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O “instinto materno” como uma construção de gênero: discussões sobre o desejo de amamentar

Considera-se que a gravidez e o parto são processos sociais por envolverem família e
comunidade, mas especialmente singulares por ser a experiência mais individual que uma
mulher pode ter. No entanto, tem sido enfatizada como um processo predominantemente
biológico onde é valorizada unicamente sua condição patológica apesar dos esforços e
investimentos em humanização do SUS nos últimos anos. Nessa perspectiva pode-se pensar
em como as questões de gênero perpassam a construção de políticas públicas maternoinfantis,
ficando evidente a dificuldade de desvincularem o estereótipo da mulher
instintivamente mãe e, portanto, capacitada a dar conta de tudo que advém de uma gestação.
Não se pode deixar de observar que as mudanças ocorridas no Sistema Único de Saúde - SUS
referentes ao parto e puerpério foram marcadas pela aniquilação do direito da mulher sobre o
corpo, institucionalizando a relação mãe/bebe. Tal interferência constante tem contribuindo
para a exclusão da participação de mulheres na elaboração das mesmas resultando em práticas
e políticas patriarcais. Como é o caso da política de aleitamento materno que, apesar de ter
sido responsável por colaborar com a diminuição do desmame precoce, tem, se apropriado do
corpo da mulher através da obrigatoriedade com que é manejada nos Hospitais Amigos da
Criança tirando o direito de escolha da puérpera. Dessa maneira, este trabalho buscou discutir
a prática do aleitamento materno como um constructo social e de gênero constratando ao que
se entende comumente por comportamento natural e/ou instintivo. Acredita-se que falar em
humanização no aleitamento requer antes de qualquer coisa o reconhecimento da
individualidade do atendimento a gestante permitindo o estabelecimento de um vínculo único,
possibilitando uma relação menos desigual e autoritária, devolvendo a mulher à autonomia
sobre o seu corpo e sobre o processo que se sente mais apta a viver. / It is considered that pregnancy and childbirth are social processes involved family and
community, but especially unique for being the individual experience a woman can have.
However, it has been emphasized as a predominantly biological process which is only valued
his pathological condition despite the efforts and investments in SUS humanization in recent
years. From this perspective one can think about how gender issues permeate the construction
of maternal and child public policies, evidencing the difficulty of severance the stereotype of
women instinctively mother and therefore able to account for everything that comes from
pregnancy. It must be noted that the changes in the Health System - SUS related to delivery
and postpartum period were marked by the annihilation of the right of women on the body,
institutionalizing the mother/baby. This constant interference has contributed to the exclusion
of women's participation in their development resulting in patriarchal practices and policies.
As is the case of breastfeeding policy that, despite being responsible for supporting the
reduction of early weaning, has appropriated the women's body through the obligation that is
managed in hospitals baby-friendly making the right choice the puerperal woman. Thus, this
study aimed to discuss the practice of breastfeeding as a social construct and gender
constratando to what is commonly understood by natural behavior and / or instinctive. It is
believed that speaking in humanization lactation requires first of all the recognition of the
individuality of care for pregnant women allowing the establishment of a single bond,
allowing a less unequal and authoritarian relationship, returning the woman to autonomy over
their bodies and the process that feels more able to live.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.uft.edu.br:11612/167
Date28 November 2014
CreatorsCalafate, Jaqueline Medeiros Silva
ContributorsParente, Temis Gomes
PublisherUniversidade Federal do Tocantins, Palmas, Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional - PPGDR, BR
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFT, instname:Universidade Federal do Tocantins, instacron:UFT
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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