Este trabalho se propôs a analisar a representação do passado na série pedagógica publicada entre 1916 e 1920 por Achylles Porto Alegre (1848-1926). Homem de letras atuante no meio intelectual porto-alegrense desde o século 19, o autor se dedica, ao final da vida, à instrução das gerações mais novas de rio-grandenses. Para isso, oferece ao público uma série de pequenos livros nos quais, a partir da sua memória e testemunho, oferece exemplos de personagens e acontecimentos dignos de imitação. A análise se organiza assim em torno de três eixos explicativos. O primeiro procura identificar os mecanismos mobilizados por Achylles, para além da dimensão fiduciária do testemunho, na construção de si como narrador autorizado das coisas do passado, através da análise dos prefácios de suas obras. Foi possível perceber que o autor atua no processo de manutenção da memória regional, encontrando, nela, um lugar para si e suas experiências que dá a ler. O segundo eixo explicativo procura definir o estatuto da crônica enquanto gênero de fronteira no qual o registro cronológico do passado estabelece laços com os usos criativos da linguagem próprios da literatura, ao mesmo tempo que visa compreender as aproximações e afastamentos estabelecidos pelo autor entre os escritos da trilogia educativa e a literatura de imaginação. Nesse sentido, a crônica se apresenta como o veículo textual/discursivo propício para uma representação do passado que busca instruir e agradar. Com a história e a literatura operando como instrumentos pedagógicos do ser nacional e regional, onde ambos os gêneros guardam respeito ao referente, a marca que afasta o empreendimento educativo da literatura de imaginação é a da anterioridade da coisa atestada pela memória a partir da qual Achylles afirma a verdade do passado relatado. Por fim, o terceiro eixo visa a compreender a noção de história veiculada pelas biografias exemplares de homens ilustres, que articula uma concepção de tempo que será confrontada com as temporalidades da memória e do progresso que atravessam sua escrita. Desta forma, vê-se, num momento de desorientação temporal, o passado, como campo de experiência, novamente orientando o futuro, horizonte de expectativa, ao contrário do que se poderia esperar após o advento da modernidade. / This study aims to examine the past representation in the educational series published between 1916 and 1920 by Achylles Porto Alegre (1848-1926). Man of letters active in Porto Alegre’s intellectuality since the 19th century, at the end of this life, the author dedicates himself to the education of younger generations of rio-grandenses. To do so, he offers the public a series of small books in which, based in his memory and testimony, he provides examples of characters and events worthy of imitation. So, the analysis is organized around three axes of explanation. The first seeks to identify the mechanisms mobilized by Achylles, beyond the fiduciary dimension of the testimony, in order to construct himself as a allowed narrator through the analysis of the prefaces of his books. It was revealed that the author works in the maintenance of the local memory, finding in it a place for himself and his presented experiences. The second explanatory axis seeks to define the chronicle’ status as a border genre in which the chronological record of the past links with the creative uses of language found in literature, as well to understand the approaches and detachments established by the author between the writings of the educational trilogy and imaginative literature. In this sense, the chronicle is presentes itself as the textual/discursive vehicle to a past’s representation that seeks to educate and please. With history and literature operating as teaching tools of nationality and regionality, where both genders guard about the referent, the trace that keeps away the educational enterprise of imaginative literature is the thing’s precedence, attested by the memory from which Achylles affirms the truth of the reported past. Finally, the third axis priority is to understand the sense of history conveyed by exemplary biographies of ilustrious men, that articulates a conception of time that will be confronted by the temporalities of memory and progress that go through his writing. Thus, we see in a moment of disorientation in time, the past, as a field of experience, again directing once again the future horizon of expectation, contrary to what one might expect after the advent of modernity.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:lume56.ufrgs.br:10183/56505 |
Date | January 2012 |
Creators | Antoniolli, Juliano Francesco |
Contributors | Rodrigues, Mara Cristina de Matos |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Format | application/pdf |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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