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Morte pela própria mão

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Florianópolis, 2013 / Made available in DSpace on 2013-12-05T22:23:07Z (GMT). No. of bitstreams: 1
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Previous issue date: 2013 / As mortes pela própria mão, ou ?suicídio?, no interior das comunidades de Alto Bío Bío, no Chile, tiveram um aumento alarmante nos últimos dez anos. Este trabalho visa compreender através das narrativas das próprias pessoas Mapuche Pewenche qual é a significação atribuída a essas mortes. A dinâmica do trabalho de campo ao longo de cinco meses permitiu, sobretudo, conviver com pessoas Pewenche que tinham familiares mortos nos últimos dez anos por ?suicídio?. De suas narrativas emerge um mundo polissêmico, onde não cabe uma concepção monolítica dos ?suicídios?, que para surpresa da pesquisadora resultam num tema que se abre na memória, fluindo sem subterfúgios, emergindo múltiplo e tendo como pano de fundo a concepção da morte. A morte é o tema de entrada e saída, para compreender as mortes pela própria mão acontecidas nas comunidades. Enquanto uma viagem para kamapu (outra terra), a morte é nosso destino nessa terra e é abordada com a naturalidade da vida. Assim o campo mostrou que, seja qual for sua causa, a morte não é um tema tabu para os Pewenche. Também, demonstrou que os ?suicídios? não podem ser atribuídos exclusivamente a uma causa individual. A partir dos relatos enquanto narrativas emerge um mundo de sentidos, relatos hiper-realistas aparecem como um contraste frente à resistência geral de falar desse tema na chamada ?cultura ocidental?. Nos relatos, em seu sentido performativo, emerge um sentido novo, que organiza a experiência e permite dar uma compreensão inserida na cosmovisão dos Pewenche.Porém, as mortes acontecidas nos últimos anos reorientaram o sentido da vida de pelo menos uma parte já fragmentada dos Pewenche do Alto Bío Bío, especialmente nas comunidades que foram afetadas diretamente pelas represas construídas nos últimos anos. As machi ou xamãs, por sua vez, fizeram com que os Pewenche se olhassem e atendessem à voz dos espíritos que falam sobre as forças negativas que estão ganhando espaço e que provocam a desarticulação comunitária. As mortes são vistas como uma expressão do desequilíbrio, mas também por tratar-se de mortes inesperadas, segundo os xamãs. Elas falam de uma necessidade de reconstruir o território no sentido cosmo-político, ou seja, abrem um espaço para se pensar como um povo imerso em um contexto de globalização, com suas diferenças, num sentido político amplo, territorial, espiritual, ritual e social.A partir da concepção da morte dos Pewenche, a pesquisa de campo permite refletir e questionar a dimensão da morte na complexidade de olhares da(s) antropologia(s). O campo é um mergulho exploratório que abre um horizonte de trabalho rico e que ainda não foi suficientemente abordado pela antropologia. Só existem aproximações do campo da biomedicina, sob o risco de reduzir o fenômeno ao domínio do individual e o psíquico. <br> / Abstract: An alarming increase in death by their own hand, or ?suicides?, within the communities Mapuche Pewenche of the Alto Bío Bío has occurred in the last ten years. Through an analysis and understanding of the Mapuche Pewenche people?s own narratives and accounts, this investigation?s objective is to understand the significance that these indigenous cultures attribute to such deaths.Over the course of five months of field work, this investigation focused on the stories and experiences of Pewenche individuals who have lost relatives to ?suicide? in the last ten years. From their narratives, a polysemic world emerges that precludes a monolithic or singular conception of the suicides. To this investigator?s surprise, a theme of fluid memory, without subterfuges, emerges with a foundation in a conception of death. Death, as an entry and an exit, is the conception that allows these communities to understand the death by own hand. As much as a trip to the kamapu (other land), death is our destiny in this world and it is treated as naturally as life itself.Thus, field work demonstrated that, regardless of the cause, death is not taboo for the Pewenche of the Alto Bío Bío. The research further demonstrated that ?suicides? cannot be attributed, either solely or principally, to individual causes. From accounts that are as much stories as factual descriptions, there emerges a world of feelings and hyper realistic accounts that contrast with Western culture?s resistence to speak of the subject. Through such accounts, always shared performatively, a new meaning emerges, one that organizes the experience and provides it a significance that fits within the world view of the Pewenche people.The suicides of recent years re-oriented the meaning of life, or at least, a part of life already fragmented for the Pewenche in the Alto Bío Bío, especially for communities directly affected by dams. The Pewenche sought help from shamans or machi, who in turn encouraged the Pewenche to reflect on their own transformation and to heed the voices of the spirits that speak of negative forces. If ignored, these negative forces of the Earth would continue to gather strength and provoke communal dislocation, an imbalance reflected in suicides. In addition, as unexpected deaths, and as interpreted by the shamans, these deaths speak of the need to reconstruct the land in a cosmic-political way. Or, in other words, suicides open an intellectual space to consider how people of different political, territorial, spiritual and social characteristics chafe against being immersed in globalization.From the Pewenche?s conception of death, field work allows one to reflect on and question the dimension of death from different anthropologic perspectives. This field work is only an exploratory venture that reveals a rich horizon of investigation that has yet to be defined by anthropology, at least in Chile, where only rough appraisals exist in the field of biomedical sciences, which risks reducing the phenomenon to the psychic dominion of the individual.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufsc.br:123456789/106796
Date January 2013
CreatorsSolar López, Tania Larisa
ContributorsUniversidade Federal de Santa Catarina, Maluf, Sônia Weidner, Langdon, Jean
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Format128 p.| il.
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFSC, instname:Universidade Federal de Santa Catarina, instacron:UFSC
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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