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Adolescentes com síndrome de Down e cães: compreensão e possibilidades de intervenção / Adolescents with Down syndrome and dogs: understanding and possibilities of intervention

Althausen, Sabine 18 August 2006 (has links)
Estudos publicados a partir da década de 60 evidenciam o potencial terapêutico da participação de animais de estimação em situações clínicas. Desde então, as pesquisas e as práticas das denominadas Terapia Assistida por Animais (TAA) e Atividade Assistida por Animais (AAA) estão em amplo crescimento. A presente pesquisa analisa 12 registros filmados dos encontros realizados a partir da parceria entre uma escola de educação especial e um canil. Os encontros aconteciam num sítio, a freqüência era semanal e os horários eram fixos. Participaram quatro adolescentes com síndrome de Down. A narrativa dos encontros entre esses adolescentes e cães numa situação estabelecida tem por objetivo a elaboração de uma reflexão teórica cujo propósito é considerar o uso de um enquadre diferenciado que inclui a presença do cão como recurso. A lente sob a qual tais fenômenos são analisados e compreendidos é a psicanálise de D. W. Winnicott. A investigação psicológica dos encontros evidencia a necessidade de levar em consideração o contexto humano oferecido pelos profissionais e as relações interpessoais estabelecidas. Pode-se observar que a maneira de se relacionar com o animal apresenta-se qualitativamente diferente das relações essencialmente humanas e das com objetos inanimados. Destacando a complexidade dos fenômenos observados entre as pessoas e os animais, percebeu-se que os cachorros interagiam com as pessoas não a partir das intenções ou sentimentos destas, ou ainda por meio de um discurso representativo: o cão reagia ao fato, ao comportamento humano, a comunicação ocorria de forma não-verbal. Outra possível função dos cachorros foi a de despertar diferentes aspectos do self, manifestados pelos adolescentes em suas atitudes, ações e verbalizações, facilitando a expressão de sentimentos. A análise também revela que a maneira de ser do cachorro – através de suas ações de atender ou não aos comandos, de se deixar manipular ou não, de ser uma presença constante e segura, de ter uma inteireza e continuidade de ser – sugere a emergência de maior espontaneidade por parte dos adolescentes. Por fim, são tecidas reflexões teóricas que sustentam a possibilidade de uma clínica winnicottiana com enquadre diferenciado que inclui o cachorro como recurso. / Studies that have been published since the 1960s suggest the therapeutical potential of the use of pets in clinical situations. The research on and the practice of the called Animal Assisted Therapy (AAT) and Animal Assisted Activity (AAA) have become more and more popular ever since. The present research analyses 12 filmed meetings that aim at promoting such interaction between dogs and four adolescents with Down Syndrome, carried out by a special education school and a kennel. These weekly meetings took place in a small farm and had been previously scheduled, always at the same time. The description of these meetings between the adolescents and the dogs in an arranged situation aims at elaborating a theoretical reflection which has the objective of taking into account the use of a differentiated setting that involves the presence of the dog as a resource. The lens under which such phenomena are analysed and understood is the W.D.Winnicott psychoanalysis. The psychological investigation of the meetings explicits the need to take the human context offered by the professionals and the interpersonal relationships that take place into account. It is clear to notice that the way the adolescents relate to the animals is qualitatively different from the way they do in exclusively human relationships or even in their relationships with inanimate objects. It’s important to highlight that, among other complex phenomena that we observe in the relationship between people and animals, the communication between them is non-verbal: the dogs react to the human behaviour and not to their intentions, feelings or discourse. Also, the dogs have an important role in awakening different aspects of the self, acted out by the adolescents in their attitudes and speech, which makes the expression of their feelings easier. The analysis also shows that the dog’s behaviour– – whether or not responding to the commands of the adolescents, permitting or not being handled by them, of being a constant and safe presence, as well as its wholeness and continuity of being - suggests the emergence of more room for the adolescents’ spontaneity. Finally, some reflections that support the possibility of a winnicottian clinic with a differentiated setting that have the dog as a resource are presented.
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Adolescentes com síndrome de Down e cães: compreensão e possibilidades de intervenção / Adolescents with Down syndrome and dogs: understanding and possibilities of intervention

Sabine Althausen 18 August 2006 (has links)
Estudos publicados a partir da década de 60 evidenciam o potencial terapêutico da participação de animais de estimação em situações clínicas. Desde então, as pesquisas e as práticas das denominadas Terapia Assistida por Animais (TAA) e Atividade Assistida por Animais (AAA) estão em amplo crescimento. A presente pesquisa analisa 12 registros filmados dos encontros realizados a partir da parceria entre uma escola de educação especial e um canil. Os encontros aconteciam num sítio, a freqüência era semanal e os horários eram fixos. Participaram quatro adolescentes com síndrome de Down. A narrativa dos encontros entre esses adolescentes e cães numa situação estabelecida tem por objetivo a elaboração de uma reflexão teórica cujo propósito é considerar o uso de um enquadre diferenciado que inclui a presença do cão como recurso. A lente sob a qual tais fenômenos são analisados e compreendidos é a psicanálise de D. W. Winnicott. A investigação psicológica dos encontros evidencia a necessidade de levar em consideração o contexto humano oferecido pelos profissionais e as relações interpessoais estabelecidas. Pode-se observar que a maneira de se relacionar com o animal apresenta-se qualitativamente diferente das relações essencialmente humanas e das com objetos inanimados. Destacando a complexidade dos fenômenos observados entre as pessoas e os animais, percebeu-se que os cachorros interagiam com as pessoas não a partir das intenções ou sentimentos destas, ou ainda por meio de um discurso representativo: o cão reagia ao fato, ao comportamento humano, a comunicação ocorria de forma não-verbal. Outra possível função dos cachorros foi a de despertar diferentes aspectos do self, manifestados pelos adolescentes em suas atitudes, ações e verbalizações, facilitando a expressão de sentimentos. A análise também revela que a maneira de ser do cachorro – através de suas ações de atender ou não aos comandos, de se deixar manipular ou não, de ser uma presença constante e segura, de ter uma inteireza e continuidade de ser – sugere a emergência de maior espontaneidade por parte dos adolescentes. Por fim, são tecidas reflexões teóricas que sustentam a possibilidade de uma clínica winnicottiana com enquadre diferenciado que inclui o cachorro como recurso. / Studies that have been published since the 1960s suggest the therapeutical potential of the use of pets in clinical situations. The research on and the practice of the called Animal Assisted Therapy (AAT) and Animal Assisted Activity (AAA) have become more and more popular ever since. The present research analyses 12 filmed meetings that aim at promoting such interaction between dogs and four adolescents with Down Syndrome, carried out by a special education school and a kennel. These weekly meetings took place in a small farm and had been previously scheduled, always at the same time. The description of these meetings between the adolescents and the dogs in an arranged situation aims at elaborating a theoretical reflection which has the objective of taking into account the use of a differentiated setting that involves the presence of the dog as a resource. The lens under which such phenomena are analysed and understood is the W.D.Winnicott psychoanalysis. The psychological investigation of the meetings explicits the need to take the human context offered by the professionals and the interpersonal relationships that take place into account. It is clear to notice that the way the adolescents relate to the animals is qualitatively different from the way they do in exclusively human relationships or even in their relationships with inanimate objects. It’s important to highlight that, among other complex phenomena that we observe in the relationship between people and animals, the communication between them is non-verbal: the dogs react to the human behaviour and not to their intentions, feelings or discourse. Also, the dogs have an important role in awakening different aspects of the self, acted out by the adolescents in their attitudes and speech, which makes the expression of their feelings easier. The analysis also shows that the dog’s behaviour– – whether or not responding to the commands of the adolescents, permitting or not being handled by them, of being a constant and safe presence, as well as its wholeness and continuity of being - suggests the emergence of more room for the adolescents’ spontaneity. Finally, some reflections that support the possibility of a winnicottian clinic with a differentiated setting that have the dog as a resource are presented.

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