[pt] A partir de uma abordagem pós-moderna/pós-estruturalista
em Relações
Internacionais, esta dissertação apresenta uma análise
crítica de algumas
narrativas sobre o genocídio ruandês de 1994. Nosso
objetivo é desvelar as
suposições de verdade implícitas nesses discursos; mostrar
como essas suposições
contradizem e questionam o caráter político/histórico
declarado dessas narrativas;
e discutir as implicações dessas suposições para a
prática, no que diz respeito às
políticas de pacificação e de resolução de conflitos.
Apesar de considerarem o
genocídio como um evento político e afirmarem o caráter
cambiante dos termos
Tutsi e Hutu na história, as principais narrativas
correntes sobre o genocídio
ruandês são despolizantes, essencialistas e a-históricas.
Isso se deve à sua
concepção moderna de história, à metafísica da
subjetividade moderna que lhes
subjaze e à sua noção de política em termos de poder e
Estado. Por sua vez, esses
traços se refletem na prática por meio de um tratamento
aético, apolítico e
irresponsável em relação à alteridade. Além disso, a
intervenção humanitária
baseada no princípio do Estado-territorial-soberano tem
seu leque de opções
políticas restrito pela compartimentalização
dicursivo/territorial expressa nas
dicotomias soberania/intervenção, guerra civil/genocídio,
doméstico/externo.
Nossa conclusão é de que essas conseqüências devem ser
resistidas em termos,
por um lado, da rearticulação radical entre subjetividade,
responsabilidade e ética
proposta por Emmanuel Levinas e, por outro lado, da
formulação de uma nova
relação entre os conceitos de fronteira, responsabilidade
e intervenção
humanitária, como esboçada por Michel Foucault. / [en] Drawing on a post-modern/post-structuralist approach on
International
Relations, this dissertation presents a critical analysis
of some of the narratives
about the Rwandan genocide of 1994. Our objective is to
reveal the truth
assumptions implicit in these discourses; to show how
these assumptions
contradict and challenge the political/historical
character declared in these
narratives; and to discuss the implication of these
assumptions for practice, in
what regards politics of pacification and conflict
resolution. Although the
narratives under analysis consider the genocide as a
political event and affirm the
changing character of the terms Tutsi and Hutu in history,
they are
depoliticizing, essentialist, and ahistorical. This is due
to their modern conception
of history, to the modern metaphysic of subjectivity that
underlies them, and to
their notion of politics in terms of power and state. This
is reflected in practice
through the a-ethical, apolitical and irresponsible
treatment towards alterity.
Besides, the humanitarian intervention based on the
principle of sovereignterritorial-
state has its range of political options restricted by the
discursive/territorial compartmentalization expressed in
the dichotomies
sovereignty/intervention, civil war/genocide,
domestic/external. Our conclusion is
that these consequences must be resisted in terms of, on
the one hand, the radical
rearticulation of subjectivity, responsibility and ethics
proposed by Emmanuel
Levinas and, on the other hand, a rearticulation of the
concepts of boundary,
responsibility and humanitarian intervention, as sketched
by Michel Foucault.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:7152 |
Date | 28 September 2005 |
Creators | ANA CRISTINA ARAUJO ALVES |
Contributors | NIZAR MESSARI |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | TEXTO |
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