[pt] Este trabalho investiga a relação de Foucault com a polêmica temática da pós-modernidade, através do debate Foucault-Habermas. Pós-modernidade é um conceito controverso, possuindo inúmeras leituras e caracterizações. Escolhemos o diálogo com Habermas, não apenas pela importância do filósofo alemão na cristalização desse conceito ao longo da década de 80, mas também porque ele direciona críticas diretas à filosofia foucaultiana. Habermas compreende a modernidade como um projeto inacabado, a ser resgatado e completado pelo desenvolvimento de uma racionalidade comunicativa. Sua teoria da modernidade, então, visa combater a pós-modernidade emergente, marcada pelo irracionalismo e pelo relativismo. Habermas enxerga em Nietzsche o ponto de inflexão para a pósmodernidade. A genealogia nietzschiana, método que será também o de Foucault, figura aos olhos do filósofo alemão como uma espécie de crítica devastadora da razão, que se dá nos limites exteriores da modernidade. Tratar-se-ia de uma crítica da razão enquanto tal, que a desmascara como mera vontade de poder e de dominação. Tentamos mostrar, então, o modo como o filósofo francês tratou do tema da modernidade. Para Foucault, se ela também se caracteriza pelo Iluminismo, é muito mais pela atitude crítica que ele desperta, do que por determinado modelo de racionalidade tido como ideal. O Iluminismo abriu a reflexão filosófica para a investigação de quem nós somos em nosso presente, do que é nossa atualidade, e consolidou o esforço de nos situarmos criticamente contra as racionalidades que nos orientam e que nos governam. Foucault enfatiza, então, a noção de maioridade kantiana: ser moderno é muito simplesmente a recusa de ser tutelado. Deste modo, toda a obra de Foucault complexifica a clássica narrativa Iluminista, que se apresenta nos termos de um progresso das Luzes, de uma luta da razão contra as sombras, do conhecimento contra a ignorância e os preconceitos, etc., mostrando que existem elementos autoritários no seio do próprio projeto da Ilustração. O Iluminismo se inscreveu na história não apenas como movimento de questionamento da autoridade da Igreja, mas também como questionamento de toda e qualquer autoridade. Se a razão moderna se torna uma nova fonte de autoridade, a crítica precisa se radicalizar em uma metacrítica, que possa dar conta das novas racionalidades que nos governam. / [en] This work investigates Foucault s relationship with the polemical thematic of post-modernity through the Foucault-Habermas debate. Postmodernity is a controversial concept, that encamps numerous readings and characterizations. We chose to dialogue with Habermas, not only because of the German philosopher s
importance in the crystallization of this concept throughout the 80 s, but also because he criticize Foucault s philosophy directly. Habermas understands modernity as an unfinished project, yet to be rescued and completed by the development of a communicative rationality. His theory of modernity, then, aims
to combat emerging postmodernity, marked by irrationalism and relativism. Habermas sees in Nietzsche the inflection point for postmodernity. The nietzschean genealogy, which will also be that of Foucault s, appears to Habermas as a kind of devastating critique of reason, that takes place on the outer limits of modernity: they both unmasks reason as a mere will to power and domination. We then try to show how the French philosopher dealt with the theme of modernity. For Foucault, if modernity is also characterized by the Enlightenment, it is much more for the critical attitude that it evokes, than for a certain model of rationality considered as ideal. Foucault argues that the Enlightenment opened the philosophical reflection
for the investigation of who we are in our present, of what is our present, in a way that consolidated the effort to situate ourselves critically against the rationalities that guide us and that govern us. Foucault then emphasizes the kantian notion of adulthood: being modern is very simply the refusal to be tutored. In this sense, the whole work of Foucault complicates the classical Illuminist narrative, which is
usually presented in terms of a progress of the Lights, a struggle of reason against the shadows, knowledge against ignorance and prejudices, etc., by showing that there are authoritarian elements inside the Enlightenment movement. The Enlightenment not only represents the movement of questioning the authority of the Church - it represents the questioning of all forms of authority. If modern reason becomes a new source of authority criticism must radicalize itself into a metacritical posture in the order to apprehend the new rationalities that govern us today.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:47458 |
Date | 15 April 2020 |
Creators | VICTOR ALEXANDRE GARCIA |
Contributors | RODRIGO GUIMARAES NUNES |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | TEXTO |
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