[pt] Numa perspectiva objetiva, o fundamento da responsabilidade moral é
objeto do Livro IX das Leis, onde Platão desenvolve sua teoria da punição,
baseada na tese de que ninguém comete o mal voluntariamente, que ele concilia
com a necessidade prática de graduar as penas, a partir da distinção tradicional
entre delitos voluntários e involuntários. Identificando no delito dois aspectos
independentes, dano e injustiça, Platão afirma que o primeiro requer apenas
reparação, enquanto a punição é concebida como medida destinada a melhorar a
alma afetada por emoções desordenadas ou por ignorância, causas da injustiça. O
problema em foco apresenta também um aspecto subjetivo: independentemente
das vantagens sociais da justiça, da ótica exclusiva do indivíduo em sua relação
consigo próprio, haveria alguma razão que justificasse ser justo? Para Platão, a
injustiça causa uma ruptura da harmonia da alma, rompendo o diálogo interno do
eu consigo mesmo e afetando a capacidade de pensar. Nos diálogos tardios, à
medida que evolui a concepção de Platão acerca das fontes do mal, resta claro que
a punição pelas injustiças não depende da sobrevivência da alma após a morte,
pois decorre da lei universal de atração dos semelhantes, por força da qual a
maldade leva o injusto a conviver com o mal, devastando sua vida interior / [en] From an objective point of view, Book IX of the Laws is concerned with
the foundation of moral responsibility, a central issue in Plato s theory of
punishment, which couples the socratic thesis that no one commits evil willingly,
with the practical necessity for a gradation of penalties, which is derived from the
traditional distinction between voluntary and involuntary crimes. Distinguishing
two independent aspects of wrongdoing – damage and injustice – Plato argues that
the former requires only atonement, whereas punishment is conceived as a
measure to improve the soul, affected by disordered emotions or ignorance,
causes of injustice. This question also presents a subjective aspect: from the
agent’s point of view, in his relation with himself and disregarding the social
advantages of justice, is there any reason to be fair? For Plato, injustice tears the
soul’s harmony, preventing the internal dialogue of a person with himself and
affecting his capacity to think. In his later dialogues, as Plato’s conceptions about
the sources of evil evolve, it remains clear that punishment for injustice does not
depend on the soul’s survival after death, but springs from a universal law
according to which like clings to like, a principle which determines that evil
induces the wicked to live with evil, disrupting his inner life.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:17974 |
Date | 12 August 2011 |
Creators | SILVIA REGINA DA SILVA BARROS DA CUNHA |
Contributors | MAURA IGLESIAS |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | TEXTO |
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