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Auto do Frade: a dialética das vozes / Auto do Frade: dialectic of voicesPolidoro, Francine Alves 26 October 2017 (has links)
Este trabalho propõe uma leitura da obra Auto do Frade (1984), de João Cabral de Melo Neto, considerando a vertente teatral do poeta, iniciada pela tradução de duas peças espanholas, A Sapateira Prodigiosa (1951), de Federico García Lorca, e Os Mistérios da Missa (1963), de Pedro Calderón de la Barca. Parte-se do princípio de que esses dois trabalhos, nos quais estão presentes formas tradicionais ibéricas como o romance e o auto, serviram de estopim para que João Cabral construísse a sua própria obra dramatúrgica. O poema narrativo O Rio (1953) seria uma mediação entre a sua experiência enquanto tradutor e a elaboração de seus dois autos, Morte e Vida Severina (1955) e Auto do Frade, na medida em que configura um monólogo dramático pelo qual o poeta, propositalmente, vale-se de uma linguagem prosaica, como tentativa de estabelecer a comunicação com o público. Morte e Vida Severina, por sua vez, representaria a evolução dessa experiência formal, pelo caráter dialógico, adquirido em uma dicção que seria marcadamente cabralina: o auto estruturado pelo romance. Finalmente, Auto do Frade sintetizaria esse trajeto, sendo o seu ponto máximo. Defendese a hipótese de que, nessa obra, aquelas duas formas tradicionais ibéricas são usadas para a criação de sentidos vinculados a seu próprio conteúdo: tudo o que circunda os momentos finais da vida de Frei Caneca. Isso sem que se perca a inclinação de João Cabral ao moderno, comprovada pela epígrafe da escritora norte-americana Gertrude Stein, com o que ela pode significar em relação a essa obra. Arrematando toda essa abordagem, buscou-se analisar as anotações que João Cabral realizou para a composição do que seria o seu terceiro auto, A Casa de Farinha, com o intuito de compreender o processo criativo do poeta, um recurso a mais para a interpretação de Auto do Frade. / This research proposes an interpretation of the text Auto do Frade (1984), by João Cabral de Melo Neto, considering this poets theatrical aspect, which was initiated with the translation of two Spanish plays, A Sapateira Prodigiosa (1951), by Federico García Lorca, and Os Mistérios da Missa (1963), by Pedro Calderón de la Barca. It is assumed that such two pieces, where traditional Iberian forms such as the novel and the auto are present, served as a trigger for João Cabral to construct his own dramaturgical work. The narrative poem O Rio (1953) would be a mediation between his experience as a translator and the elaboration of his two autos, Morte e Vida Severina (1955) and Auto do Frade, since it constitutes a dramatic monologue in which the poet purposefully uses prosaic language as an attempt to establish communication with the public. Morte e Vida Severina, in turn, would represent the evolution of this formal experience in its dialogical style, acquired by a diction that would be markedly Cabralian: the auto being structured by the novel. Finally, Auto do Frade would synthesize this trajectory, being its maximum point. The hypothesis defended is, then, that in such a text those two traditional Iberian forms are used for the creation of meanings pertaining to their own content: all of which surround the final moments of Frei Canecas life. This happens without losing João Cabrals inclination to the modern, evidenced by the epigraph featuring American writer Gertrude Stein, accounting for what it can mean in relation to the Brazilian authors work. Thus, the aim of this study was to analyze the notes that João Cabral made for the composition of his third auto, A Casa de Farinha, in order to understand the poet\'s creative process, serving as a further resource for the interpretation of Auto do Frade.
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Auto do Frade: a dialética das vozes / Auto do Frade: dialectic of voicesFrancine Alves Polidoro 26 October 2017 (has links)
Este trabalho propõe uma leitura da obra Auto do Frade (1984), de João Cabral de Melo Neto, considerando a vertente teatral do poeta, iniciada pela tradução de duas peças espanholas, A Sapateira Prodigiosa (1951), de Federico García Lorca, e Os Mistérios da Missa (1963), de Pedro Calderón de la Barca. Parte-se do princípio de que esses dois trabalhos, nos quais estão presentes formas tradicionais ibéricas como o romance e o auto, serviram de estopim para que João Cabral construísse a sua própria obra dramatúrgica. O poema narrativo O Rio (1953) seria uma mediação entre a sua experiência enquanto tradutor e a elaboração de seus dois autos, Morte e Vida Severina (1955) e Auto do Frade, na medida em que configura um monólogo dramático pelo qual o poeta, propositalmente, vale-se de uma linguagem prosaica, como tentativa de estabelecer a comunicação com o público. Morte e Vida Severina, por sua vez, representaria a evolução dessa experiência formal, pelo caráter dialógico, adquirido em uma dicção que seria marcadamente cabralina: o auto estruturado pelo romance. Finalmente, Auto do Frade sintetizaria esse trajeto, sendo o seu ponto máximo. Defendese a hipótese de que, nessa obra, aquelas duas formas tradicionais ibéricas são usadas para a criação de sentidos vinculados a seu próprio conteúdo: tudo o que circunda os momentos finais da vida de Frei Caneca. Isso sem que se perca a inclinação de João Cabral ao moderno, comprovada pela epígrafe da escritora norte-americana Gertrude Stein, com o que ela pode significar em relação a essa obra. Arrematando toda essa abordagem, buscou-se analisar as anotações que João Cabral realizou para a composição do que seria o seu terceiro auto, A Casa de Farinha, com o intuito de compreender o processo criativo do poeta, um recurso a mais para a interpretação de Auto do Frade. / This research proposes an interpretation of the text Auto do Frade (1984), by João Cabral de Melo Neto, considering this poets theatrical aspect, which was initiated with the translation of two Spanish plays, A Sapateira Prodigiosa (1951), by Federico García Lorca, and Os Mistérios da Missa (1963), by Pedro Calderón de la Barca. It is assumed that such two pieces, where traditional Iberian forms such as the novel and the auto are present, served as a trigger for João Cabral to construct his own dramaturgical work. The narrative poem O Rio (1953) would be a mediation between his experience as a translator and the elaboration of his two autos, Morte e Vida Severina (1955) and Auto do Frade, since it constitutes a dramatic monologue in which the poet purposefully uses prosaic language as an attempt to establish communication with the public. Morte e Vida Severina, in turn, would represent the evolution of this formal experience in its dialogical style, acquired by a diction that would be markedly Cabralian: the auto being structured by the novel. Finally, Auto do Frade would synthesize this trajectory, being its maximum point. The hypothesis defended is, then, that in such a text those two traditional Iberian forms are used for the creation of meanings pertaining to their own content: all of which surround the final moments of Frei Canecas life. This happens without losing João Cabrals inclination to the modern, evidenced by the epigraph featuring American writer Gertrude Stein, accounting for what it can mean in relation to the Brazilian authors work. Thus, the aim of this study was to analyze the notes that João Cabral made for the composition of his third auto, A Casa de Farinha, in order to understand the poet\'s creative process, serving as a further resource for the interpretation of Auto do Frade.
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