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A hora da estrela: uma narrativa que se desdobra sobre si mesma, tecendo e destecendo retratos do(s) outro(s) e retratos de si / A hora da estrela: un récit qui se tourne sur soi même, en composant et en décomposant des portraits de l'autre et des portraits de soi.

Malgré tout ce qui a déjà été dit sur Clarice Lispector, il y a encore beaucoup à dire. Avec ce travail, on ose parcourir un chemin qui nos paraît doublement peu exploité. Dun côté, on se tourne vers les pauses, les lacunes, les suspensions du dire qui se matérialisent en coupures du fil discursif de la littérature de Clarice; plus spécifiquement dans les interruptions qui apparaissent avec les tirets et les parenthèses et là on passe à linterrogation dans A hora da Estrela. De lautre côté, on apporte une approche discursive, cest-à-dire, on a comme support théorique et méthodologique LAnalyse du Discours, dont les auteurs-piliers sont Pêcheux et Orlandi. Cette dernière chercheuse, en déplaçant les études de la ponctuation du domaine de la grammaire vers le domaine du discours, considère la ponctuation le lieu où le sujet travaille ses point de subjectivation, la façon dont il interprète (Orlandi, 2005). La ponctuation, vue discursivement, ouvre des fentes du non-dire dans le dire, en travaillant son (in)complétude. Les tirets, les parenthèses et linterrogation, chez Clarice, coupent successivement la linéarité de la langue en exposant ses voisins, ses méandres, ses impasses. On analysera le fonctionnement discursif de ces trois signes de ponctuation dans le dire du narrateur de A hora da estrela, et on analysera aussi les positions-sujets de narrateur qui gagnent forme à chaque fonctionnement de ces signes: position- sujet omnipotent/omniscient, position-sujet du narrateur omnipotent et position-sujet du narrateur vacillant. Pour ce travaille, on sappuie aussi sur les réflexions théoriques à propos de lhétérogénéité de la langue proposées par Authier-Revuz et on apporte le concept dénonciation vacillante formulé par Paulillo. On peut dire que, dans les incises de cette nouvella de Clarice, jouent des positions-sujets qui se polémisent, qui font léquivoque. Ces positions traduisent une narrative qui soit décrit la possibilité du récit, soit avoue limpossibilité de capturer cet autre par le mot: narrateur vacillant, narrative vacillante / Muito já se disse sobre Clarice Lispector, muito há, no entanto, a se dizer ainda. Com este nosso trabalho, ousamos trilhar um caminho que nos parece duplamente pouco explorado: por um lado, nos debruçamos sobre as pausas, as lacunas, as suspensões do dizer que se materializam em cortes no fio discursivo da literatura clariceana; mais especificamente nas interrupções que comparecem por meio de travessões, parênteses e aí estendemos para a interrogação em A Hora da Estrela. Por outro lado, trazemos, para este nosso objetivo, uma abordagem discursiva, isto é, temos como suporte teórico-metodológico a Análise de Discurso cujos autores basilares são Pêcheux e Orlandi. Esta autora, ao deslocar o estudo da pontuação do campo da gramática para o domínio do discurso, considera a pontuação como o lugar em que o sujeito trabalha seus pontos de subjetivação, o modo como interpreta (Orlandi, 2005). A pontuação, vista discursivamente, abre fendas do não-dizer no dizer, trabalhando sua (in)completude. Os travessões, os parênteses e a interrogação, em Clarice, rompem repetida e sucessivamente a linearidade da língua expondo seus vazios, seus meandros, seus impasses. Analisaremos o funcionamento discursivo desses três sinais de pontuação no dizer do narrador de A Hora da Estrela, assim como investigaremos as posições-sujeito do narrador que se delineiam em cada funcionamento desses sinais: posição-sujeito de narrador onipotente/onisciente, posição-sujeito de narrador impotente e posição-sujeito de narrador vacilante. Para nosso trabalho, apoiamo-nos também nas reflexões teóricas acerca da heterogeneidade da língua, propostas por Authier-Revuz e trazemos o conceito de enunciação vacilante formulado por Paulillo. Podemos dizer que, nas incisas desta novela clariceana, jogam posições-sujeito que se polemizam, que se equivocam. Essas posições refletem uma narrativa que ora descreve a possibilidade de narrar, de descrever o outro, ora confessa a impossibilidade de capturar esse outro pela palavra: narrador vacilante, narrativa vacilante

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/urn:repox.ist.utl.pt:UERJ:oai:www.bdtd.uerj.br:1862
Date21 March 2011
CreatorsFátima Almeida da Silva
ContributorsVanise Gomes de Medeiros, Vera Lucia de Albuquerque Sant'Anna, Flávia Trocoli Xavier da Silva
PublisherUniversidade do Estado do Rio de Janeiro, Programa de Pós-Graduação em Letras, UERJ, BR
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageFrench
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UERJ, instname:Universidade do Estado do Rio de Janeiro, instacron:UERJ
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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