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Estigma e discriminação: experiências de vida de mulheres HIV positivo nos bairros periféricos da cidade de Maputo, Moçambique.Andrade, Rosário Gregório January 2010 (has links)
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Dissertacao de ROSARIO ANDRADE - 2011.pdf: 1872310 bytes, checksum: 4a87cc58a11d48ed9e524f48d2c02d1a (MD5) / Desde a identificação do primeiro caso da SIDA em 1986, as taxas de prevalência do HIV/SIDA em Moçambique vêm desenvolvendo uma curva ascendente. O aumento no número de casos tem se verificado mais entre as mulheres devido à grande desigualdade existente nas relações de gênero. A obrigatoriedade do exame anti-hiv no pré-natal faz com que muitas mulheres descubram o diagnóstico do HIV, o que em uma sociedade patriarcal como a Moçambicana, abre espaço para sua culpabilização, responsabilização e estigmatização. Neste contexto, a presente pesquisa teve como objetivo, entender como as mulheres HIV positivas, residentes nos bairros periféricos da cidade de Maputo, enfrentam a problemática do estigma e da discriminação. Foi utilizada metodologia qualitativa e a coleta de dados foi feita através de entrevistas individuais semi-estruturadas com 10 mulheres HIV positivas que fazem parte de uma Associação de apoio para pessoas carentes que, além de promover reuniões de aconselhamento, promove palestras para a mudança de comportamento de risco, uso correto e consistente do preservativo e o apadrinhamento a crianças órfãs e vulneráveis. Os dados foram submetidos à análise de conteúdo temática de onde emergiram quatro grandes categorias: 1. A difícil situação social, econômica e cultural das mulheres HIV positivas e a conseqüência direta no tratamento anti-retroviral. 2. Os significados da descoberta do diagnóstico soropositivo para o HIV. 3. As formas de manifestação e a experiência do estigma e da discriminação. 4. As estratégias de enfrentamento e superação do estigma. Os resultados mostram que a situação de pobreza na qual a maioria das mulheres se encontrava, se acentuou com a morte ou separação do parceiro que garantia o sustento da casa, favorecendo a descontinuidade do tratamento destas. O diagnóstico positivo para o HIV gerou conflitos intrafamiliares devido ao baixo poder das mulheres negociarem o uso do preservativo e na incapacidade destas convencerem os esposos a fazerem o teste anti-hiv. O estigma e a discriminação fundamentaram respostas sociais contra as mulheres, e por estas temerem represálias chegaram a ocultar os seus sintomas, reforçando a “cultura do silêncio”, devido ao medo de violência física, exclusão social, estigmatização, discriminação na família e na comunidade. A desigualdade de gênero apresentou-se como fator importante na construção da vulnerabilidade das mulheres ao HIV assim como para a estigmatização e a discriminação. Para enfrentá-las as mulheres lançaram mão de estratégias que em geral visavam garantir o sigilo de sua condição. É importante para evitar a reprodução do estigma e da discriminação que sejam implementados programas de desestigmatização com uma abrangência nacional e que se incentive o empoderamento de grupos estigmatizados com o seu envolvimento na implementação destes programas.
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