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Rui Knopfli e Manuel Alegre: de exílios e insílios, a poesia / Rui Knopfli and Manuel Alegre: from exiles and inner exiles, the Poetry

A tese apresenta um estudo comparativo entre a obra poética do moçambicano Rui Knopfli (1932-1997) e a do português Manuel Alegre (1936-) a partir do conceito de \"escrita de si\" (M. Foucault, 1983). Acompanha e reflete sobre o percurso literário de ambos os autores, estabelecendo relações com suas experiências de conhecimento público e suas concepções quanto à literatura, política e pátria. Em suma, os sujeitos poéticos de Knopfli e Alegre, tais quais aqueles sujeitos históricos, manifestam-se como descentrados em relação a quaisquer discursos \"oficiais\", seja o mais restrito das Academias e da Crítica Literária, seja o mais amplo do Estado Novo português - e mesmo o de grupos políticos contrários a este, incluindo, no caso do escritor africano, o da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo). São, portanto, vozes \"deslocadas\", de um eu \"insilado\". Todavia, tal sentido não se restringe ao figurativo: ambos os literatos, em sua realidade objetiva, ainda que em momentos alternados, foram marcados pela saída, traumática e por motivos políticos, de seu local original, de seu espaço, de sua pátria; conheceram de fato o exílio físico e, igualmente, transformaram tal experiência em matéria poética. Ao longo de seus percursos, sempre sob a sina de deslocados ou descentrados, a poesia de ambos revela-se igualmente ativa e repleta de caminhos e descaminhos bastante próximos - e, se a História e o mundo sensível vão ganhando ares de desilusão para aqueles homens, o discurso poético mostra-se como mais do que um meio para se denunciarem esteticamente a ditadura e a colonização portuguesas e a dor e o sofrimento dos envolvidos nas guerras coloniais/independentistas. A Poesia é também o espaço, processo e resultado para e de uma reflexão por parte do ser, constituindo essa sua discursivização como uma \"escrita de si\". Ademais, a Poesia, que por fim se torna a Pátria possível, ultrapassa os limites político-geográficos do território onde se encontram ou gostariam de se encontrar e, até mesmo e acima de tudo, os da morte, o exílio derradeiro da vida, sempre à espreita e que se (pré-)sente cada vez mais com a passagem do tempo. / The thesis presents a comparative study between the poetic work of the Mozambican Rui Knopfli (1932-1997) and that one of the Portuguese Manuel Alegre (1936-) from the concept of \"self writing\" (M. Foucault, 1983). It accompanies and reflects on the literary course of both authors, establishing relations with their experiences of public knowledge and their conceptions regarding literature, politics and homeland. In short, their poetic subjects, just like those historical subjects, are decentered in relation to any \"official\" discourse, whether the narrowest of the Academies and the Literary Criticism, or the broadest of the Portuguese Estado Novo and even that one of political groups opposed to it, including, in the case of the African writer, the one coming from the Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo). They are therefore \"displaced\" voices, from an I in inner exile. However, this sense is not restricted to the figurative: both in their objective reality, even in alternated moments, were marked by the exit, traumatic and for political reasons, from their original place, from their space, from their homeland; they did indeed know the physical exile and, likewise, transformed this experience into poetic matter. Throughout their journeys, always under the sign of displaced or decentralized, the poetry of both is equally active and full of paths and misfortunes quite close and if History and the sensitive world are gaining airs of disillusionment for those men, the poetic discourse shows that it can be beyond the means to denounce aesthetically the Portuguese dictatorship and colonization and the pain and suffering of those involved in the colonial / independence wars. Poetry is also the space, process and result for and of a reflection on the part of the being, constituting this discursivization like a \"self writing\". In addition, Poetry, which finally becomes the possible homeland, goes beyond the political-geographical limits of the territory where they are or would like to be and even and above all the limits of death, the ultimate exile of life, always on the look-out and that can be felt more and more as time goes by.

Identiferoai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-29062017-094209
Date26 April 2017
CreatorsLima, Kelly Mendes
ContributorsLugarinho, Mário César
PublisherBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Source SetsUniversidade de São Paulo
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
TypeTese de Doutorado
Formatapplication/pdf
RightsLiberar o conteúdo para acesso público.

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