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Metafísica e ciência: a analogia da vontade entre o micro e o macrocosmo / Metaphysics and science: the analogy of will between micro and macrocosm

Prado, Jorge Luis Palicer do 09 May 2019 (has links)
A filosofia de Arthur Schopenhauer se caracteriza por um esforço contínuo de reflexão para decifrar um antigo enigma, qual seja, a analogia entre o homem e o universo ou entre o micro e o macrocosmo. Schopenhauer postulou o primado da vontade cega sobre o intelecto como o seu dogma fundamental, isto é, como a chave interpretativa que permite solucionar o problema em questão. O filósofo desenvolveu uma monumental metafísica, qualificada por ele de imanente, em cujas bases estão a sua complexa concepção de vontade e uma articulada compreensão da analogia como método de reflexão filosófica. Apesar de tal esforço, o próprio Schopenhauer explicitamente reconheceu que uma solução absoluta e exaustiva do problema seria uma doutrina da onisciência, algo realmente impossível para a razão humana, já que não há entendimento pleno e absoluto da essência e origem do mundo. Assim, o horizonte da experiência humana permanecerá sempre na mais profunda e completa obscuridade. A filosofia de Schopenhauer apresenta, portanto, uma tensão originária, a saber, a consciência de que conhecer o ser absoluto é tão impossível quanto é incansável a busca pela compreensão metafísica do mundo. O texto que se segue consiste, portanto, no esforço para resgatar algumas fontes históricas, observar o sentido e as referências originárias dos conceitos, para interpretar, no interior da dinâmica teórica da obra de Schopenhauer, o significado propriamente filosófico da analogia da vontade. A hipótese de orientação consistiu em supor que a obra do autor se caracteriza por uma peculiar articulação da reflexão metafísica com os conhecimentos produzidos pelas ciências biológicas, sobretudo, a partir do estudo da fisiologia dos impulsos orgânicos vitais e inconscientes, para, desse modo, elaborar uma imagem conceitual do mundo compreendido como um macroantropo, cuja significação moral mais profunda se traduz no sentimento universal do sofrimento e na negação da vontade de viver. Neste sentido, a vontade, segundo o próprio autor, constitui o último marco-limite do conhecimento possível e o mundo nada mais é do que o multifacetado reflexo físico de um mal metafísico que em si é imanente, uno e indivisível em cada ser. Foi necessária uma reconstrução introdutória do problema da analogia entre o micro e o macrocosmo, bem como a busca pelo significado originário do conceito de vontade que acompanha o seu desenvolvimento histórico para compreender a filosofia de Schopenhauer como a solução peculiar de um problema que lhe é próprio. O texto apresenta os valores que a analogia assume em cada etapa do pensamento schopenhaueriano, destacando uma tensão constitutiva entre as diferentes funções que ela desempenha. A interpretação que aqui se expõe, consistiu no esforço para compreender a pertinência genuinamente filosófica da analogia da vontade em alguns aspectos de sua complexidade intrínseca, incluindo as suas limitações e fragilidades sem, no entanto, ignorar o seu poder de alcance, a coerência própria e a sua singular capacidade explicativa. / The philosophy of Arthur Schopenhauer is characterized by the constant effort of reflection to decipher an old enigma, which is the analogy between the man and the universe or the micro and macrocosm. Schopenhauer postulated that the primacy of will blinds the intellect as its fundamental dogma, that is, as an interpretative key that enables to solve the problem focused. The philosopher developed a monumental metaphysics, qualified as immanent by him, whose bases are his complex concept of will and an articulated comprehension of analogy as a philosophical reflection method. Despite such effort, Schopenhauer himself has explicitly recognized that an absolute and exhaustive solution of the problem would be an omniscience doctrine, something really impossible to human reason, as there is no full and absolute understanding of the world\'s essence and origin. This way, the horizon of human experience will always remain in the most deep and complete obscurity. The philosophy of Schopenhauer presents, though, a primary tension, namely: the consciousness of knowing the absolute individual is as impossible as the tireless search for the world\'s metaphysics comprehension. Therefore, the following text consists of the effort to rescue some historical sources, observe the sense and the original references of concepts, to interpret, from the inside of the theoretical dynamics of Schopenhauer\'s work, the proper philosophical meaning of the analogy of will. The guidance hypothesis constitutes of supposing that the author\'s work is characterized by a particular articulation of metaphysical reflection with the concepts produced by the biological sciences, mainly from the physiology study of vital and organic impulses, in order to create a conceptual image of the world seen as a macranthropos, whose most profound moral significance is translated to the universal suffering and the denial of the Will to life. In this sense, the will, according to the author, constitutes the last boundary of possible knowledge and the world is nothing more than a multifaceted physical reflection of a metaphysical evil which is immanent in itself, unified and inseparable to each individual. It was necessary an introductory reconstitution of the analogy problem between micro and macrocosm, as well as the search for the original meaning of the concept of will that follows its historical development to understand Schopenhauer\' philosophy as a peculiar solution to its own problem. The text presents the values assumed by the analogy in each step of schopenhauerian thought, highlighting the constitutive tension between the functions that it develops. This present interpretation constitutes of the effort to comprehend the genuinely philosophical pertinence of the analogy of will in some aspects of its intrinsic complexity, including its limitations and fragilities without ignoring its reach power, own coherence and singular explanatory capacity.

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