[pt] Com o crescente emprego de inteligência artificial na moderação de conteúdo
do Instagram, a empresa é cada vez mais criticada pelos efeitos discriminatórios de
seus sistemas algorítmicos, que parecem revelar uma hierarquia de humanidades
dentro da rede social. Ainda que a autoexposição dos usuários seja a fonte primária
de dados usados pelo Instagram em sua geração de lucros, alguns corpos detêm
plena e irrestrita visibilidade enquanto outros são desproporcionalmente ocultados
pela moderação automatizada. A moderação algorítmica na rede social integra um
novo tipo de governo das condutas, baseado em dados e correlações estatísticas,
que assume traços específicos com relação a usuárias mulheres. Trata-se de um poder que, ocultado sob discursos tecnoutópicos e corporativistas do Instagram, não
se reconhece como poder e se torna mais dificilmente detectável. Existe, contudo,
a possibilidade de resistência a tal governo das condutas. Enquanto grande parte
dos trabalhos acadêmicos sobre resistência online é focada na resistência ora a violências interpessoais entre usuários ora a práticas e discursos sexistas, é escassa a
literatura sobre a resistência ao poder dos sistemas algorítmicos de moderação de
conteúdo. Esta pesquisa pretende contribuir com o debate sobre o tema, explorando
como técnica de resistência ou autodefesa digital, a autoexposição das usuárias
do Instagram voltada à denúncia do poder algorítmico da rede social, em especial
aos silenciamentos e discriminações por ele perpetuados. / [en] With the increasing use of artificial intelligence in Instagram s content
moderation, the company is increasingly criticized for the discriminatory effects of its algorithmic systems, which seem to reveal a hierarchy of humanities within the social network. Even though users self-exposure is the primary
source of data used by Instagram in its profit generation, some bodies hold
full and unrestricted visibility while others are disproportionately hidden by
automated moderation. Algorithmic moderation on the social network integrates a new kind of government of conducts, based on data and statistical
correlations, that takes on specific traits with regard to female users. This is a
power that, hidden under Instagram s technoutopian and corporatist discourses, does not recognize itself as power and becomes more difficult to detect. There is, however, the possibility of resistance to such government of
conduct. While much of the academic work on online resistance is focused
on resistance either to interpersonal violence between users or to sexist practices and discourses, the literature on resistance to the power of algorithmic
content moderation systems is scarce. This research intends to contribute to
the debate on the theme, exploring as a resistance technique or digital selfdefense, the self-exposure of female Instagram users aimed at denouncing
the algorithmic power of the social network, especially the silences and discriminations perpetuated by it.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:60065 |
Date | 08 August 2022 |
Creators | CAROLINA BOUCHARDET DIAS |
Contributors | ILIE ANTONIO PELE |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | TEXTO |
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