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Uma poética do humano = algumas notas sobre a açorianidade de Vitorino Nemésio / A poetic of the human : a few notes on the "azoreanity" of Vitorino NemésioNacaguma, Simone 16 August 2018 (has links)
Orientador: Fabio Akcelrud Durão / Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem / Made available in DSpace on 2018-08-16T02:33:33Z (GMT). No. of bitstreams: 1
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Previous issue date: 2010 / Resumo: Em comemoração aos quinhentos anos dos Açores, em 1932, Vitorino Nemésio (1901-1978), poeta e ficcionista açoriano, cunhou o neologismo açorianidade a fim de expressar a singularidade da existência do homem açoriano profundamente marcado pela condição de ilhéu. O objetivo desta tese consiste em identificar e analisar alguns elementos medulares de sua açorianidade a partir de um percurso sobre a sua narrativa de ficção. Nosso percurso tem início em seu primeiro romance (Varanda de Pilatos, 1927 ), inclui as três novelas de A Casa Fechada (1937) e finaliza-se em seu último romance, Mau Tempo no Canal (1944). A análise de Varanda de Pilatos e das novelas de A Casa Fechada revelou um caráter ambíguo do feminino, sob diversos aspectos, concebido essencialmente por um sincretismo entre uma ancestralidade mítica pagã e outra cristã. Esse sincretismo se expressou, inicialmente, por meio da evocação dos mitos de Vesta/Vênus e da Virgem Maria. Verificamos, todavia, que esses mitos se desdobram em outros mitos femininos, os quais, por sua vez, guardam todos, por um lado, a matriz do duplo feminino Lilith/Eva; e, por outro, o feminino como expressão de forças ctônicas e telúricas que remontam à mítica clássica. Esse sincretismo, contudo, não se apresenta de forma "estática"; sob uma perspectiva cronológica, essas narrativas espelham uma progressiva diluição desses mitos, o que culmina em Mau Tempo no Canal. Grosso modo, poderíamos dizer que essas narrativas, em certa medida, narram o processo de ocultamento e de sincretismo desses mitos femininos ao mesmo tempo em que narram o seu aburguesamento, visto que, segundo a nossa leitura, é a partir do drama masculino originado no contexto do casamento por interesse que o feminino nemesiano se configura, embora não se limite a esse aspecto. Na verdade, o conflito nemesiano recorrente consiste no casamento por interesse como obstáculo à reunião dos amantes.Assim, poderíamos dizer que o feminino nemesiano é erigido a partir do contexto social insular açoriano, e de sua singular religiosidade, ao mesmo tempo em que se funda em uma concepção mítica da própria Terra, isto é, o feminino nemesiano se caracterizaria, por sua condição liminar entre o local (particular) e o universal, entre o sagrado e o profano, entre o Bem e o Mal, entre a bruxa e a santa, entre o diabo e o divino, entre a sombra do enigma e a luz do conhecimento. Refletir, portanto, sobre a açorianidade de Vitorino Nemésio implica refletir sobre a relação entre o masculino e o feminino insulares, o que acreditamos constituir traço medular de sua açorianidade, isto é, de sua poética / Abstract: In 1932, to celebrate the 500th anniversary of Azores, the azorean poet and fictionist Vitorino Nemésio (1901-1978) coined the neologism 'azoreanity' to express the Azorean's peculiar existence, which was deeply marked by their insular condition. This dissertation intends to identify and analyze some central elements of Nemésio's 'azoreanity' condition through his work of fictional narrative. In order to do that, we examined his first novel Varanda de Pilatos (1927 ), his three short stories in A Casa Fechada (1937) and his last novel, Mau Tempo no Canal (1944). The analysis of Varanda de Pilatos and A Casa Fechada revealed, in some aspects, an ambiguous character of the 'feminine'. The syncretism of a pagan mythical origin and a Christian one, conceived of this ambiguous character. Initially, the syncretism was expressed via the evocation of the myths of Vesta/Venus and of the Virgin Mary. These myths, however, unfolded into other feminine myths, which on the one hand kept the matrix of the double 'feminine' Lilith/Eve, and on the other hand the 'feminine' as the expression of chtonic and telluric forces that go back to Classical Mythology. Nonetheless, this syncretism was not presented in a 'static' fashion. Under a chronological perspective, these narratives mirrowed a progressive 'dilution' of these myths, which culminated in Nemésio's last novel Mau Tempo no Canal.We could say that these narratives, to a certain extent, narrate the process of concealment and syncretism of these feminine myths, and at the same time narrate their mbourgeoisement, since, according to our reading, it is from the masculine drama originated in the context of marriage of convenience that the nemesian 'feminine' is formed, although not exclusively. In fact, the recurrent nemesian conflict consists of the marriage ofconvinience as an obstacle for the reunion of lovers. In this way, we could say that the nemesian 'feminine' was built on the social context of the insular Azorean and their religious peculiarity, and, concomitantly, it was founded in the mythical conception of the Earth; i.e., the nemesian 'feminine' would be characterized by its liminal condition, between the 'local' (restricted) and the 'universal', between the 'sacred' and the 'profane', between Good and Evil, between the witch and the saint, the devil and the 'divine', between the enigma's shadow and the knowledge's light. Therefore, to think of Vitorino Nemésio's 'azoreanity' implies thinking of the relation between the insular 'masculine' and 'feminine', which we believe constitutes the essential trait of his 'azoreanity', i.e., of his poetics / Doutorado / Historia e Historiografia Literaria / Doutor em Teoria e História Literária
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