O presente trabalho pretende mostrar o "avesso" do cotidiano escolar e lançar reflexões sobre as amarras, os laços e nós necessários e/ou inevitáveis para o processo de inclusão de indivíduos significativamente diferentes. Ele surgiu a partir de algumas inquietações vivenciadas por sua autora ao perceber que existe a inclusão defendida pelos teóricos e almejada, mas há também aquela que tem acontecido nas escolas que se denominam inclusivas. Entre ambas, pode-se encontrar uma grande distância. Nos textos sobre o assunto, muitos silêncios, principalmente sobre o que não dá certo e o que necessita ser repensado. Assim, muitas perguntas continuam a se fazer necessárias e com o intuito de responder a algumas delas, a autora ingressou como psicóloga e pesquisadora no contexto de uma escola regular de ensino infantil, fundamental e médio, que estava empenhada em realizar a inclusão responsável e criteriosa de alunos com necessidades educacionais especiais. Participou do contexto por mais de três anos, tendo como principais objetivos verificar as implicações grupais e institucionais da inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais e as aproximações e afastamentos entre a inclusão desejável e a possível, além das contribuições do profissional de psicologia para este processo. Apoiada pela abordagem qualitativa, que considera a relação dinâmica entre o mundo objetivo e a subjetividade do pesquisador, retomou os registros e recordações dos acontecimentos presenciados durante sua participação no contexto e elaborou vinhetas do cotidiano escolar, que condensaram situações ocorridas com pessoas e em momentos diferentes. Então, a partir da releitura das vinhetas, levantou os temas que mais se destacaram, tais como: o pertencimento, a abordagem às diferenças, os ruídos familiares, os encaminhamentos e diagnósticos e as questões institucionais. Finalmente, buscou ampliar as discussões, lançando reflexões acerca dos vínculos presentes no processo de inclusão e, com isso, abordando o que está para além da questão legal, "de direito". Procurou, também, abarcar o que há de incorreções, o que é feio, o que é oposto, o que se encontra silenciado nos textos, o que muitas vezes não é admitido, o que está sempre inacabado, mas que parece ser fundamental para pensar e viabilizar uma inclusão "de fato", pois esta não se encontra pronta ou se encerra em si mesma, mas faz parte de um processo vivo e em transformação. / The present work intends to show the reverse side of the school quotidian and to launch reflections on the necessary and/or inevitable bows, fastenings and knots for the inclusion process of significantly different individuals. It was born when the author perceived that there is the inclusion that is defended and desired and also the one that has happened in the quotidian of the schools that declare themselves inclusive. Between both, a great distance can be found. In the texts on the subject, much silence, mainly on what does not work and what needs to be rethought. Thus, many questions are still necessary and, trying to answer to some of them, the author entered as a psychologist and researcher at the context of a regular school of primary and secondary education that was engaged in the responsible inclusion process of students with special educational needs. She participated of the context for more than three years, having as her main objectives to verify the group and institutional implications of the inclusion and the approaches and separations between the desirable and possible inclusion, as well as the contributions of the psychologist for this process. Supported for the qualitative approach, that considers the dynamic relation between the objective world and the subjectivity of the researcher, she retook the records and memories of the events witnessed during her participation in the context and elaborated vignettes of the school quotidian, that condensed situations occurred with different people and at different moments. Then, from the vignettes, she raised the topics that had been more distinguished, such as: the belonging, the approaches for the differences, the family noises, the questions related to the diagnostics and the institutional matters. Finally, she extended the discussions, by launching reflections on bonds on the inclusion process and, therefore, discussed what is beyond the legal issue. Also, tried to include what is ugly, opposing and silenced in the texts, what is not many times admitted and is always unfinished, but seems to be fundamental when one considers the inclusion "in fact", as this is not ready, but the part of a process that is alive and in transformation.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-08032006-104424 |
Date | 21 December 2004 |
Creators | Emílio, Solange Aparecida |
Contributors | Kovacs, Maria Julia |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | Tese de Doutorado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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