[pt] Por forte influência filosófica do pensamento platônico,
não se pode
esconder que o desprezo do corpo assinalou uma parte do
pensamento cristão.
Esta mentalidade impregnou fortemente o passado, mas, até
os dias de hoje,
encontra ressonância em novas formas religiosas. No mundo
moderno, o dualismo
entre alma e corpo reencontrou a sua expressão mais clara
em Descartes, com o
cogito, ergo sum. Na pós-modernidade, o extremo oposto se
apresenta, com a
valorização inadequada do corpo, gerando um novo dualismo.
Dentro de nossa
pesquisa tratamos da sacramentalidade, com toda força de
sua expressão
simbólica que eficazmente comunica a graça, desgarrando-
nos de qualquer visão
extremista - seja aquela trazida pelo dualismo platônico,
que valoriza a alma e
despreza o corpo; seja a da pós-modernidade, que torna o
corpo objeto - Na
linguagem bíblica, o homem que sustentamos, criado por
Deus, não é um ser
dividido, esfacelado, dualista, mas é um ser completo, com
unidade indivisível de
corpo animado, de totalidade, em condição corpórea. Nosso
papel ao longo deste
trabalho foi exatamente estabelecer o lugar do corpo
dentro do contexto teológicosacramental.
Os sacramentos, que são realidades temporais e
espirituais, são sinais
visíveis da graça invisível. Portanto, o corpo guarda sua
validade para a teologia
sacramental e não pode ser desprezado, como propunha o
dualismo, nem
instrumentalizado -perdendo sua função simbólica- como
propõe a pósmodernidade.
Nesta dissertação, visamos resgatar e valorizar a
corporeidade
sacramental, para que ele - o corpo - seja visto na sua
linguagem simbólica e
comunicativa. O principal sistema que a justifica e é a
razão da corporeidade
sacramental é o próprio caminho utilizado por Deus: a
encarnação, que respeitou
nossa condição espiritual-corpórea. Jesus é o sacramento
do Pai, é a imagem
visível do Deus invisível; assim, através da corporeidade,
o Verbo, que assumiu a
nossa carne, nos falou no passado, e através da
visibilidade dos símbolos
sacramentais nos fala no presente. / [fr] On ne peut pas masquer qu`une partie de la pensée chrétienne, en vertu de
la forte influence philosophique de la pensée platonicienne, a été marquée par le
mépris du corps. Cette mentalité impregna fortemente le passé, mais, jusqu
aujourd hui, elle a des resonances dans les nouvelles expressions religieuses. Dans
le monde moderne, la dualité âme/corps a retrouvé chez Descartes son expression
la plus évidente, avec le cogito ergo sum. Dans la post-modernité l extrême
contraire se présente, avec la valorisation inadéquate du corps, ce qui engendre un
nouveau dualisme. Dans notre recherche, nous traitons la sacramentalité avec
toute la force de son expression symbolique, qui communique efficacement la
grâce, en nous écartant de toute conception extrême - soit celle née du dualisme
platonicien, qui valorise l`âme et méprise le corps; soit celle de la post-modernité,
qui fait du corps un objet. Dans le langage biblique, l`homme, selon notre thèse,
créé par Dieu, n est pas un être dépiécé, dualiste, mais complet possédant une
unité indivisible de corps animé, une totalité, dans une condition corporelle. Notre
fonction tout le long de ce travail a été précisément d établir le lieu du corps dans
le contexte théologico-sacramentel. Les sacrements, qui sont des réalités
temporelles et spirituelles, sont des signes visibles de la grâce invisible. Ainsi, le
corps garde sa validité par rapport à la théologie sacramentelle et il ne peut pas
être méprisé, comme proposait le dualisme, ni instrumentalisé - en perdant sa
fonction symbolique - comme veut la post-modernité. Dans cette dissertation,
nous avons eu comme but de racheter et valoriser la corporalité sacramentelle,
pour que le corps soit compris dans son langage symbolique et communicatif. Le
principal système qui justifie et qui est la raison même de la corporalité
sacramentelle, c`est la voie dont Dieu lui-même s`est servi: l`Incarnation, qui a
respecté notre condition spirituelle-corporelle. Jésus est le sacrément du Père, il
est l`image visible du Dieu invisible; par la corporalité donc, le Verbe, qui a pris
notre chair, nous a parlé dans le passé; et il nous parle encore aujourd hui par
l intermédiaire des symboles sacramentaux.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:6932 |
Date | 25 August 2005 |
Creators | MARCELO CHELLES MORAES |
Contributors | MARIA CLARA LUCCHETTI BINGEMER |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | French |
Type | TEXTO |
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