[pt] Friedrich Nietzsche, ao longo de sua obra e, em especial, em sua
crítica ao valor dos valores morais ocidentais para a vida, em que elabora a
tipologia da moral nobre e moral dos escravos, associa a criação de valores
a diferentes fisiologias humanas (homem ativo e homem reativo, homem
como ave de rapina e homem como ovelha), compreendendo a moral como
não desligada da vida orgânica e se colocando contra valores e práticas de
homogeneização e nivelamento. Decorre daí uma visão que valora a
alteridade – o que é outro, diferente, alheio – como de valor à vida, enquanto
característica fisiologicamente inerente aos homens e que alimenta a força
plástica humana. Oswald de Andrade, leitor confesso de Nietzsche, em
especial em seus manifestos e ensaios filosóficos, resgata e reelabora a
noção de antropofagia, enquanto visão de mundo e postura filosófica em
que o outro é alimento de transformação de si, orgânica e moralmente (isto
é, enquanto alimento ao corpo, no caso do ritual em sua origem, e também
enquanto alimento à criação de novos valores); e que, portanto, também
valora a alteridade como de valor à vida. Oswald elabora a sua própria
tipologia, a do homem messiânico e homem antropofágico (patriarcado e
matriarcado), e a sua análise do valor dos valores morais ocidentais para a
vida, em que a sua crítica à moral do sacerdócio em muito se aproxima à
crítica de Nietzsche feita a essa que, para o filósofo alemão, foi a mais forte
das morais de escravo e de rebanho que o homem ocidental desenvolveu.
Dentre aproximações e diferenciações, ambos os pensadores nos indicam a
reflexão sobre a alteridade enquanto elemento de valor à plasticidade
humana e, assim, à vida, apesar das tendências homogeneizadoras que
possamos identificar ao longo da história e, ainda, do momento presente. / [en] Friedrich Nietzsche, throughout his work and, in particular, in his critique
of the value of western moral values for life, in which he elaborates a
typology of the master morality and slave morality, associates the creation
of values to different human physiologies (active man and reactive man,
man as bird of prey and man as sheep), comprehending the morality as not
excluded from organic life and being against values and practices of
homogenization and leveling. It follows from this a view that values alterity
– what is other, different, unrelated – as a value to life, as a physiologically
inherent characteristic of men and that feeds human plasticity force. Oswald
de Andrade, a self-confessed reader of Nietzsche, especially in his
manifestos and philosophical essays, rescues and re-elaborates the notion of
anthropophagy, world view and philosophical posture in which the other
feeds the transformation of the self, organically and morally (that is, as
nutrition for the body, in the case of ritual in its origin, and also for the
creation of new values), in which, therefore, he also values alterity as a value
to life. Oswald developed his own typology, that of messianic man and
anthropophagic man (patriarchy and matriarchy), proposing his analysis of
the value of Western moral values for life, in which his critique of
priesthood morality is very close to Nietzsche s critique of that. That one,
for The German philosopher, is the strongest slave and herd morality that
was developed by the western man. Among the approximations and
differences, the thinkers indicate paths to think about alterity as a valuable
element to human plasticity and, thus, to life, although homogenization
tendencies we can identify along the History and still in the present.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:61027 |
Date | 01 November 2022 |
Creators | ELIS DE AGUIAR BONDIM RIBEIRO DE OLIVEIRA |
Contributors | PEDRO DUARTE DE ANDRADE, PEDRO DUARTE DE ANDRADE, PEDRO DUARTE DE ANDRADE |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | TEXTO |
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