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Diversidade de toxodontes pleistocênicos (Notoungulata, Toxodontidae): uma nova visão / Toxodont (Notoungulata, Toxodontidae) diversity in the Pleistocene: a new viewpoint

Santos, Ricardo Mendonça Neves dos 31 July 2012 (has links)
Desde o século XIX a diversidade taxonômica e os hábitos dos representantes do gênero Toxodon sempre geraram muitas discordâncias. Cerca de 30 espécies nominais foram atribuídas ao gênero, muitas delas com base apenas em fragmentos isolados. Os toxodontes sempre foram considerados animais de hábitos semiaquáticos semelhantes aos atuais hipopótamos. Considerando sua rica megafauna, a América do Sul pleistocênica deveria ser muito semelhante ao atual continente africano. Assim, com o objetivo de contribuir com uma nova visão para a diversidade e hábitos dos toxodontes, foi realizado um extenso estudo de anatomia comparada dos toxodontes com os mamíferos de grande porte daquele continente. Diferentes elementos ósseos foram utilizados, tais como crânio, mandíbula, vértebras, úmero, rádio, ulna, fêmur, tíbia, fíbula, astrágalo e calcâneo. Observa-se pela morfologia do crânio, das vértebras e dos membros anteriores que os toxodontes deveriam ter hábitos muito mais semelhantes aos rinocerontes do que aos hipopótamos modernos. Esta hipótese permite uma nova visão sobre a diversidade dos toxodontes, com base no estudo das variações morfológicas que podem ocorrer em animais simpátricos e sintópicos, tais como os rinocerontes africanos (Ceratotherium simum e Diceros bicornis). A variabilidade osteológica intraespecífica observada nestes animais alerta para a determinação equivocada de um grande número de espécies fósseis alocadas em um único gênero. O longo período de ocorrência do gênero Toxodon nos estratos favorece a consideração de espécies cronológicas como Toxodon chapalmalensis (Plioceno) e Toxodon ensenadensis (Pleistoceno Inferior). No Pleistoceno Superior afere-se a presença de Toxodon platensis e Toxodon gracilis. A espécie Toxodon burmeisteri representa uma variação morfológica de Toxodon platensis. Outras duas espécies de toxodontes, Trigodonops lopesi e Mixotoxodon larensis, tiveram distribuição mais setentrional que as demais e teriam hábitos alimentares distintos daqueles de Toxodon platensis devido à morfologia craniana. / Since the 19th Century the taxonomic diversity and habit of the representatives of the genus Toxodon have been a source of controversy. Around 30 named species have been attributed to the genus, many based solely on isolated fragments. The toxodonts have always been considered as animals with a semi-aquatic habit rather like the modern hippopotamus. Considering its rich megafauna, South America in the Pleistocene was probably very similar to the present-day African continent. Thus, with the aim of providing new insights into the diversity and habit of the toxodonts, a comparative anatomical study was made of this group vis-a-vis the large-sized mammals of Africa. Different bone elements were used, such as the cranium, mandible, vertebrae, humerus, radius, ulna, femur, tibia, fibula, astragalus and calcaneus. It was concluded from the cranial, vertebral and fore-limb morphology that toxodonts must have had a habit more similar to that of the rhinoceroses than to the hippopotamuses. This hypothesis permits a new viewpoint for the diversity of the toxodonts, based on a study of the morphological variations that may occur in sympatric and syntopic animals, such as the African rhinoceroses (Ceratotherium simum and Diceros bicornis). The intra-specific variation in bone form found in these animals suggests the likely mistaken attribution of a large number of fossil species that have been allocated to a single genus. The long persistence in the fossil strata of the genus Toxodon allows us to consider chronological species such as Toxodon chapalmalensis (Pliocene) and Toxodon ensenadensis (Lower Pleistocene). In the Upper Pleistocene occur Toxodon platensis and Toxodon gracilis. The species Toxodon burmeisteri represents a morphological variant of Toxodon platensis. Two other toxodont species, Trigodonops lopesi and Mixotoxodon larensis, had a more northerly distribution than the others, and they also had different diets from that of Toxodon platensis according to their cranial morphology.
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Diversidade de toxodontes pleistocênicos (Notoungulata, Toxodontidae): uma nova visão / Toxodont (Notoungulata, Toxodontidae) diversity in the Pleistocene: a new viewpoint

Ricardo Mendonça Neves dos Santos 31 July 2012 (has links)
Desde o século XIX a diversidade taxonômica e os hábitos dos representantes do gênero Toxodon sempre geraram muitas discordâncias. Cerca de 30 espécies nominais foram atribuídas ao gênero, muitas delas com base apenas em fragmentos isolados. Os toxodontes sempre foram considerados animais de hábitos semiaquáticos semelhantes aos atuais hipopótamos. Considerando sua rica megafauna, a América do Sul pleistocênica deveria ser muito semelhante ao atual continente africano. Assim, com o objetivo de contribuir com uma nova visão para a diversidade e hábitos dos toxodontes, foi realizado um extenso estudo de anatomia comparada dos toxodontes com os mamíferos de grande porte daquele continente. Diferentes elementos ósseos foram utilizados, tais como crânio, mandíbula, vértebras, úmero, rádio, ulna, fêmur, tíbia, fíbula, astrágalo e calcâneo. Observa-se pela morfologia do crânio, das vértebras e dos membros anteriores que os toxodontes deveriam ter hábitos muito mais semelhantes aos rinocerontes do que aos hipopótamos modernos. Esta hipótese permite uma nova visão sobre a diversidade dos toxodontes, com base no estudo das variações morfológicas que podem ocorrer em animais simpátricos e sintópicos, tais como os rinocerontes africanos (Ceratotherium simum e Diceros bicornis). A variabilidade osteológica intraespecífica observada nestes animais alerta para a determinação equivocada de um grande número de espécies fósseis alocadas em um único gênero. O longo período de ocorrência do gênero Toxodon nos estratos favorece a consideração de espécies cronológicas como Toxodon chapalmalensis (Plioceno) e Toxodon ensenadensis (Pleistoceno Inferior). No Pleistoceno Superior afere-se a presença de Toxodon platensis e Toxodon gracilis. A espécie Toxodon burmeisteri representa uma variação morfológica de Toxodon platensis. Outras duas espécies de toxodontes, Trigodonops lopesi e Mixotoxodon larensis, tiveram distribuição mais setentrional que as demais e teriam hábitos alimentares distintos daqueles de Toxodon platensis devido à morfologia craniana. / Since the 19th Century the taxonomic diversity and habit of the representatives of the genus Toxodon have been a source of controversy. Around 30 named species have been attributed to the genus, many based solely on isolated fragments. The toxodonts have always been considered as animals with a semi-aquatic habit rather like the modern hippopotamus. Considering its rich megafauna, South America in the Pleistocene was probably very similar to the present-day African continent. Thus, with the aim of providing new insights into the diversity and habit of the toxodonts, a comparative anatomical study was made of this group vis-a-vis the large-sized mammals of Africa. Different bone elements were used, such as the cranium, mandible, vertebrae, humerus, radius, ulna, femur, tibia, fibula, astragalus and calcaneus. It was concluded from the cranial, vertebral and fore-limb morphology that toxodonts must have had a habit more similar to that of the rhinoceroses than to the hippopotamuses. This hypothesis permits a new viewpoint for the diversity of the toxodonts, based on a study of the morphological variations that may occur in sympatric and syntopic animals, such as the African rhinoceroses (Ceratotherium simum and Diceros bicornis). The intra-specific variation in bone form found in these animals suggests the likely mistaken attribution of a large number of fossil species that have been allocated to a single genus. The long persistence in the fossil strata of the genus Toxodon allows us to consider chronological species such as Toxodon chapalmalensis (Pliocene) and Toxodon ensenadensis (Lower Pleistocene). In the Upper Pleistocene occur Toxodon platensis and Toxodon gracilis. The species Toxodon burmeisteri represents a morphological variant of Toxodon platensis. Two other toxodont species, Trigodonops lopesi and Mixotoxodon larensis, had a more northerly distribution than the others, and they also had different diets from that of Toxodon platensis according to their cranial morphology.
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Revisão dos toxodontes pleistocênicos brasileiros e considerações sobre Trigonops lopesi (Roxo, 1921) (Notoungulata, Toxodontidae) / Systematic review of Brazilian pleistocenic toxodonts and appreciations about Trigodonops lopesi (Roxo, 1921) (Notoungulata, Toxodontidae)

Santos, Ricardo Mendonça Neves dos 11 January 2008 (has links)
Os fósseis de Toxodontidae do Pleistoceno brasileiro são quase sempre referidos à espécie Toxodon platensis Owen, 1840. A maior parte do material encontrado é representada por dentes ou ossos isolados e, freqüentemente, fragmentados, impossibilitando uma identificação mais precisa. Este estudo realiza uma revisão sistemática dos toxodontes pleistocênicos brasileiros, Toxodon, Trigodonops e Mixotoxodon com base em caracteres cranianos e dentários. Foram analisados 143 materiais cranianos relacionados aos toxodontes do Pleistoceno do Brasil, Argentina e Uruguai, juntamente com um material inédito coletado no Nordeste brasileiro e depositado no Museu de História Natural de Taubaté. As análises comparativas mostram que o gênero Toxodon possui grande variabilidade morfológica, tanto nos ossos do crânio quanto na forma dos dentes incisivos e pré-molares. Dos diversos caracteres observados, a morfologia da região occipital e do arco zigomático, a largura dos nasais e da crista sagital, a distribuição dos incisivos superiores na pré-maxila, a morfologia e a deposição de esmalte dos pré-molares superiores e inferiores, a morfologia dos molares superiores e do terceiro incisivo inferior mostram-se como caracteres polimórficos nas formas pleistocênicas brasileiras, não permitindo diferenciar espécies. Por outro lado, os molares inferiores não apresentam tal variabilidade morfológica, representando um caráter para sistemática desses toxodontes. A espécie Trigodonops lopesi não esboça diferenças suficientes que poderiam diferi-la do gênero Toxodon, sendo, portanto, referida aqui como Toxodon lopesi, como inicialmente descrita por Roxo (1921). Mixotoxodon larensis é uma espécie bem representada na América Central, porém com poucos fósseis conhecidos no Brasil. Assim, no Pleistoceno, observa-se que Mixotoxodon larensis e Toxodon lopesi tinham uma distribuição mais ao norte do Brasil, enquanto Toxodon platensis ocorria por todo o país. / The Pleistocene fossils of the Toxodontidae in Brazil usually referred to Toxodon platensis Owen, 1840. Most f the remains found are represented by isolated teeth or fragmentary bones, thus making identification less accurate. This study presents a systematic review of the Brazilian pleistocenic toxodonts, Toxodon, Trigodonops and Mixotoxodon, based on skull and teeth characters. Cranial remains (143) related to toxodonts of the South American Pleistocene in Brazil, Argentina and Uruguay, were analyzed together with fossils recently recovered in the Brazilian northeast and housed in the Museu de História Natural de Taubaté. Comparative analyses showed that the genus Toxodon possesses great morphological variability, both in the cranial bones as well as in the shape of incisive and pre-molar teeth. From the several characters seen, morphology of the occipital region and of the zigomatic arch, the width of nasals and sagittal crest, upper incisive distribution in the pre-maxilla, morphology and enamel deposition of upper and lower pre-molar, the upper molar morphology and the third lower incisive morphology, show them as polymorphic characters in Brazilian pleistocenic species, not permitting distinguishing species. On the other hand, the lower molars do not show this morphological variability, representing a character for the systematics of these Pleistocene toxodonts. The genus Trigodonops lopesi do not present sufficient distinctions that could permit differentiation from the genus Toxodon, thus, it is referred to here as Toxodon lopesi, as initially described by Roxo (1921). Mixotoxodon larensis is a valid species, well represented in Central America, but with few known fossil records in Brazil. Thus, in the Pleistocene it was noted that Mixotoxodon larensis and Toxodon lopesi were distributed more in the north of Brazil, whereas Toxodon platensis was spread all over the country.
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Revisão dos toxodontes pleistocênicos brasileiros e considerações sobre Trigonops lopesi (Roxo, 1921) (Notoungulata, Toxodontidae) / Systematic review of Brazilian pleistocenic toxodonts and appreciations about Trigodonops lopesi (Roxo, 1921) (Notoungulata, Toxodontidae)

Ricardo Mendonça Neves dos Santos 11 January 2008 (has links)
Os fósseis de Toxodontidae do Pleistoceno brasileiro são quase sempre referidos à espécie Toxodon platensis Owen, 1840. A maior parte do material encontrado é representada por dentes ou ossos isolados e, freqüentemente, fragmentados, impossibilitando uma identificação mais precisa. Este estudo realiza uma revisão sistemática dos toxodontes pleistocênicos brasileiros, Toxodon, Trigodonops e Mixotoxodon com base em caracteres cranianos e dentários. Foram analisados 143 materiais cranianos relacionados aos toxodontes do Pleistoceno do Brasil, Argentina e Uruguai, juntamente com um material inédito coletado no Nordeste brasileiro e depositado no Museu de História Natural de Taubaté. As análises comparativas mostram que o gênero Toxodon possui grande variabilidade morfológica, tanto nos ossos do crânio quanto na forma dos dentes incisivos e pré-molares. Dos diversos caracteres observados, a morfologia da região occipital e do arco zigomático, a largura dos nasais e da crista sagital, a distribuição dos incisivos superiores na pré-maxila, a morfologia e a deposição de esmalte dos pré-molares superiores e inferiores, a morfologia dos molares superiores e do terceiro incisivo inferior mostram-se como caracteres polimórficos nas formas pleistocênicas brasileiras, não permitindo diferenciar espécies. Por outro lado, os molares inferiores não apresentam tal variabilidade morfológica, representando um caráter para sistemática desses toxodontes. A espécie Trigodonops lopesi não esboça diferenças suficientes que poderiam diferi-la do gênero Toxodon, sendo, portanto, referida aqui como Toxodon lopesi, como inicialmente descrita por Roxo (1921). Mixotoxodon larensis é uma espécie bem representada na América Central, porém com poucos fósseis conhecidos no Brasil. Assim, no Pleistoceno, observa-se que Mixotoxodon larensis e Toxodon lopesi tinham uma distribuição mais ao norte do Brasil, enquanto Toxodon platensis ocorria por todo o país. / The Pleistocene fossils of the Toxodontidae in Brazil usually referred to Toxodon platensis Owen, 1840. Most f the remains found are represented by isolated teeth or fragmentary bones, thus making identification less accurate. This study presents a systematic review of the Brazilian pleistocenic toxodonts, Toxodon, Trigodonops and Mixotoxodon, based on skull and teeth characters. Cranial remains (143) related to toxodonts of the South American Pleistocene in Brazil, Argentina and Uruguay, were analyzed together with fossils recently recovered in the Brazilian northeast and housed in the Museu de História Natural de Taubaté. Comparative analyses showed that the genus Toxodon possesses great morphological variability, both in the cranial bones as well as in the shape of incisive and pre-molar teeth. From the several characters seen, morphology of the occipital region and of the zigomatic arch, the width of nasals and sagittal crest, upper incisive distribution in the pre-maxilla, morphology and enamel deposition of upper and lower pre-molar, the upper molar morphology and the third lower incisive morphology, show them as polymorphic characters in Brazilian pleistocenic species, not permitting distinguishing species. On the other hand, the lower molars do not show this morphological variability, representing a character for the systematics of these Pleistocene toxodonts. The genus Trigodonops lopesi do not present sufficient distinctions that could permit differentiation from the genus Toxodon, thus, it is referred to here as Toxodon lopesi, as initially described by Roxo (1921). Mixotoxodon larensis is a valid species, well represented in Central America, but with few known fossil records in Brazil. Thus, in the Pleistocene it was noted that Mixotoxodon larensis and Toxodon lopesi were distributed more in the north of Brazil, whereas Toxodon platensis was spread all over the country.

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