[pt] Esta tese tem por objetivo avaliar parte do discurso público, acadêmico e
institucional, que fundamentou a moralidade legitimadora das cotas raciais. São
destacadas incialmente duas correntes teóricas distintas, de origens anglo-saxônica
e germânica, que dominaram parte do discurso público sobre o tema, quais sejam:
as teorias liberais de justiça distributiva e as teorias do reconhecimento. A partir
dos autores expoentes de cada uma dessas teorias, a saber: John Rawls, Charles
Taylor e Axel Honneth, busca-se compreender se essas teorias são capazes de
articular um conjunto de ideias e valores que possam subsidiar não apenas a
moralidade das cotas raciais, como também fornecer instrumentos que ajudem a
desenhar os objetivos e alcances dessas políticas. Nesse sentido, três hipóteses
foram contempladas: as cotas raciais são políticas resumíveis ao escopo normativo
das teorias de justiça distributiva; as cotas raciais podem produzir um tipo de
reconhecimento intersubjetivo capaz de gerar mudanças simbólicas e estruturais
para além da mera distribuição; as cotas raciais são uma modalidade de política
pública capaz de conciliar os objetivos dispostos de ambas as teorias,
independentemente de suas eventuais incongruências ou conformidades. Ao
reconstruir a genealogia do discurso filosófico que fundamentou a legitimidade de
tais políticas públicas, almeja-se reconstruir também as promessas e
potencialidades que as cotas raciais possuem, lançando-se mão da ideia de crítica
imanente como método de investigação da realidade social. Logo, aponta-se como
conclusão que as ações afirmativas, sobretudo as cotas raciais, podem mesclar
efeitos que representem melhorias redistributivas dos recursos sociais e materiais
fundamentais em cadeia, como igualmente um reconhecimento em sentido amplo,
abrangidas aqui as mudanças estruturais no acesso aos mesmos recursos. / [en] This thesis aims to evaluate part of the public, academic and institutional
discourse, which founded the legitimizing morality of racial quotas. Initially, two
distinct theoretical currents are highlighted, both from Anglo-Saxon and Germanic
origins, which dominated part of the public discourse on the subject, namely: the
liberal theories of distributive justice and the theories of recognition. Based on the
exponent authors of each of these theories, namely: John Rawls, Charles Taylor
and Axel Honneth, we seek to understand whether these authors can articulate a set
of ideas and values that can support not only the morality of racial quotas, but also
provide instruments that help designate the goals and reach of these policies. In this
sense, three hypotheses were considered: racial quotas are policies that can be
summed up in the normative scope of theories of distributive justice; racial quotas
can produce a type of intersubjective recognition capable of generating symbolic
and structural changes beyond mere distribution; racial quotas are a type of public
policy capable of reconciling the objectives set out in both theories, regardless of
their eventual inconsistencies or conformity. By reconstructing the genealogy of
the philosophical discourse that founded the legitimacy of such public policies, it is
also sought to reconstruct the promises and the potential that racial quotas have,
making use of the idea of immanent criticism as a method of investigating social
reality. Thus, it is pointed out as a conclusion that affirmative actions, especially
racial quotas, can have mixed effects that represent redistributive improvements of
fundamental social and material resources in a chain, as well as recognition in a
broad sense, including structural changes in access to their resources. / [fr] Cette thèse vise à évaluer une partie du discours public, académique et
institutionnel, qui a fondé la moralité légitimante des quotas raciaux. Dans un
premier temps, deux courants théoriques distincts sont mis en évidence, d origine
anglo-saxonne et germanique, qui ont dominé une partie du discours public sur le
sujet, à savoir: les théories libérales de la justice distributive et les théories de la
reconnaissance. Sur la base des auteurs de chacune de ces théories, à savoir: John
Rawls, Charles Taylor et Axel Honneth, nous cherchons à comprendre si ces
auteurs sont capables d articuler un ensemble d idées et des valeurs qui peuvent non
seulement soutenir la moralité des quotas raciaux, mais aussi fournir des
instruments qui aident à concevoir les objectifs et la portée de ces politiques. En ce
sens, trois hypothèses ont été envisagées: les quotas raciaux sont des politiques qui
peuvent se résumer dans le cadre normatif des théories de la justice distributive; les
quotas raciaux peuvent produire une forme de reconnaissance intersubjective
capable de générer des changements symboliques et structurels au-delà de la simple
distribution ; les quotas raciaux sont une modalité de politique publique capable de
concilier les objectifs énoncés dans les deux théories, indépendamment de leurs
éventuelles incohérences ou conformités. En reconstituant la généalogie du
discours philosophique qui a fondé la légitimité de telles politiques publiques, on
cherche également à reconstituer les promesses et le potentiel des quotas raciaux,
en utilisant l idée de critique immanente comme méthode d investigation de la
réalité sociale. Par conséquent, il est souligné comme conclusion que les actions
positives, en particulier les quotas raciaux, peuvent mélanger des effets qui
représentent des améliorations redistributives des ressources sociales et matérielles
fondamentales dans une chaîne, ainsi qu une reconnaissance au sens large, y
compris des changements structurels dans l accès à celles-ci. ici des ressources.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:64059 |
Date | 21 September 2023 |
Creators | JOAO DANIEL DAIBES RESQUE |
Contributors | GISELE GUIMARAES CITTADINO |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | French |
Type | TEXTO |
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