[pt] O momento atual traz em seu bojo uma enorme carga de excessos
tecnológicos e estímulos sensoriais em uma construção
simbiônica, algumas vezes
percebida como ápice do projeto moderno, outras,
compreendida como uma etapa
posterior a este empreendimento - o pós-moderno. As novas
tecnologias e suas
mediações são seguidamente apontadas como agentes decisivos nas
transformações do modo de olhar. Consideramos que apesar das
tecnologias
atuarem como agente catalisador de determinadas
conseqüências, elas não chegam
a caracterizar condição suficiente de possibilidade para que
estas transformações
possam se realizar em qualquer sociedade ou período. A nossa
pesquisa sugere
que o olhar moderno foi construído sobre um tripé formado
pelas tecnologias
modeladoras das relações tempo-espaço, pelas convenções que
contribuíram para
a sua compreensão e naturalização e por uma pedagogia que
inculcou a abertura
para o novo, de modo a garantir a perpetuação do modo de
olhar resultante. Este
trabalho volta-se para o passado, buscando localizar
continuidades e contradições
da cultura visual contemporânea, considerando uma construção
em camadas, isto
é, os modos de olhar anteriores não são simplesmente
superados, mas absorvidos
nos modos subseqüentes. Neste contexto, examinamos dois
momentos ou modos
de olhar. O olhar ciclópico ou clássico, constituído ao
longo da Renascença,
fundamentado com a convenção da perspectiva e divulgado pela
invenção da
gravura e, o segundo modo, o olhar panorâmico, construído a
partir da segunda
metade do século XIX, arquitetado sobre as transformações
urbanas, a profusão de
objetos e imagens e a compressão tempo-espaço produzida
pelas novas
tecnologias de transporte e comunicação. Este novo olhar, ao
mesmo tempo em
que criou novas possibilidades perceptivas, também
necessitou de processos de
fixação e padronização, o que foi realizado através do
desenvolvimento de uma
pedagogia voltada para as instituições industriais e para o
conceito de progresso.
Neste processo, as Exposições Universais, realizadas a
partir de 1851, tiveram
atuação importante por tratar-se de um fenômeno basicamente
visual e voltado
para um público amplo. Sob este aspecto, as Exposições
Universais sintetizam a
experiência obtida posteriormente com outras tecnologias que
se voltaram para a
massa e, também, com o que foi conceituado como espetáculo. / [en] The time in which we live is instilled with an abundance of
technological
excess and sensorial stimuli in a symbionic construction In
this period, which at
times is interpreted as the peak of the modern project and
of modernist culture,
and at other times as a cultural stage after the post-modern
culture, new
technologies and their mediations are identified one by one
as the decisive agents
in transforming our vision of the world. Despite the
technologies acting as a
catalyst of certain consequences, they fail to characterize
a condition accessible
enough so as these transformations can be executed in any
society or period. Our
study suggests that the modern vision was constructed on a
tripod composed of
the technologies which shape space-time relations, the
conventions which
contributed to their understanding and naturalization, and a
pedagogy which
inculcates the opening to the new, so as to ensure that the
resulting vision is
perpetuated. This study looks at the past, aiming to find
continuous and
contradictory aspects in relation to contemporary visual
culture in a context where
previous ways of seeing things are not simply overcome, but
absorbed into the
subsequent visions, in other words, in a layered
construction. In such a context,
we examined two moments or visions. Firstly, the cyclopic or
classical vision,
which was formed throughout the Renaissance, grounded on the
convention of
perspective and dispersed by printed engravings. Secondly,
the panoramic vision,
constructed as from the second half of the 19th century and
based on urban
transformations, the profusion of objects and images and the
space-time
compression generated by new technologies in transport and
communication. This
way of viewing the world, while creating new perspectives,
also required a
process of consolidation and standardization, which was
carried out through the
development of a pedagogy directed at industrial
institutions and to the concept of
progress. In this action, the Universal Expositions, which
began in 1851, played
an important role as a basically visual phenomenon. These
exhibitions were aimed
at a wide audience and also synthesized subsequently
acquired experience with
other technologies directed at the masses so as to gain the
status of a show. From
the point of view of a visual culture founded on a modern
past, our research
identifies the latest technologies which make distances even
shorter, further
accelerate our communications and allow new forms of human
contact, as part of
an extensive series of other transformations, which are
generating a new vision.
The overriding issue is in relation to the time at which we
will have the precise
measure of this transformation so as to use it to formulate
new structural
possibilities.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:12838 |
Date | 06 January 2009 |
Creators | DORIS CLARA KOSMINSKY |
Contributors | ALBERTO CIPINIUK |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | TEXTO |
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