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Cultura da honra e homicídios em Pernambuco: um novo modelo psicoculturalSOUZA, Monica Gomes Teixeira Campello 27 February 2015 (has links)
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Previous issue date: 2015-02-27 / CNPQ / O homicídio é uma preocupação social das mais relevantes em todo o mundo, com o Brasil se destacando por deter uma das taxas mais elevadas e com tendência de piora, apresentando a Região Nordeste e o estado de Pernambuco especial gravidade quanto ao problema (UNODC, 2013). Existem diversas teorias criminológicas tentando explicar a ocorrência do homicídio (Brantingham & Brantingham, 2008), mas a Teoria da Cultura da Honra (Reed, 1982) é voltada especificamente para este tipo de crime e produziu interpretações importantes em termos de Psicologia Social (Cohen & Nisbett, 1997; Cohen, 1998). Trata-se da ideia de que certas sociedades desenvolvem uma cultura a qual exige que o homem não demonstre fraqueza e reaja de forma violenta a qualquer ameaça à sua reputação, sendo a "honra" o ponto central da sua vida, fazendo com que o homicídio seja uma forma aceitável ou até mandatória para a resolução de certos conflitos (Reed, 1982). Certos autores apontam essa como uma das principais causas dos alarmantes níveis de violência no Nordeste brasileiro (Alencar, 2006; Magalhães, 2009), superando, nesse sentido, a eficácia de diversas teorias concorrentes (Souza, Roazzi & Souza, 2009; Souza, 2010). Assim sendo, o presente trabalho buscou investigar o papel da "honra" no que concerne à propensão ao homicídio, considerando tanto elementos socioculturais quanto psicológicos na proposta de um modelo dos mecanismos e processos envolvidos. Foram realizados três estudos, somando 1.453 sujeitos recifenses, com o intuito de submeter o novo modelo a teste empírico, bem como para explorar eventuais achados adicionais capazes de contribuir para uma compreensão mais ampla do fenômeno. As pesquisas usaram a tolerância a homicídios e a experiência com homicídios como proxies da propensão a esse tipo de crime, bem como itens e indicadores de questionários e testes psicológicos diversos, inclusive de internalização da Cultura da Honra, enquanto variáveis independentes. Os achados obtidos apontam que: (a) o aspecto da Cultura da Honra responsável pela propensão ao homicídio é uma combinação de elementos que pode ser chamada de "Honra Homicida", abrangendo uma elevada Honra Masculina (que envolve assertividade) e uma baixa Honra Social (que envolve integridade); (b) sexo, escolaridade, bússolas morais, valores morais, regulação emocional e Hipercultura se ligam à Honra Homicida de formas específicas; e (c) a Honra Homicida produz impactos na dinâmica da raiva e repercute na personalidade e nas atitudes perante o homicídio. O conjunto desses achados não apenas corrobora o modelo teórico hipotetizado a priori como também o expande por meio do detalhamento de diversos mecanismos e processos. Trata-se de uma nova teoria que descreve uma dinâmica psicocultural onde a Honra Homicida atua sobre processos de papéis sociais, vergonha e influências espaciais por meio de mecanismos de raiva, experiência com homicídios e imperativo de defesa da honra, produzindo agressividade, habituação com homicídios e pressão social para a violência que, juntas, elevam a propensão ao cometimento do homicídio. Tal resultado apresenta implicações acadêmicas importantes, assim como também para a elaboração e implementação de políticas públicas de combate à violência. / Homicide is one of the most relevant social concerns in the World, with Brazil standing out in that regard for having one of the highest rates and a tendency to worsen, with the Northeastern region and the state of Pernambuco presenting a special level of severity as to the problem (UNODC, 2013). There are several criminological theories attempting to explain the occurrence of homicide (Brantingham & Brantingham, 2008), but the Theory of the Culture of Honor (Reed, 1982) is oriented especifically towards this type of crim and has produced important interpretations in terms of Social Psychology (Cohen & Nisbett, 1997; Cohen, 1998). It is the idea that certain societies develop a culture that demands that the men never show weakness and must react violently to any threats to their reputation, with "honor" being the central point of their life, making homicide an acceptable or even mandatory form of resolution for certain conflicts (Reed, 1982). Certain authors point to it as one of the main causes for the alarmingly high levels of violence in the Brazilian Northeast (Alencar, 2006; Magalhães, 2009), surpassing, in that regard, the efficacy of several competing theories (Souza, Roazzi & Souza, 2009; Souza, 2010). Thus, the present work sought to investigate the role of "honor" in the propensity towards homicide, considering both sociocultural and psychological elements in the proposition of a model of the mechanisms and processes involved. Three studies were conducted, comprising a total of 1,453 subjects from Recife, with the intention of submitting the new model to an empirical test, as well as to explore eventual additional findings capable of contributing to a broader understanding of the phenomenon. The researches used tolerance to homicides and experience with homicides as proxies for the propensity towards this type of crime, as well as items and indexes from several forms and psychological tests, including the internalization of the Culture of Honor, as independent variables. The findings obtained indicate that: (a) the aspect of the Culture of Honor that is responsible for the propensity towards homicide is a combination of elements that may be called "Homicidal Honor", encompassing an elevated Masculine Honor (which involves assertiveness) and a low Social Honor (which involves integrity); sex, level of education, moral compasses, moral value, emotional regulation, and and Hyperculture are linked to Homicidal Honor in specific ways; and (c) Homicidal Honor produces impacts in the dynamics of anger and has repercussions in one's personality and attitudes towards homicide. The whole of these findings not only corroborates the theoretical model hypothesized a priori but also expands it by means of the detailing on several mechanisms and processes. It is a new theory that describes a psychocultural dynamics where Homicidal Honor acts upon the processes of social roles, shame, and spatial influences by means of the mechanisms of anger, experience with homicides, and the imperative to defend one's honor, thereby producing aggressiveness, habituation with homicides, and social pressure towards violence that, together, elevate the propensity towards committing homicide. Such a result presents important implications for academia, as well as for the creation and implementation of public policies against violence.
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