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O dispositivo do olhar no cinema de horror found footage

A tese investiga como se estabelece o dispositivo do olhar enquanto experiência estética no cinema de horror found footage a partir da materialidade cinematográfica. Realiza-se uma discussão acerca do modo como esses filmes circulam no gênero horror com o cruzamento de teorias de cinema, tecnologia e da Comunicação. A concepção de dispositivo do olhar é pensada, especialmente, a partir de Jonathan Crary, Michel Foucault, Giorgio Agamben, Laurent Mannoni, Hans Ulrich Gumbrecht, Vilém Flusser e Philippe Dubois. O dispositivo do olhar é, portanto, delineado como o comportamento visual e de uso de artefatos tecnológicos que aparece nos filmes e o modo como esse olhar de dentro do filme pode afetar a forma de ver do espectador. Não é como a tecnologia é representada nos filmes, mas a estratégia dessa e seus respectivos discursos em intentar o apelo sensível do público. O problema de pesquisa é: Como se constitui o dispositivo do olhar nos filmes de horror found footage e o que esse fenômeno pode indicar da nossa relação com o cinema e a tecnologia na contemporaneidade? De que modo é possível discutir a experiência estética com o cinema de horror a partir dessas produções? Assim, o objetivo geral da pesquisa é compreender como opera o dispositivo do olhar no cinema de horror found footage e a maneira como ele propõe experiências estéticas, a fim de perceber características da nossa relação com o cinema e a tecnologia na contemporaneidade. Já os objetivos específicos são os seguintes: a) Problematizar o dispositivo do olhar no cinema, sua produção imagética nos respectivos aspectos tecnológicos, sociais e culturais, a partir do horror contemporâneo; b) Estudar aspectos estéticos e narrativos do gênero horror com ênfase nos filmes found footage; c) Discutir especificidades da imagem no found footage; d) Analisar os filmes que compõem o corpus, discutindo-os a partir das movimentações do dispositivo do olhar no horror e das experiências estéticas que potencializam. Entre alguns pressupostos abordados pela tese estão os de que o horror found footage é um fenômeno pós-sala de cinema, ainda que muitas produções circulem em grandes espaços de shopping centers e sejam lançadas em 3D. Ou seja, ver filmes é cada vez mais uma atividade privada e individual. O espectador está sozinho, do mesmo modo que as personagens que correm pela noite escura com uma câmera na mão. A visualidade dos games, a navegação pelas interfaces computacionais ou dispositivos móveis, também deixam marcas nas narrativas com esse estilo. Há ainda diversos tipos de imagens, texturas, cores diferentes que até o desenvolvimento do found footage não haviam sido exploradas no gênero horror. Essas imagens intentam ambiências, conceito de Gumbrecht (2014) que auxiliou a análise. As texturas estranhas, as falhas, ruídos, os “erros” dos equipamentos potencializam as experiências a partir de atmosferas, muitas dessas de aparelhos visuais que não são mais consumidos massivamente, como o VHS. Há sim uma presentificação do passado desses artefatos, dos modos como eram usados, um retorno de hábitos que são reconfigurados pelo contexto do horror. As ambiências possíveis pelas imagens, a perseguição pela experiência tátil com a narrativa, marcam um fenômeno contemporâneo de busca pela apreensão do tempo, das memórias, da vida. Um desejo de possuir as imagens e seus mundos, algo que se sobrepõe à intenção de registro ou de representação do mundo. Podemos afirmar ainda que a ideia de Gumbrecht (2015) do presente amplo se aplica aos filmes estudados nesse aspecto. / This thesis investigates the establishment of the apparatus of seeing as an aesthetic experience within found footage horror movies, from their cinematographic materiality. A discussion about the way as these movies circulate in horror genre is made through crossing film, technology and Communication theories. The apparatus of seeing conception is thought, especially, from authors such as Jonathan Crary, Michel Foucault, Giorgio Agamben, Laurent Mannoni, Hans Ulrich Gumbrecht, Vilém Flusser and Philippe Dubois. The apparatus of seeing is, therefore, thought as a behavior, both visual and regarding the usage of technological artifact, that appears within the movies and in the way how this seeing from inside the film can affect the spectator habit of viewing. This is not about the representation of technology, but its strategy and its discourses to propose sensitive appeal in the public. The research problem is: How the apparatus of seeing is composed in found footage horror movies and what can this phenomenon denote about our relation with cinema and technology in contemporaneity? How is it possible to discuss the aesthetic experience with horror movies from these productions? Thus, the main objective is to understand how the apparatus of seeing operates in found footage horror movies and how it proposes aesthetic experiences, in order to see characteristics of our relation with cinema and technology in contemporaneity. The specific objectives are: a) To problematize the apparatus of seeing in cinema, its imagistic production in the respective technological, social and cultural aspects, from contemporary horror genre; b) To study aesthetics and narrative aspects of the horror genre, especially the found footage films; c) To discuss the specificities of the image within found footage; d) To analyze the corpus of films, discussing them from changes of apparatus of seeing and the aesthetic experiences that it potentiates. Among the assumptions the thesis approaches, are that the found footage is a post-cinema phenomenon, although many productions circulate in large spaces of shopping centers and are released in 3D. In other words, watching movies is increasingly a private and individual activity. The spectator is alone, just like the characters that run through the dark night with a camera in their hands. The game visuality, the navigation through computational interfaces or mobile devices, also leave marks in the narratives marked by this style. There are still several types of images, textures, different colors that, until the development of found footage, had not been explored in the horror genre. These images attempt to establish ambiences, a concept of Gumbrecht (2014) that aided the analysis. The strange textures, the flaws, the noises, the "errors" of the equipments potentiate experiences from atmospheres, many of them of visual devices that are no longer massively consumed nowadays, like the VHS. There is rather a presentiment of the past of these artifacts, the ways that they were used, a return of habits that are reconfigured by the context of horror. The possible ambiences of the images, the persecution for a tactile experience with the narrative, mark a contemporary phenomenon of search for the apprehension of the time, the memories, the life. A desire to possess the images and their worlds, something that overlaps the intention of recording or representing the world. We can also affirm that the idea of Gumbrecht (2015) of the broad present applies to the films studied in this aspect.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:www.lume.ufrgs.br:10183/158681
Date January 2017
CreatorsAcker, Ana Maria
ContributorsRossini, Miriam de Souza
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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