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Entre a rodoviária e a prisão sem muros: sentidos e práticas sobre violência para profissionais de uma rede assistencial

ALVES, R. B. 25 August 2016 (has links)
Made available in DSpace on 2018-08-01T23:42:16Z (GMT). No. of bitstreams: 1 tese_6755_texto completo da tese com folha de defesa.pdf: 4271896 bytes, checksum: a040ad047d36049cdb63f71209160c4f (MD5) Previous issue date: 2016-08-25 / A violência é hoje um importante problema social, com repercussões para a saúde e o desenvolvimento humano, convertendo-se numa das principais preocupações de governos e órgãos internacionais. Sendo cada vez mais reconhecida em suas múltiplas dimensões, observa-se sua inclusão na agenda de diferentes setores das políticas públicas no Brasil, acarretando a criação ou reorganização de serviços, e trazendo desafios consideráveis para a oferta de ações. Dentre os desafios, a forma como as políticas são apropriadas pelos atores sociais é questão central. Por isso a compreensão sobre a maneira pela qual os profissionais se apropriam das políticas e produzem conhecimentos e práticas acerca do objeto de intervenção, bem como sobre o seu contexto de produção, é ferramenta importante para a problematização e o avanço das ações de enfrentamento da violência. Visando contribuir para tal reflexão, o estudo objetivou investigar representações sociais e práticas sobre a violência produzidas por profissionais atuantes em uma rede assistencial. A coleta de dados foi feita em quatro serviços públicos de um território municipal, sendo um da saúde e três da assistência social, por meio de quatro entrevistas individuais, quatro grupos focais, análise de um documento e observação participante em um dos serviços pesquisados. Foi feita a Análise de Conteúdo Temática dos quatro conjuntos de dados. Para os grupos focais e o documento empregou-se também a Análise Lexical com a utilização dos softwares Iramuteq e Alceste. Os resultados revelaram a heterogeneidade de elementos do campo representacional da violência compartilhado pelos profissionais. Os aspectos mais ressaltados remetem a uma imagem central da violência como fenômeno complexo e enraizado, de natureza social e relacional, onde a noção de complexo indica simultaneamente seu caráter multideterminado e seu difícil manejo. Estas representações são produzidas a partir de conhecimentos provenientes do saber técnico-científico e da experiência vivenciada no contexto de trabalho, que é permeada por uma série de dificuldades, tendo como importantes ancoragens: as políticas públicas e seus respectivos paradigmas de suporte, a experiência vivida no contexto imediato, e as representações sobre comunidade (e o tráfico de drogas nela presente), adolescentes e famílias. Foram identificadas diferenças entre as áreas da saúde e da assistência social quanto à forma como os profissionais apreendem a violência. A percepção quanto ao papel do serviço em relação à violência é a diferença mais importante. A saúde, ao apreender a violência com base no paradigma biomédico, não a toma como seu objeto de intervenção, mas apenas como questão social. Outra constatação verificada é que os profissionais de ambas as áreas não se julgam inteiramente capazes para intervir, e que esta crença relaciona-se às dificuldades enfrentadas no cotidiano de trabalho. Tais dificuldades contribuem para formar uma imagem fatalista da violência, como algo irreversível, e produzem práticas que se distanciam da integralidade, da intersetorialidade e da promoção. Pôde-se discriminar a relação de mútua determinação entre as representações sociais sobre a violência e as práticas, e o papel fundamental desempenhado pelo contexto de trabalho permeado por fortes constrangimentos na produção de representações e práticas. As representações cumprem funções justificadoras e orientadoras das práticas que, ao serem reproduzidas, transformam as representações.

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