia relacionada à vivência comunitária, onde a observação participante e a repetição se constituem na chave para esse aprendizado. Na Educação Étnico-Racial nos deparamos com a necessidade da escola pública trabalhar com uma pedagogia intercultural e multirracial, com abertura para um diálogo inter-religioso, buscando na educação dos terreiros os subsídios necessários para trabalhar com a História e a Cultura Africana, visto que estes locais constituem-se numa fonte de saberes tradicionais desta cultura que podem nos situar em identidades outras, sem o manto da colonialidade.
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