[pt] Dois são os objetivos fundamentais da presente pesquisa: 1) gerar inteligibilidades sobre como as experiências de um grupo de alunos-professores-profissionais da educação com a violência na escola são reconstruídas em discurso; 2) entender como esse fenômeno é articulado discursivamente com a dimensão da (con-)vivência interpessoal que, mesmo inscrita no tecido institucional da escola, o transcende, humanizando as relações intersubjetivas constritas pela racionalidade do Estado (WEBER, 1994) - sendo tal âmbito da vida humana denominado aqui de afetividade. Com tal ambição em mente, inicio a jornada investigativa ora sintetizada com dois expedientes: a demarcação do alicerce epistemológico-metodológico a dar sustento à investigação pretendida e a apresentação do contexto social e biográfico de florescimento da pesquisa. Segue-se a proposição de um modelo teórico que intenta reconstituir conceitualmente o problema da violência escolar em sua natureza multifacetada, desde suas causas mais amplas, externas aos muros da escola, até suas distintas conformações assumidas a partir da sua integração a esse espaço (AQUINO, 1996). Adiante, articulo tal teorização à supramencionada noção de afetividade, a qual é forjada a partir de um diálogo entre uma concepção de afeto assentada na totalidade subjetiva da experiência (VYGOTSKY, 1994; ZAPOROZHETS, 1977; MERLEAU-PONTY, 1994) e um quadro explicativo acerca da inter-relação de controle e racionalização entre o Estado, em sua acepção moderna, e a sociedade por ele tutelada (WEBER, 1994; FOUCAULT, 2004). Tendo construído uma visão holística do objeto de interesse do estudo aqui sumarizado, passo ao esforço de sediá-lo em um arcabouço teórico que lhe envolva em uma compreensão de linguagem-discurso coerente com os objetivos fundadores do trabalho. Julgo encontrar tal suprimento em uma zona de interseção entre a Linguística Aplicada (MOITA LOPES, 2013; FABRÍCIO, 2018) e a Linguística Sistêmico-Funcional (HALLIDAY, 1994), cunhada a partir de uma explicitação dos pontos de convergência e complementariedade entre ambas. Ancorado na rede de articulações teórico-metodológicas que dá estofo à primeira parte da tese,
dedico os três capítulos seguintes à construção do empreendimento analítico que Dois são os objetivos fundamentais da presente pesquisa: 1) gerar inteligibilidades sobre como as experiências de um grupo de alunos-professores-profissionais da educação com a violência na escola são reconstruídas em discurso; 2) entender como esse fenômeno é articulado discursivamente com a dimensão da (con-)vivência interpessoal que, mesmo inscrita no tecido institucional da escola, o transcende, humanizando as relações intersubjetivas constritas pela racionalidade do Estado (WEBER, 1994) - sendo tal âmbito da vida humana denominado aqui de afetividade. Com tal ambição em mente, inicio a jornada investigativa ora sintetizada com dois expedientes: a demarcação do alicerce epistemológico-metodológico a dar sustento à investigação pretendida e a apresentação do contexto social e biográfico de florescimento da pesquisa. Segue-se a proposição de um modelo teórico que intenta reconstituir conceitualmente o problema da violência escolar em sua natureza multifacetada, desde suas causas mais amplas, externas aos muros da escola, até suas distintas conformações assumidas a partir da sua integração a esse espaço (AQUINO, 1996). Adiante, articulo tal teorização à supramencionada noção de afetividade, a qual é forjada a partir de um diálogo entre uma concepção de afeto assentada na totalidade subjetiva da experiência (VYGOTSKY, 1994; ZAPOROZHETS, 1977; MERLEAU-PONTY, 1994) e um quadro explicativo acerca da inter-relação de controle e racionalização entre o Estado, em sua acepção moderna, e a sociedade por ele tutelada (WEBER, 1994; FOUCAULT, 2004). Tendo construído uma visão holística do objeto de interesse do estudo aqui sumarizado, passo ao esforço de sediá-lo em um arcabouço teórico que lhe envolva em uma compreensão de linguagem-discurso coerente com os objetivos fundadores do trabalho. Julgo encontrar tal suprimento em uma zona de interseção entre a Linguística Aplicada (MOITA LOPES, 2013; FABRÍCIO, 2018) e a Linguística Sistêmico-Funcional (HALLIDAY, 1994), cunhada a partir de uma explicitação dos pontos de convergência e complementariedade entre ambas. Ancorado na rede de articulações teórico-metodológicas que dá estofo à primeira parte da tese,
dedico os três capítulos seguintes à construção do empreendimento analítico que lhe dá substância. Assim, na primeira etapa da empresa analítica em questão, apresento o conjunto de procedimentos e arranjos realizados ao longo do processo de geração e delimitação do corpus a ser aqui examinado. Além de tais decisões metodológicas, introduzo e justifico no mesmo capítulo o ferramental analítico organizado com o fim de mediar meu encontro com os dados produzidos. As duas seções posteriores são dedicadas ao diálogo com os dados, momento em que recortes de minhas conversas com os quatro coconstrutores deste estudo – Michelle, Gisele, Adriano e Gustavo – são interpelados à luz do arcabouço de instrumentos de geração de saberes supramencionado. As análises flagram no devir das conversas uma pluralidade de movimentos de reconstrução discursiva de vivências em meio a episódios de violência na escola. A diversidade de experiências materializadas em palavras, vis-à-vis à variedade de expedientes linguístico-interacionais empregados na constituição de tais quadros narrativos, converge com o posicionamento de Vygotsky (1994) em defesa da plasticidade de cada um de nossos viveres no mundo, capazes de refratar qualquer evento objetivamente vislumbrado com um conjunto incomensurável de ângulos e colorações subjetivas. Ademais, ganha relevo ao longo do percurso analítico o papel de destaque desempenhado pela inter-relação entre axiologia e ideologia na reconstituição discursiva das experiências derramadas em palavras pelos participantes. Por fim, a tensão entre racionalidade e afetividade emerge em algumas histórias como um dos eixos de reedificação discursiva das vivências com a violência na escola, sendo atribuída centralidade ao segundo elemento desse binômio na determinação da natureza das relações interpessoais travadas no espaço da sala de aula. / [en] This study has two main objectives. The first one is to generate intelligibilities regarding how the experiences of a group of students-teacher-educations workers are reconstructed in discourse. The second one is to understand how this phenomenon is discursively articulated with the dimension of interpersonal relationship among people getting along in the school environment. Although still inscribed in the institutionality of school bureaucracy, this interpersonal contact transcends it, humanizing the intersubjective relationships constricted by State s dehumanizing rationality (WEBER, 1994). This realm of school social life here is denominated affectivity. With this end in mind, this investigative journey starts with the outlining of the theoretical-methodological foundation sustaining this inquiry as well as its social and biographic context of development. Next, there is the proposition of a theoretical model that aims to reconstruct conceptually the problem of school violence in its multifaceted nature, integrating its external factors to the set of different fashions this phenomenon assumes inside of the school environment (AQUINO, 1996). Further, this theoretical background is articulated to the notion of affectivity. This idea is forged through a dialogue between two elements. The first one is an understanding of affect grounded in the subjective wholeness of experience (VYGOTSKY, 1994; ZAPOROZHETS, 1977; MERLEAU-PONTY, 1994); the second one is an explanatory framework regarding the inter-relationship of control and rationalization between the State, in its modern definition, and the society ruled by it (WEBER, 1994; FOUCAULT, 2004). After the construction of a holistic view of our research object, it will be grounded on a theoretical framework of a discursive-linguistic model convergent with the general goals of this study. This terrain of support if found in an intersection zone between Applied Linguistics (MOITA LOPES, 2013; FABRÍCIO, 2018) and Systemic-Functional Linguistics (HALLIDAY, 1994), coined through making their points of convergence and complementarity explicit. Anchored on this network of theoretical-methodological threads, the three following chapters are dedicated to the
construction of the core analytical work of this research. In the first step of this analytical enterprise, the set of procedures and arrangements developed during the process of generation and outlining of this study s corpus is presented. Besides those methodological decisions, the analytical toolkit mediating my encounter with the data is presented and justified in the same chapter. The following sections cover the dialogue with the data, in which my conversations with the four participants in this research – Michelle, Gisele, Adriano and Gustavo – are interpellated in light of the analytical framework previously mentioned. The analyses find among the interactions a plurality of movements of discursive reconstructions of experiences amid school violence episodes. The diversity of experiences materialized in words dialogues with the variety of linguistic-interactional elements employed in the constitution of those narrative frameworks. This network of elements converges with the emphatic stance taken by Vygotsky (1994) in defense of the plasticity of each of our living moments in the world, in their capacity of refracting objective situations with an unlimited array of subjective colors and angles. Furthermore, throughout the analytical course, the key role played by axiology and ideology in the discursive reconstitution of the experiences, transformed in words, by the participants also becomes relevant. Finally, the tension between rationality and affectivity emerges as a discursive rebuilding axis of the school violence experiences, being ascribed centrality to the second element of this binomial in the determination of the nature of the interpersonal relationships established in the classroom environment.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:53605 |
Date | 08 July 2021 |
Creators | DIEGO CANDIDO ABREU |
Contributors | ADRIANA NOGUEIRA ACCIOLY NOBREGA |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | TEXTO |
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