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A experiência como fonte de normas: o trabalho de professores da EJA com alunos surdos / La experiencia como fuente de normas: el trabajo de profesores de la EJA con alumnos sordosRoberta Fraga de Mello 26 April 2013 (has links)
A leitura dos documentos oficiais que orientam a educação especial em nosso país Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Plano Nacional de Educacão e Diretrizes para a Educação Especial na Educação Básica- aponta que o atendimento educacional daqueles que possuem necessidades educacionais especiais deve ser realizado, preferencialmente, na rede regular de ensino, tendo como norte os pressupostos da Inclusão, política pública dentro da qual é a escola que deve se adaptar ao aluno e não contrário. Levando em conta esse contexto educacional brasileiro, acrescido do déficit de pesquisas relacionadas à educação escolar de discentes Surdos, em uma perspectiva inclusiva e bilíngue, e de prescrições que orientem o trabalho do professor junto a esse tipo de alunato, o presente trabalho objetiva compreender o que o professor constrói, compartilha, como norma quando há um déficit de prescrições relacionadas à sua tarefa de trabalho. De maneira a alcançar tal objetivo, adotou-se, como dispositivo metodológico, a Instrução ao Sósia, procedimento de coleta de dados que objetiva fazer com que o trabalhador fale sobre experiência de trabalho, sobre aquilo que realmente faz, e não sobre o que deveria fazer, reportando-se, por exemplo, às prescrições (ODONE, 1982; VIEIRA, 2004). Para fundamentação teórica e análise do corpus, partimos, em primeiro lugar, de uma visão discursiva de linguagem, como propõem os estudos foucaultianos (2008); de Giacomoni & Vargas (2010); Narzeti (2010); Maingueneau (2005); Daher (2009). Consideramos, também, a forma como o sujeito institui-se no texto, recorrendo às contribuições teóricas de Koch (1993), Foucault (2008), Ribeiro (2006), Maingueneau (2005) e Koch & Vilela (2001), sobre modalidades discursivas. Em segundo lugar, adota-se uma concepção de trabalho em que ele não é considerado simples execução de tarefas, mas, um processo de (re)construção de normas, em que o trabalhador é convocado a agir, fazendo usos de si, como pressupõe o enfoque ergológico do trabalho (CLOT, 2006; SCHWARTZ, 2002, 2004, 2011; SANTANNA & SOUZA-E-SILVA, 2007; TRINQUET, 2010; TELLES & ALVAREZ, 2004; CUNHA, 2010). Dentro dessa concepção de trabalho, discute-se também, baseados em Mandarino (2006), Tardif (2002), Dias (2008) e Daniellou (2002), sobre o papel do professor e sua atuação, enquanto trabalhador, para a atuação de normas ascendentes. Por último, estabelece-se, a partir dos estudos de Nouroudine (2002), uma relação entre o fazer e o falar sobre o trabalho, ou seja, entre linguagem e trabalho, permitindo ao professor a utilização de recursos linguísticos para abordar o que (não) faz no seu trabalho. Os resultados da análise apontam uma relação entre linguagem e experiência de trabalho e mostram a dificuldade de construção de um coletivo de trabalho / La lectura de los documentos oficiales que orientan la educación especial en nuestro país Ley de Directrices y Bases de la Educación Nacional, Plan Nacional de Educación y Directrices para la Educación Especial en la Educación Básica- apunta que el atendimiento educacional de aquellos que tienen necesidades educacionales especiales debe ser realizado, preferencialmente, en la rede regular de enseñanza, teniendo como norte los presupuestos de la Inclusión, política pública dentro de la cual es la escuela que debe adaptarse al alumno y no lo opuesto. Asumiendo ese contexto educacional brasileiro, sumado al déficit de investigaciones relacionadas a la educación escolar de discentes Sordos, en una perspectiva inclusiva y bilingue, y de prescripciones que orientan el trabajo del profesor junto a ese tipo de alunato, el presente trabajo objetiva comprender lo que el profesor construye, compartilla, como norma cuando hay un déficit de prescripciones relacionadas a su tarea de trabajo. De manera a lograr tal objetivo, se adoptó, como dispositivo metodológico, la Instrucción al Sosia, procedimiento de colecta de dados que objetiva hacer con que el trabajador hable sobre su experiencia de trabajo, sobre aquello que realmente hace, y no sobre lo que debería hacer, reportándose, por ejemplo, a las prescripciones (ODONE, 1982; VIEIRA, 2004). Para fundamentación teórica y análisis del corpus, partimos, en primero lugar, de una visión discursiva de lenguaje, como proponen los estudios foucaultianos (2008); de Giacomoni & Vargas (2010); Narzeti (2010); Maingueneau (2005); Daher (2009). Consideramos, también, la forma como el sujeto se instituye en el texto, recorriendo a las contribuciones teóricas de Koch (1993), Foucault (2008), Ribeiro (2006), Maingueneau (2005) y Koch & Vilela (2001), sobre modalidades discursivas. En segundo lugar, se adopta una concepción de trabajo en que él no es considerado realización sencilla de tareas, pero, un proceso de (re)construcción de normas, en el que el trabajador es convocado a agir , haciendo usos de si, como presupone el enfoque ergológico del trabajo (CLOT, 2006; SCHWARTZ, 2002, 2004, 2011; SANTANNA & SOUZA-E-SILVA, 2007; TRINQUET, 2010; TELLES & ALVAREZ, 2004; CUNHA, 2010). Dentro de esa concepción de trabajo, se discute también, basados en Mandarino (2006), Tardif (2002), Dias (2008) y Daniellou (2002), sobre el papel del profesor y su atuacción, mientras trabajador, para el estabelecimiento de normas ascendentes. Por último, se establece, a partir de los estudios de Nouroudine (2002), una relación entre el hacer y el hablar sobre el trabajo, o sea, entre lenguaje y trabajo, permitiendo al profesor la utilización de recursos linguísticos para abordar lo que (no) hace en su trabajo. Los resultados del análisis apuntan una relación entre lenguaje y experiencia de trabajo y muestran la dificultad de construcción de un colectivo de trabajo
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Experiências culturais de alunos surdos em contextos socioeducacionais: o que é revelado?Bastos, Edinalma Rosa Oliveira 06 May 2013 (has links)
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - tese totalmente corrigida com abstract.pdf: 1751722 bytes, checksum: 35ceb35a83190ffd01cba67ab6838727 (MD5) / Nesta tese, busquei entender como ocorre a construção social de experiências culturais, por alunos surdos que atuam em favor da chamada cultura surda. O termo experiências culturais reflete a visão da pesquisadora, foi utilizado para problematizar a expressão cultura surda e mostrar aspectos que ganham significado pelos alunos, no âmbito da cultura. Os construtos desta tese estão apoiados na concepção semiótica de cultura apresentada por Geertz (2008), sendo vista como um ato criativo, uma teia de significados, tecida rotineiramente. Entrecruzei essa concepção com os estudos pós-coloniais (BHABHA, 2007; HALL, 2003, 2006) para sublinhar a força dos hibridismos presentes nos arranjos culturais, na contemporaneidade, interpretando, assim, que as pessoas surdas elaboram as suas construções pela perspectiva da tradução cultural. A essas asserções foram adicionadas reflexões sobre a surdez, sobre o tempo atual, que impõe novas formas nas relações com o outro e discussões alusivas às concepções de cultura (ADAM KUPER, 2002; COELHO, 2008; EAGLETON, 2008). Em relação aos caminhos metodológicos, a pesquisa seguiu o estudo de caso etnográfico. Foi utilizada a observação participante acompanhada da técnica do grupo focal que ajudou a compilar as informações, no processo de coleta dos dados. O campo de pesquisa foi um espaço de Atendimento Educacional Especializado, do qual foram selecionados treze (13) alunos surdos. Os dados foram analisados com base na técnica da análise de conteúdo (BARDIN, 2009) e mostraram que esses alunos organizavam-se em grupo, com o propósito de se autorizarem como grupo cultural. Nesse processo, absolutizavam o uso da língua de sinais e supervalorizavam as experiências do olhar , iniciativas transformadas em estratégias de legitimação das experiências que eles inseriam no campo da cultura. Também engendravam um processo de territorialização de um contexto socioeducacional, transformando-o em um espaço de atuação política e identitária. As evidências também mostraram que todo o processo, apesar de trazer conquistas no campo socioeducaional, autonomia e reconhecimento para os alunos, repercutia negativamente na relação entre os pares, porque os alunos reproduziam, entre si, atitudes colonialistas, vistas no contexto histórico, em relação à surdez e das quais buscavam se libertar. Nessa direção, percebiam-se colonizados pelo ouvinte e ressentidos diante dos acontecimentos históricos em relação à surdez, direcionando, por vezes, a esse segmento atitudes de revide. Os resultados apontaram, ainda, para a prevalência de uma atuação cultural inserida em uma dimensão essencialista e rígida de cultura. A relevância da pesquisa reside no fato de problematizar essa visão e destacar as experiências culturais como construtos sociais, povoados por hibridismos, compreensão vinculada à ideia de que a escola não pode eximir-se de problematizar repertórios culturais pré-fixados, sob pena de tornar opaco o movimento do cotidiano cultural das pessoas surdas. / RESUMEN
En esta tesis busqué comprender cómo ocurre la construcción social de experiencias
culturales por alumnos sordos, que actúan en favor de la llamada cultura sorda. Adopté el
primer término, “experiencias culturales”, para problematizar la expresión “cultura sorda” y
presentar aspectos que son (re)significados por los alumnos en el ámbito de la cultura. Las
construcciones de la tesis están basados en la concepción semiótica de cultura presentada por
Geertz (2008), cultura esta que es vista como un acto creativo, una red de significados, tejida
rutinariamente. Entrelacé esa concepción con los estudios pos-coloniales (BHABHA, 2007;
HALL, 2003, 2006), para subrayarla fuerza de los hibridismos presentes en los arreglos
culturales en la misma época, interpretando, de esta manera, que la gente sordas elaboran sus
construcciones por la perspectiva de la traducción cultural. A esas aserciones fueron añadidas
reflexiones respecto a la sordez, respecto el tiempo actual, que impone nuevas formas en las
relaciones con “el otro” y discusiones alusivas a las concepciones de cultura (ADAM
KUPER, 2002; COELHO, 2008; EAGLETON, 2005). En relación a los caminos
metodológicos, la investigación siguió el estudio de caso etnográfico. En ese contexto, fue
utilizada la observación participante, acompañada de la técnica del grupo focal, lo que ayudó
a compilar las informaciones en el proceso de coleta de los datos. El campo de investigación
fue un espacio de Atención Educacional Especializado - AEE - de donde fueron seleccionados
trece (13) alumnos sordos. Los datos fueron analizados con base en la técnica del análisis de
contenido (BARDIN, 2009) y evidenciaron que esos alumnos se organizaban en equipos, con
el propósito de autorizarse como grupo cultural. En ese proceso, convertían en absoluto el uso
de la lengua de señas y supervaloraban las “experiencias del mirar”, iniciativas transformadas
en estrategias de legitimación de las experiencias que eran inseridas en el campo de la cultura.
También engendraban un proceso de determinación de territorio en un contexto socio
educacional, convirtiéndolo en un espacio de actuación política y de identidad. Las evidencias
también mostraron que todo el proceso de actuación, a pesar de traer conquistas en el campo
de la educación, como ejemplo la autonomía y reconocimiento para los alumnos, repercutía
negativamente en la relación de esos con sus parejas y también con la gente oyente, porque
los alumnos reproducen, entre ellos, actitudes colonialistas, históricamente construidas, de las
cuales buscaban liberarse. En esa dirección, al tempo en que se juzgaban colonizados por los
oyentes y resentidos en relación a estas personas, dirigiéndoles, a veces, actitudes de
represalias, refutaban a los pares sordos que no comulgaban con las ideologías del grupo. Los
resultados señalaron todavía la predominancia de una actuación cultural inserida en una
dimensión esencialista y rígida de cultura. La importancia de la investigación está en el hecho
de poner en evidencia esa visión, invitando a pensar en “experiencias culturales” como
construcciones sociales, poblados por hibridismos. En ese sentido, el estudio valora la
“intertransculturalidad” (PADILHA, 2004), ligada a la idea de que grupos distintos en
convivio se mesclan, hibridándose y transformándose por procesos de traducción cultural. Ese
pensamiento también quiere mostrar que la escuela no puede liberarse de problematizar
repertorios culturales pre-fijados, bajo la pena de convertir en opaco el movimiento del
cotidiano cultural de la gente sordas. / ABSTRACT
In this thesis, I sought to understand how occurs the social construction of cultural
experiences for deaf students who work on behalf of the called deaf culture. I adopted the
term "cultural experiences" in order to problematize the expression "deaf culture" and to show
aspects that gain meaning by the students in the scope of the culture. The constructs of this
thesis are supported by the semiotic conception of culture presented by Geertz (2008), which
is seen as a creative act, a net of meanings routinely woven. This conception was crossed
with the postcolonial studies (BHABHA, 2007; HALL, 2003, 2006) to emphasize the strength
of the hybridisms that are present in the cultural arrangements in contemporaneity, making us
interpret that deaf people elaborate their cultural repertoires by the perspective of cultural
translation. To these assertions were added thoughts about deafness, about the current time,
that imposes new forms in the relations with "the other", and discussions related to culture
conceptions (ADAM KUPER, 2002; COELHO, 2008;EAGLETON, 2005). Regarding the
methodology applied, the research followed the ethnographic case study. Participant
observation was used together with the focal group technique that helped to compile the
information in the data collection process. The research field was a space designed for
Specialized Education Service, from where were selected thirteen (13) deaf students. The data
was analyzed applying the technique of content analysis (BARDIN, 2009) and showed that
these students were organized in groups in order to authorize themselves as cultural group. In
this process, they made absolute the use of sign language and overvalued the "look
experiences". These initiatives were transformed into strategies of legitimation of the
experiences that they inserted in the field of culture. It also engendered a process of
territorialization of a socio-educational context, transforming it into a space of political and
identitary action. The evidences also showed that the whole process, despite bringing
achievements in the socio-educational field, autonomy and recognition for students, resonated
negatively in the relation among deaf students and with hearing people because students
reproduced colonialist attitudes among themselves, historically constructed, that they sought
to be free. In this direction, at the same time they called themselves "colonized" by the
listeners and resentful in relation to them, what directed, sometimes, to attitudes of retaliation,
they refuted the deaf students that do not share the group ideology. The results also pointed to
the prevalence of a cultural performance inserted into an essentialist and rigid dimension of
culture. The relevance of the research lies on the problematization of this view, highlighting
the "cultural experiences" as social constructs populated by hybridisms. In this sense, the
study appreciates the "intertransculturalidade" (PADILHA, 2004), which is linked to the idea
that different groups living together are mingled, becoming hybrid and changing due to
cultural translation processes. This idea also intends to show that the school can not refrain
from questioning pre-established cultural repertoires, in order to avoid becoming opaque the
movement of cultural daily life of deaf people.
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Experiências culturais de alunos surdos em contextos socioeducacionais: o que é revelado?Bastos, Edinalma Rosa Oliveira 13 May 2013 (has links)
Submitted by Edinalma Bastos (nalmarosa@bol.com.br) on 2015-11-09T17:50:49Z
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - tese .pdf: 1647090 bytes, checksum: 3bc65759eb0154c9ae563e4cb945444b (MD5) / Nesta tese procurei entender como ocorre a construção social de experiências culturais por alunos surdos, que atuam em favor da chamada cultura surda. Adotei o primeiro termo, “experiências culturais”, para problematizar a expressão “cultura surda” e mostrar aspectos que são (re)significados pelos alunos no âmbito da cultura. Os construtos desta tese estão apoiados na concepção semiótica de cultura apresentada por Geertz (2008), sendo a cultura vista como um ato criativo, uma teia de significados, tecida rotineiramente. Entrecruzei essa concepção com os estudos pós-coloniais (BHABHA, 2007; HALL, 2003, 2006), para sublinhar a força dos hibridismos presentes nos arranjos culturais na contemporaneidade, interpretando, assim, que as pessoas surdas elaboram as suas construções pela perspectiva da tradução cultural. A essas asserções foram adicionadas reflexões sobre a surdez, sobre o tempo atual, que impõe novas formas nas relações com “o outro” e discussões alusivas às concepções de cultura (ADAM KUPER, 2002; COELHO, 2008; EAGLETON, 2005). Em relação aos caminhos metodológicos, a pesquisa seguiu o estudo de caso etnográfico. Nesse contexto, foi utilizada a observação participante acompanhada da técnica do grupo focal, o que ajudou a compilar as informações no processo de coleta dos dados. O campo de pesquisa foi um espaço de Atendimento Educacional Especializado - AEE - de onde foram selecionados treze (13) alunos surdos. Os dados foram analisados com base na técnica da análise de conteúdo (BARDIN, 2009) e mostraram que esses alunos organizavam-se em grupo, com o propósito de se autorizarem como grupo cultural. Nesse processo, absolutizavam o uso da língua de sinais e supervalorizavam as “experiências do olhar”, iniciativas transformadas em estratégias de legitimação das experiências que inseriam no campo da cultura. Também engendravam um processo de territorialização em um contexto socioeducacional, transformando-o em um espaço de atuação política e identitária. As evidências também mostraram que todo o processo de atuação, apesar de trazer conquistas no campo da educação, a exemplo de autonomia e reconhecimento para os alunos, repercutia negativamente na relação desses com os seus pares e também com as pessoas ouvintes, porque os alunos reproduziam, entre si, atitudes colonialistas, historicamente construídas, das quais buscavam se libertar. Nessa direção, ao tempo em que se diziam colonizados pelos ouvintes e ressentidos em relação a estas pessoas, direcionando-lhes, por vezes, atitudes de revide, refutavam os pares surdos que não comungavam com as ideologias do grupo. Os resultados apontaram ainda a prevalência de uma atuação cultural inserida em uma dimensão essencialista e rígida de cultura. A relevância da pesquisa reside no fato de trazer à tona essa visão, convidando a se pensar em “experiências culturais” como construtos sociais, povoados por hibridismos. Nesse sentido, o estudo valoriza a “intertransculturalidade” (PADILHA, 2004), vinculada à ideia de que grupos diferentes em convivência mesclam-se, hibridizando-se e se transformando por processos de tradução cultural. Esse pensamento também pretende mostrar que a escola não pode eximir-se de problematizar repertórios culturais pré-fixados, sob pena de tornar opaco o movimento do cotidiano cultural das pessoas surdas. / ABSTRACT In this thesis, I sought to understand how occurs the social construction of cultural experiences for deaf students who work on behalf of the called deaf culture. I adopted the term "cultural experiences" in order to problematize the expression "deaf culture" and to show aspects that gain meaning by the students in the scope of the culture. The constructs of this thesis are supported by the semiotic conception of culture presented by Geertz (2008), which is seen as a creative act, a net of meanings routinely woven. This conception was crossed with the postcolonial studies (BHABHA, 2007; HALL, 2003, 2006) to emphasize the strength of the hybridisms that are present in the cultural arrangements in contemporaneity, making us interpret that deaf people elaborate their cultural repertoires by the perspective of cultural translation. To these assertions were added thoughts about deafness, about the current time, that imposes new forms in the relations with "the other", and discussions related to culture conceptions (ADAM KUPER, 2002; COELHO, 2008;EAGLETON, 2005). Regarding the methodology applied, the research followed the ethnographic case study. Participant observation was used together with the focal group technique that helped to compile the information in the data collection process. The research field was a space designed for Specialized Education Service, from where were selected thirteen (13) deaf students. The data was analyzed applying the technique of content analysis (BARDIN, 2009) and showed that these students were organized in groups in order to authorize themselves as cultural group. In this process, they made absolute the use of sign language and overvalued the "look experiences". These initiatives were transformed into strategies of legitimation of the experiences that they inserted in the field of culture. It also engendered a process of territorialization of a socio-educational context, transforming it into a space of political and identitary action. The evidences also showed that the whole process, despite bringing achievements in the socio-educational field, autonomy and recognition for students, resonated negatively in the relation among deaf students and with hearing people because students reproduced colonialist attitudes among themselves, historically constructed, that they sought to be free. In this direction, at the same time they called themselves "colonized" by the listeners and resentful in relation to them, what directed, sometimes, to attitudes of retaliation, they refuted the deaf students that do not share the group ideology. The results also pointed to the prevalence of a cultural performance inserted into an essentialist and rigid dimension of culture. The relevance of the research lies on the problematization of this view, highlighting the "cultural experiences" as social constructs populated by hybridisms. In this sense, the study appreciates the "intertransculturalidade" (PADILHA, 2004), which is linked to the idea that different groups living together are mingled, becoming hybrid and changing due to cultural translation processes. This idea also intends to show that the school can not refrain from questioning pre-established cultural repertoires, in order to avoid becoming opaque the movement of cultural daily life of deaf people.
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A experiência como fonte de normas: o trabalho de professores da EJA com alunos surdos / La experiencia como fuente de normas: el trabajo de profesores de la EJA con alumnos sordosRoberta Fraga de Mello 26 April 2013 (has links)
A leitura dos documentos oficiais que orientam a educação especial em nosso país Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Plano Nacional de Educacão e Diretrizes para a Educação Especial na Educação Básica- aponta que o atendimento educacional daqueles que possuem necessidades educacionais especiais deve ser realizado, preferencialmente, na rede regular de ensino, tendo como norte os pressupostos da Inclusão, política pública dentro da qual é a escola que deve se adaptar ao aluno e não contrário. Levando em conta esse contexto educacional brasileiro, acrescido do déficit de pesquisas relacionadas à educação escolar de discentes Surdos, em uma perspectiva inclusiva e bilíngue, e de prescrições que orientem o trabalho do professor junto a esse tipo de alunato, o presente trabalho objetiva compreender o que o professor constrói, compartilha, como norma quando há um déficit de prescrições relacionadas à sua tarefa de trabalho. De maneira a alcançar tal objetivo, adotou-se, como dispositivo metodológico, a Instrução ao Sósia, procedimento de coleta de dados que objetiva fazer com que o trabalhador fale sobre experiência de trabalho, sobre aquilo que realmente faz, e não sobre o que deveria fazer, reportando-se, por exemplo, às prescrições (ODONE, 1982; VIEIRA, 2004). Para fundamentação teórica e análise do corpus, partimos, em primeiro lugar, de uma visão discursiva de linguagem, como propõem os estudos foucaultianos (2008); de Giacomoni & Vargas (2010); Narzeti (2010); Maingueneau (2005); Daher (2009). Consideramos, também, a forma como o sujeito institui-se no texto, recorrendo às contribuições teóricas de Koch (1993), Foucault (2008), Ribeiro (2006), Maingueneau (2005) e Koch & Vilela (2001), sobre modalidades discursivas. Em segundo lugar, adota-se uma concepção de trabalho em que ele não é considerado simples execução de tarefas, mas, um processo de (re)construção de normas, em que o trabalhador é convocado a agir, fazendo usos de si, como pressupõe o enfoque ergológico do trabalho (CLOT, 2006; SCHWARTZ, 2002, 2004, 2011; SANTANNA & SOUZA-E-SILVA, 2007; TRINQUET, 2010; TELLES & ALVAREZ, 2004; CUNHA, 2010). Dentro dessa concepção de trabalho, discute-se também, baseados em Mandarino (2006), Tardif (2002), Dias (2008) e Daniellou (2002), sobre o papel do professor e sua atuação, enquanto trabalhador, para a atuação de normas ascendentes. Por último, estabelece-se, a partir dos estudos de Nouroudine (2002), uma relação entre o fazer e o falar sobre o trabalho, ou seja, entre linguagem e trabalho, permitindo ao professor a utilização de recursos linguísticos para abordar o que (não) faz no seu trabalho. Os resultados da análise apontam uma relação entre linguagem e experiência de trabalho e mostram a dificuldade de construção de um coletivo de trabalho / La lectura de los documentos oficiales que orientan la educación especial en nuestro país Ley de Directrices y Bases de la Educación Nacional, Plan Nacional de Educación y Directrices para la Educación Especial en la Educación Básica- apunta que el atendimiento educacional de aquellos que tienen necesidades educacionales especiales debe ser realizado, preferencialmente, en la rede regular de enseñanza, teniendo como norte los presupuestos de la Inclusión, política pública dentro de la cual es la escuela que debe adaptarse al alumno y no lo opuesto. Asumiendo ese contexto educacional brasileiro, sumado al déficit de investigaciones relacionadas a la educación escolar de discentes Sordos, en una perspectiva inclusiva y bilingue, y de prescripciones que orientan el trabajo del profesor junto a ese tipo de alunato, el presente trabajo objetiva comprender lo que el profesor construye, compartilla, como norma cuando hay un déficit de prescripciones relacionadas a su tarea de trabajo. De manera a lograr tal objetivo, se adoptó, como dispositivo metodológico, la Instrucción al Sosia, procedimiento de colecta de dados que objetiva hacer con que el trabajador hable sobre su experiencia de trabajo, sobre aquello que realmente hace, y no sobre lo que debería hacer, reportándose, por ejemplo, a las prescripciones (ODONE, 1982; VIEIRA, 2004). Para fundamentación teórica y análisis del corpus, partimos, en primero lugar, de una visión discursiva de lenguaje, como proponen los estudios foucaultianos (2008); de Giacomoni & Vargas (2010); Narzeti (2010); Maingueneau (2005); Daher (2009). Consideramos, también, la forma como el sujeto se instituye en el texto, recorriendo a las contribuciones teóricas de Koch (1993), Foucault (2008), Ribeiro (2006), Maingueneau (2005) y Koch & Vilela (2001), sobre modalidades discursivas. En segundo lugar, se adopta una concepción de trabajo en que él no es considerado realización sencilla de tareas, pero, un proceso de (re)construcción de normas, en el que el trabajador es convocado a agir , haciendo usos de si, como presupone el enfoque ergológico del trabajo (CLOT, 2006; SCHWARTZ, 2002, 2004, 2011; SANTANNA & SOUZA-E-SILVA, 2007; TRINQUET, 2010; TELLES & ALVAREZ, 2004; CUNHA, 2010). Dentro de esa concepción de trabajo, se discute también, basados en Mandarino (2006), Tardif (2002), Dias (2008) y Daniellou (2002), sobre el papel del profesor y su atuacción, mientras trabajador, para el estabelecimiento de normas ascendentes. Por último, se establece, a partir de los estudios de Nouroudine (2002), una relación entre el hacer y el hablar sobre el trabajo, o sea, entre lenguaje y trabajo, permitiendo al profesor la utilización de recursos linguísticos para abordar lo que (no) hace en su trabajo. Los resultados del análisis apuntan una relación entre lenguaje y experiencia de trabajo y muestran la dificultad de construcción de un colectivo de trabajo
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