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Investigando a ideia do possível em crianças

NÓBREGA, Giselda Magalhães Moreno 11 February 2015 (has links)
Submitted by Isaac Francisco de Souza Dias (isaac.souzadias@ufpe.br) on 2016-02-29T18:35:41Z No. of bitstreams: 2 license_rdf: 1232 bytes, checksum: 66e71c371cc565284e70f40736c94386 (MD5) TESE Giselda Magalhaes Moreno Nobrega.pdf: 801122 bytes, checksum: d01aa5909fdb53816240291d133f546c (MD5) / Made available in DSpace on 2016-02-29T18:35:41Z (GMT). No. of bitstreams: 2 license_rdf: 1232 bytes, checksum: 66e71c371cc565284e70f40736c94386 (MD5) TESE Giselda Magalhaes Moreno Nobrega.pdf: 801122 bytes, checksum: d01aa5909fdb53816240291d133f546c (MD5) Previous issue date: 2015-02-11 / CNPQ / O pensamento sobre o possível (e consequentemente sobre o impossível e a certeza) configura-se enquanto raciocínio abstrato, sendo esse um dos aspectos que caracteriza o desenvolvimento cognitivo do sujeito. Isso porque conjecturar acerca de possíveis exige habilidades hipotético-dedutivas, que permitem ao sujeito pensar sobre situações que não constituem uma realidade imediata. Apesar da importância do tema, há na literatura uma escassez de estudos acerca da concepção de possível. O estudo encontrado data de 1985, e consiste em um conjunto de experimentos realizados por Piaget e colaboradores. Na visão piagetiana, as noções sobre o possível começam a emergir por volta dos sete, oito anos. Porém, estudos recentes no campo da Psicologia da Educação Matemática têm mostrado que crianças de cinco anos já são capazes de conjecturar sobre o possível em situações que envolvem noções iniciais de probabilidade e análise combinatória. Diante disso, este estudo teve por objetivo investigar a concepção do possível em crianças no âmbito do conhecimento matemático e não-matemático. Participaram deste estudo 180 crianças de ambos os sexos, alunas de duas escolas particulares da cidade de Recife, igualmente divididas em seis grupos de participantes em função da escolaridade, que variava do Infantil III ao 5º ano. Cada participante respondeu a um conjunto de 36 perguntas acerca de ocorrência de três tipos de situações: possíveis, impossíveis e certas de acontecer – tanto no domínio de conhecimento matemático como não-matemático. Especificamente no domínio da matemática, as questões eram referentes a probabilidade e análise combinatória. Os dados foram analisados em função do desempenho (acertos) e das justificativas dadas pelas crianças. Os resultados mostraram que aos cinco anos as crianças já são capazes de pensar sobre a possibilidade (ou não) de ocorrência de situações hipotéticas a elas apresentadas. Essa concepção de possível se desenvolve ao longo do tempo, de modo que as crianças mais velhas não só apresentam um melhor desempenho como também se tornam mais capazes de justificar suas respostas de maneira fundamentada. Os dados mostraram também que com exceção das crianças do Infantil III (que evidenciam um desempenho superior nas perguntas de conhecimento não-matemático), não houve diferença significativa de desempenho entre as perguntas de conhecimento matemático e não-matemático. Tal fato sugere que desde muito cedo as crianças já se mostram aptas a conjecturar sobre o possível em diferentes contextos. No que se refere aos tipos de questões (possibilidade, impossibilidade e certeza), constatou-se que as perguntas do tipo possibilidade foram mais facilmente respondidas no âmbito do conhecimento matemático do que no âmbito do conhecimento não-matemático. Já as perguntas do tipo impossibilidade mostraram-se mais fáceis no conhecimento não-matemático. Nas questões do tipo certeza o desempenho das crianças foi semelhante nesses dois domínios de conhecimento. O fato das crianças apresentarem facilidade em pensar sobre as possibilidades no âmbito do conhecimento matemático abre caminhos para aprofundar a abordagem dos conteúdos de probabilidade e análise combinatória no contexto escolar. Se crianças a partir do 3º ano do Ensino Fundamental já demonstram ter o entendimento de situações probabilistas, talvez seja o momento de aprofundar mais as noções de probabilidade trabalhadas em sala de aula. A partir do 3º ano as crianças apresentaram um desempenho significativamente melhor em probabilidade do que em combinatória, sugerindo a existência de um “freio” no desenvolvimento deste conceito, que é essencialmente escolar. Ao que parece, os conteúdos de análise combinatória ou não estão sendo trabalhados nas series iniciais, ou a maneira como se conduz esse trabalho não permite que as crianças se apropriem e desenvolvam o seu raciocínio acerca dos princípios da combinatória. / The thought of the possible (and consequently of the impossible, as well as “ertainty) is configured in the realm of abstract reasoning, being one of the aspects to characterize the cognitive development of a subject. That can be justified by the fact that conjectures about possibilities and outcomes, requires hypothetical-deductive skills that allow the subject to think about situations that are not an immediate reality. Despite the importance of the issue, there is a shortage, in the literature, of studies on the conception of possible. The study found dates back to 1985 and consists of a set of experiments conducted by Piaget and colleagues. According to their view, the notions about the possible begin to emerge when the individual is about seven or eight years old. However, recent studies in the field of Psychology of Mathematics Education have shown that children under five years old are already able to conjecture about the possible in situations involving basics of probability and combinatory analysis. This study aimed to investigate the designation of possible in children under the mathematical as well as non-mathematical knowledge. The study included 180 children of both sexes, two private school students in the city of Recife, equally divided into six groups of participants according to level of education, ranging from Childhood III to 5th Grade. Each participant answered a set of 36 questions about occurrence of three types of situations: possible, impossible and certain to happen - both in the mathematical and non-mathematical knowledge domains. Specifically in the mathematical domain, the questions concerned probability and combinatory analysis. Data were analyzed in terms of performance (right/wrong) and the justifications given by subjects. The results showed that at the age of five, children are capable of thinking about the possibility (or not) of the occurrence of hypothetical situations presented to them. This design can develop over time, in the sense that older children not only incur in a better performance including well fundamented justifications to their responses. The data also showed that with the exception of children from Childhood III (that show superior performance in non-mathematical knowledge questions), there was no significant difference in performance between the mathematical and non-mathematical knowledge questions. This suggests that at early stages in life, children already show the ability to conjecture about the possible in different contexts. With regard to the types of questions (possibility and impossibility and certainty), it was found that the questions of the type possibility were more easily answered in the context of the mathematical knowledge that under the non-mathematical knowledge. Nonetheless the questions of impossibility type proved to be better handled in the non-mathematical domain. In the certainty questions the children's performance was similar regarding both domains of knowledge. The fact that children presented their responses regarding possibility with ease within the mathematical knowledge paves the way to deepen the approach of combinatorial probability of content and analysis in the school context. If children from the 3rd year of elementary school have already demonstrated understanding of probabilistic situations, it may be time to deepen more the notions of probability explored in the classroom. Still in this context, children from the 3rd year on, the subjects had significantly better performance in probability than in combinatorial analysis, suggesting the existence of a brake on the development of this concept, which is essentially established by school. Apparently, the combinatorial contents are either not being developed in the early school years, or the way that this work is conducted does not allow children to take ownership and develop their own thinking about such principles.

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