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As cidades da Companhia Bata (1918-1940) e de Jan Antonin Bata (1940-1965): relações entre a experiência internacional e a brasileira / The cities of Bata\'s company (1918-1940) and of the Jan Antonin Bata (1940-1965): relations between international and national experiences

Idealizado como uma \"cidade industrial ideal\", o antigo núcleo industrial de Batatuba, situado no município de Piracaia (SP, Brasil), é praticamente invisível na historiografia das realizações urbanísticas no Brasil, embora em seu projeto sobressaiam seu caráter social e sua filiação ao pensamento moderno. Batatuba integrara um programa internacional de cidades destinado a concretizar, arquitetônica e urbanisticamente, a expansão mundial da Companhia calçadista Bata, que se iniciara e florescera no entreguerras. Ainda que emissárias dos princípios da racionalidade e eficiência de Taylor e Ford, as ações dos dirigentes da Companhia - inicialmente as de seu fundador, Tomas Bata (1876-1932, chamado de Henry Ford da Europa Central) e depois as de Jan Antonin Bata (1898-1965) - contribuíram para inaugurar novas referências nos campos do planejamento urbano e territorial, da organização industrial e das relações de trabalho naquelas décadas. O núcleo industrial de Batatuba fora iniciado por Jan Antonin Bata por volta de 1940, sendo possível notar a permanência, tanto no desenho de sua planta urbana, quanto nos remanescentes atuais, do \"vocabulário\" urbanístico replicado nas \"cidades-em-série\" da Companhia. Assim, não seria gratuita a flagrante semelhança do plano de Batatuba com outros planos para uma cidade industrial ideal, como Batovany-Partizanske (atual Eslováquia). Durante a expansão internacional da empresa nos anos 1930 este vocabulário desenvolvera-se gradualmente em Zlín (atual República Tcheca), então a cidade-sede da Companhia Bata, e por meio de seu escritório de arquitetos, sendo a base desta linguagem a racionalidade no uso de materiais e técnicas construtivos e a padronização e reprodutibilidade. Esta orientação se expressou nos planos urbanos, onde os bairros residenciais revelavam a preferência pelo modelo da cidade-jardim e o lema de Tomas Bata \"Trabalhar coletivamente e viver individualmente\". Aspecto fundamental desta evolução foi a aproximação da empresa com os arquitetos dos CIAM (Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna) e alguns de seus expoentes, como Le Corbusier, atraídos pelo ideário social, arquitetônico e urbanístico da Companhia e pelas possibilidades projetuais proporcionadas pelo porte global desta. Elemento de ruptura desta evolução, a Segunda Guerra Mundial representou uma inflexão no modus operandi da Companhia. Por volta de 1940, Jan Antonin Bata iniciou nova etapa nos negócios, adquirindo no Brasil, onde passou a residir definitivamente, as empresas Companhia de Viação São Paulo - Mato Grosso e Companhia Comercial Alto-Paraná. Nesta fase as ações de Jan Bata adquiriram nova tonalidade. Com suas empresas, participa do desbravamento do oeste paulista e do sul do então Mato Grosso, planejando e fundando cidades e núcleos de caráter agroindustrial: Vila CIMA (Companhia Industrial, Mercantil e Agrícola), Mariápolis, Bataguassu, Batayporã, Kennedyba - intentando, afinal, contribuir para incorporar os \"espaços vazios\" de Vargas à economia brasileira. No que se refere às realizações arquitetônicas e urbanísticas, a fase brasileira de Jan Bata, por sua quase total ausência na historiografia, ainda carece de melhor conhecimento e análise. Este trabalho pretende distinguir esta fase - situada entre os anos de 1940 e 1965 - e relacioná-la com as cidades da Companhia Bata criadas durante os anos do entreguerras (1918-1940). Busca analisar, preliminarmente e à luz do Movimento Moderno e das questões locais, em que medida aquela constância programática exercida pela Companhia, no planejamento da vida coletiva, do trabalho e da produção industrial, de expressão urbanística e de cunho econômico, foi seguida no ambiente brasileiro sendo preservada ou reinventada. / Idealized as an \"ideal industrial city\", the old industrial core of Batatuba, located in Piracaia (SP, Brazil) is virtually invisible in historiography of urban achievements in Brazil - although its project manifests a social character and an ascendancy of modernist thinking. Batatuba had integrated an international cities\' program aimed to materialize in architectonic and urban ways the global expansion of Bata footwears company, which began and flourished during the 1920-1930 decades. Although reiterating Taylor\'s and Ford\'s rationality and efficiency principles, the actions of Bata Company\'s directors (the first, Tomas Bata, 1876-1932, so-called \"Henry Ford of Central Europe\", and afterwards, Jan Antonin Bata, 1898-1965) added to inaugurate new references on urban and territorial planning, industrial organization and labor relations in those decades. The industrial core of Batatuba had been launched by Jan Antonin Bata by 1940, and its possible to notice the persistence of urban vocabulary replicated in the companys serial-cities, even in its urban plan and in its remaining buildings. In this sense, it wouldn\'t be a coincidence the clear similarity between Batatuba\'s plan and others Bata\'s \"ideal industrial city\", such as Batovant-Partizanske (Slovakia). During the company\'s international expansion during the 1930s that vocabulary had been gradually developed by Bata\'s architects in Zlín (Czech Republic nowadays, then the host city of the Company). Rationality in material\'s use and construction techniques, standardization and reproducibility turned into the basis of that language. Those orientations were expressed in urban plans, where residential neighborhoods revealed the preference for a garden-city model and for Tomas Batas motto: \"Working collectively and living individually.\" An important feature of that development was the company\'s approach to CIAM\'s (International Congresses of Modern Architecture) and some of its exponents - such as Le Corbusier, attracted by Bata\'s social, urban and architectonic ideas and by the possibilities offered by company\'s global extents. Second World War represented a collapse on that evolution and a shift in Bata\'s modus operandi. By 1940, Jan Antonin Bata started a new stage in his business, buying in Brazil - where he would live definitively the Road Company Sao Paulo-Mato Grosso and the Alto Paraná Commercial Company. At this stage, Bata\'s actions acquired new hues. With his companies, he participates in the profiteering of the West of São Paulo and Southern of the old Mato Grosso States, planning and founding cities and urban cores marked by an agro-industrial character: Vila CIMA (Industrial, Commercial and Agricultural Company Town), Mariápolis, Bataguassu, Batayporã, Kennedyba searching for, at least, contribute to incorporate the Brazilian empty spaces to national economy during Vargas years. In relation to urban and architectural achievements, the Brazilian phase of Jan Bata - by its almost complete absence in historiography - still needs better understanding and analysis. This paper aims to distinguish this stage - located between the years 1940 and 1965 - and relate it to Bata\'s cities created during the interwar years (1918-1940). Besides, this paper searches for analyze - preliminarily and under local issues and Modern Movements focus in which terms that programmatic constancy featured by Bata\'s (on planning collective life, work, industrial production in urban and economic ways) would been maintained or reinvented in Brazil.

Identiferoai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-24012013-154637
Date01 November 2012
CreatorsCosta, Georgia Carolina Capistrano da
ContributorsBuzzar, Miguel Antonio
PublisherBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Source SetsUniversidade de São Paulo
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
TypeDissertação de Mestrado
Formatapplication/pdf
RightsLiberar o conteúdo para acesso público.

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