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Produção de Soro Hiperimune para Potamotrygon motoro Müller & Henle, 1841 (Chondrichthyes – Potamotrygoninae): verificação da reação-cruzada frente às peçonhas de outras espécies de arraias e da neutralização das atividades edematogênica e miotóxica

Lameiras, Juliana Luiza Varjão, 92-98242-3066 27 March 2018 (has links)
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Consequently, the stingray moves tail abruptly and inserts the stinger on the victim, causing an extremely painful laceration, which usually leads to tissue necrosis. Accidents usually occur in distant and isolated places, usually without adequate medical care, so they are almost always not notified. There is no defined and effective therapy for these poisoning and health professionals not received adequate training to control this type of accident. The treatment is based on the use of analgesics, anti-inflammatories and antibiotics, as there is no specific antidote. Although medical procedures are able to control the clinical status of patients, the neutralization of toxins would be the ideal conduit to prevent the induction of signs and symptoms of poisoning by freshwater stingrays. In order to obtain an immunobiological able to neutralize the main effects induced by the poison, the present study aimed to analyze the neutralization, by hyperimmune sera, of the edematogenic and myotoxic activities induced by the poison of Potamotrygon motoro. Serums were obtained in Balb/c mice by means of intradermal immunization using either the dorsal extract or stinger extract of P. motoro adsorbed on aluminum hydroxide adjuvant. By Dot-ELISA and Western Blot analysis, it was possible to verify that the dorsal extract was as immunogenic as the stinger extract, inducing high titers of antibodies, which reacted with homologous (of the same species) and heterologous antigens (dorsum and stinger extracts from the species Paratrygon aiereba, Plesiotrygon iwamae, Potamotrygon orbignyi and Potamotrygon schroederi, all of freshwater), indicating that both types of extracts could be used in the production of antivenom to treat victims of poisoning by freshwater stingrays. From there, the power of the hyperimmune sera was verified in neutralizing, in vivo, the edematogenic and myotoxic activities induced by the stinger extract of P. motoro through two protocols: serum neutralization and vaccination. The first consisted of injecting the venom into the gastrocnemius muscle of Balb/c mice, and then administering either the antidorsal serum or the antistinger serum via ophthalmic venous plexus. The second one consisted in immunizing the mice with the dorsal or stinger extract adsorbed on aluminum hydroxide and challenging them with the venom of the stinger intramuscularly. The gastrocnemius were removed for histopathological and stereological analysis and blood was collected via the ophthalmic venous plexus for cytokine, CRP and CK dosing. Antidorsal and antistinger sera did not neutralize the edematogenic activity, but the serum neutralization and vaccination protocols partially neutralized the tissue damage induced by the stinger venom. Systemic rhabdomyolysis was only neutralized 100% in the animals vaccinated with the stinger extract. Cytokine analysis indicated that the serum neutralization protocol induced the release of cytokines from the Th1, Th2, Th17 and Treg profiles, while the vaccination protocol induced a Th1 response. The results indicate that the dorsal extract can be used as an alternative to the stinger extract (or together) in the production of immunobiologicals in treatments for freshwater poisoning. / Arraias pertencentes à subfamília Potamotrygoninae são peixes cartilaginosos que ocorrem nas bacias hidrográficas da América do Sul. Esses animais são providos de ferrões na base da cauda, próprios para a sua defesa. O ferrão é coberto por uma bainha tegumentar contendo glândulas mucosas e de veneno. As vítimas costumam sofrer envenenamentos por arraias geralmente quando pisam no dorso do animal, escondido sob a areia, na beira da praia. Por consequência, a arraia movimenta a cauda abruptamente e introduz o ferrão no indivíduo, causando uma laceração extremamente dolorida, que geralmente leva à necrose do tecido. Os acidentes costumam ocorrer em lugares distantes, isolados, geralmente sem atendimento médico adequado e, portanto, quase sempre não são notificados. Não há uma terapia definida e eficaz para os envenenamentos por arraias e os profissionais de saúde geralmente não recebem treinamento adequado para cuidar deste tipo de acidente. O tratamento é baseado no uso de analgésicos, anti-inflamatórios e antibióticos, pois ainda não existe antídoto específico. Embora os procedimentos médicos sejam capazes de controlar o quadro clínico dos pacientes, a neutralização das toxinas seria a conduta ideal para impedir a indução dos sinais e sintomas apresentados nos envenenamentos por arraias de água doce. No intuito de obter um imunobiológico capaz de neutralizar as principais atividades apresentadas pelas vítimas, o presente estudo teve por objetivo analisar a neutralização, por soros hiperimunes, das atividades edematogênica e miotóxica induzidas pela peçonha da arraia Potamotrygon motoro. Os soros foram obtidos em camundongos Balb/c por meio de imunização intradérmica usando-se ou o extrato do dorso ou do ferrão de P. motoro adsorvidos em adjuvante hidróxido de alumínio. Por análise de Dot-ELISA e Western Blot, foi possível verificar que o extrato do dorso foi tão imunogênico quanto o extrato do ferrão, induzindo a altos títulos de anticorpos, que reagiram com antígenos homólogos (da mesma espécie) e heterólogos (extrato do dorso ou do ferrão das espécies Paratrygon aiereba, Plesiotrygon iwamae, Potamotrygon orbignyi e Potamotrygon schroederi, todas de água doce), indicando que ambos os tipos de extrato poderiam ser usados na produção de antiveneno para tratar vítimas de envenenamento por arraias de água doce. A partir daí, foi verificado o poder dos soros hiperimunes em neutralizar, in vivo, as atividades edematogênica e miotóxica induzidas pelo extrato do ferrão de P. motoro por meio de dois protocolos: soroneutralização e vacinação. O primeiro consistiu em injetar a peçonha no músculo gastrocnêmio de camundongos Balb/c, e, em seguida, ministrar ou o soro antidorso ou o soro antiferrão via plexo venoso oftálmico. Já, o segundo consistiu em imunizar os camundongos com o extrato do dorso ou do ferrão adsorvidos em hidróxido de alumínio e desafiá-los com a peçonha do ferrão via intramuscular. Os gastrocnêmios foram removidos para análise histopatológica e esterológica e o sangue, coletado via plexo venoso oftálmico para dosagem de citocinas, PCR e CK. Os soros antidorso e antiferrão não neutralizaram a atividade edematogênica, mas os protocolos de soroneutralização e vacinação neutralizaram parcialmente o dano tecidual induzido pela peçonha do ferrão. A rabdomiólise sistêmica só foi neutralizada 100% nos animais vacinados com o extrato do ferrão. A análise das citocinas indicou que o protocolo de soroneutralização induziu a liberação de citocinas dos perfis Th1, Th2, Th17 e Treg, enquanto o protocolo de vacinação induziu à uma resposta Th1. Os resultados indicam que o extrato do dorso pode ser usado como alternativa ao extrato do ferrão (ou em conjunto) na produção de imunobiológicos nos tratamentos por envenenamentos de arraias de água doce.

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