[pt] As imensas modificações sociais ocorridas nos últimos
tempos, tais como a
possibilidade do divórcio e de vários recasamentos, assim
como da união estável;
a existência de relacionamentos não reconhecidos
juridicamente, como a união de
homossexuais; e as várias descobertas biotecnológicas, têm-
se refletido nas
famílias, provocando uma enorme alteração estrutural nas
mesmas. Nas novas
famílias, vínculos fortes se formam, entre pessoas que não
são biologicamente
ligadas e não têm vínculo jurídico reconhecido. A noção
que a Lei traz de família,
como sendo composta por um homem e uma mulher, unidos por
matrimônio ou
união estável, e os filhos a eles ligados por laços de
sangue ou pela adoção, já está
superada, e se faz necessária uma maior compreensão a
respeito dessas novas
relações e desses novos vínculos, para que se consiga,
através do sistema
legislativo e jurídico, atender ao melhor interesse da
criança e do adolescente,
princípio adotado em nível internacional como orientador
em assuntos que
envolvem os menores. O tema eleito para investigação foram
os vínculos
psicossociais existentes entre pessoas sem ligação
biológica ou jurídica, entre as
quais exista uma relação tal que, durante a
infância/adolescência de uma delas, a
outra tenha exercido funções maternas, paternas ou
fraternas. Foi objetivo deste
estudo descortinar a realidade desses vínculos e o nível
de importância e
influência que têm nas vidas e na constituição da
subjetividade das crianças e
adolescentes, buscando facilitar, desse modo, a
compreensão dessas relações.
Foram entrevistadas treze pessoas, divididas em sete
duplas: duas duplas maternofiliais,
duas duplas paterno-filiais, duas duplas fraternas e uma
dupla
homoparental-filial feminina, membros de famílias em que
existiam, desde a mais
tenra idade de pelo menos um deles, a convivência com
outro com quem não
havia nem vínculo consangüíneo, nem adotivo, mas que
desempenhava, em
relação ao primeiro, funções maternas, paternas ou
fraternas. Da análise das
entrevistas e de seu confronto com a revisão da
literatura, restou fortalecida a
convicção de que a genética e a legislação pouco ou nada
têm a ver com a questão
da família, e que vínculos familiares estão muito além da
consangüinidade, sendo
formados a partir das experiências e vivências
compartilhadas e das funções
exercidas perante os demais membros do grupo familiar. / [en] The major social changes having occurred in recent times,
such as the
possibility of divorce and multiple remarriages, the
advent of stable unions or the
existence of relationships which have no legal standing,
such as those between
homosexual couples; coupled with advances in
biotechnology, have had a
profound effect on and caused a major structural upheaval
in the family. In the
new family strong bons are formed between people who have
no biological ties
and who have no legally-recognised relationship. The
notion that the law has had
of the family - as being made up of one man and one woman,
united by marriage
or stable union, along with their children, whether these
are their own or they have
been adopted - is outdated and greater comprehension is
required of these new
relationships and ties, in order for the legislative and
judicial system to be able to
really serve the best interests of the child and
adolescent - an internationallyadopted
principle in matters involving minors. The question chosen
for
investigation was the psycho-social ties between persons
who had neither blood
ties nor legally-recognised relationships, and between
whom there was a relation
such as that during the childhood or the adolescence of
one of them, the other had
played the role of mother, father or brother. The aim of
the study was to
investigate the reality of these ties and the degree of
importance and influence
they have on the life and the formation of the
child/adolescent´s subjective makeup,
in order to facilitate the understanding of these
relationships. Thirteen people
were interviewed, divided into of seven pairs: two mother-
and-child pairs, two
father-and-child pairs, two sibling pairs and one homo-
parent-child pair, members
of families where one of them lived with the other since
infancy, and with whom
there were neither blood nor adoptive ties, but who
nevertheless played the role of
either the mother, father or brother to the other.
Analysis of the interview material
along with a reexamination of the literature supports the
idea that neither genetics
nor the law has much to do with family matters; that
family ties go far beyond
mere consanguinity and that the formation of such bonds is
based on common life
experiences and the role played with respect to the
remaining family members.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:8122 |
Date | 12 April 2006 |
Creators | BEATRICE MARINHO PAULO |
Contributors | TEREZINHA FERES CARNEIRO |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | TEXTO |
Page generated in 0.0027 seconds