[pt] A presente dissertação assinala e discute o uso da metalinguagem no texto em chinês clássico do Laozi. Ao tomar a linguagem como uma forma de vida, no sentido Wittgensteiniano – perspectivista em vez de relativista – assumimos que os encontros entre diferentes formas de vida / línguas não correspondem a meros confrontos entre esquemas conceituais ou modos de existência incomensuráveis entre si. Referem-se, ao contrário, a oportunidades em que essas formas de vida podem ser trazidas a vislumbrar, ainda que de forma precária, suas próprias bases infundadas e não intelectuais e, além disso, ocasiões com um potencial de transformação, prestes a deslocar não apenas marcas ideológicas visíveis, mas também convicções pré-conceituais fortemente arraigadas. O estudo apresentado aqui elabora e investiga a premissa – chamada de Hipótese do Perspectivismo Metalinguístico (HPM) – em que diferentes repertórios metalinguísticos não nomeiam entidades universais e independentes da linguagem. Pelo contrário, eles dão testemunho a circunstâncias culturais e históricas e, em última instância, a formas de estar no mundo que carregam propensões subterrâneas e certezas préconceituais, exercendo assim uma força direta e coerciva sobre a forma como concebemos e experimentamos o que língua é. Na investigação da HPM, analisamos uma seleção de passagens metalinguísticas do Laozi, por meio da adoção de uma abordagem comparativa bipartida, orientada pela etimologia e pela tradução. A análise comparativa etimológica entre termos metalinguísticos chineses e seus homólogos na tradição ocidental dá ampla evidência do profundo contraste entre suas visões da linguagem e categorias historicamente motivadas, o que é reforçado pela alteridade da atividade grafo-etimológica da tradição chinesa. Ademais, a comparação das traduções/comentários dos usos contextualizados da metalinguagem no Laozi (para o inglês, português, francês e mandarim moderno) confirma que a prática de seus autores é guiada por diferentes repertórios - metalinguísticos subjacentes, agindo de forma tácita no processo interativo junto ao texto chinês: a grande variedade de estratégias empregadas pelos tradutores testemunha como os autores se esforçam para aceitar e / ou rejeitar as práticas que constroem no texto original. Evidências para a HPM manifestam-se principalmente ao longo dos seguintes temas: a relação entre fala e escrita; o papel da linguagem na nexo entre civilização e natureza; a questão da centralidade do significado da linguagem; a relação entre metáfora, literalidade e imagem; e o problema dos nomes. / [en] This dissertation identifies and discusses the use of metalanguage in the classical Chinese text of the Laozi. Taking language as a form of life, in a Wittgensteinian – perspectivist rather than relativist – sense, it assumes that encounters between different forms of life/languages do not correspond to mere clashes between incommensurable conceptual schemes or modes of existence. They are, rather, instances where these forms of life may be brought to glimpse, however precariously, at their own unfounded, non-intellectual bases, and furthermore, occasions with potential for transformation, prone to dislocate not only discernible ideologies, but also highly entrenched pre-conceptual convictions. The study presented here elaborates and investigates the premise – called the Metalinguistic Perspectivism Hypothesis (MPH) – that different metalinguistic repertoires do not get to name universal, language independent entities. On the contrary, they testify to cultural and historical circumstances, and ultimately to forms of being in the world that encompass subterraneous propensities and preconceptual certainties, thus having a direct and coercive effect on how we conceive and experience what language is. To advance the investigation of the MPH, we examine a selection of metalinguistic passages in the Laozi, by adopting a comparative approach along two main paths: etymology and translation. The etymological comparative analysis between Chinese metalinguistic terms and their counterparts in the Greco-Western tradition shows ample evidence of the stark contrast between their deep-rooted visions of language and historically motivated categories, reinforced by the alterity of the grapho-etymological activity of the Chinese tradition. Additionally, the comparison of translations/commentaries of contextualized metalinguistic uses in the Laozi (into English, Portuguese, French and modern Mandarin) confirms that the authors are motivated by significantly different underlying metalinguistic repertoires, tacitly - at work in their interactions with the Chinese text: they often employ sharply diverse strategies which testify to how the authors strive to accept and/or reject the practices they construe from the original text. The evidence for the MPH is shown to manifest in the following central axes: the relationship between speech and writing; the role of language in the civilization/nature nexus; the question of the centrality of meaning in language; the relation between metaphor, literality and image; and the problem of names.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:29555 |
Date | 03 April 2017 |
Creators | CRISTIANO MAHAUT DE BARROS BARRETO |
Contributors | HELENA FRANCO MARTINS |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | English |
Detected Language | English |
Type | TEXTO |
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