O transtorno de ansiedade social (TAS) ou fobia social se caracteriza por ansiedade e medo excessivos em relação à situação social. Os indivíduos diagnosticados com TAS evitam às situações sociais temidas ou as suportam com imenso medo ou ansiedade. Além disso, sentem uma forte sensação de insuficiência e de inadequação diante do outro, também têm um medo excessivo do julgamento alheio, por supor que ele seja sempre desfavorável. Estudos epidemiológicos indicam que o TAS tem grande impacto funcional negativo, tanto social quanto educacional e ocupacional. Os fóbicos sociais, normalmente, recorrem ao saber médico que tende a apresentar uma resposta clara e objetiva: trata-se de um transtorno neurobiológico que deve ser tratado via medicação. A psicanálise se contrapõe às pretensões da ciência de reduzir o ser humano ao corpo biológico e à sedação indiscriminada do sofrimento psíquico através de psicofármacos. Diante disso, o objetivo deste trabalho é abordar o TAS sob a perspectiva da psicanálise. Esse trabalho se baseia em um modelo de pesquisa qualitativa em psicanálise, que permite compreender os fenômenos em sua complexidade. Segundo Freud, a fobia é um meio encontrado pelo indivíduo para se livrar da angústia, que é produzida pelo ego frente à ameaça de castração. O que ocorre na fobia, no fundo, é a substituição de um perigo interno, pulsional, por um externo, perceptivo. Através do conceito de narcisismo, Freud pôde concluir que os sentimentos de inferioridade e de insuficiência, bem presentes no TAS, são decorrentes da impossibilidade de satisfação narcísica através do ideal do ego e da dificuldade de obter satisfação da libido objetal. Já o conceito de superego lhe permitiu compreender que o neurótico atribui ao outro o olhar vigilante do superego, assim como seus julgamentos e suas censuras. Por isso, o fóbico social teme tanto o olhar alheio e tem a sensação clara de estar sendo observado pelo outro. Esse quadro foi denominado por Freud de delírio de observação, o qual revela o quanto a realidade psíquica é composta por fantasias que para o indivíduo adquire o mesmo estatuto de realidade da percepção. A partir dessas considerações, o transtorno de ansiedade social seria, para a psicanálise, uma tentativa do indivíduo de solucionar seu conflito psíquico. Diante da relevância deste quadro, a psicanálise, por meio de sua teoria e de sua prática clínica, pode contribuir para o alívio desse sofrimento humano / The social anxiety disorder (SAD) or social phobia is characterized by an excessive anxiety and fear towards the social situation. The individuals that are diagnosed with SAD avoid the feared social situations or they endure it with an immense fear and anxiety. Moreover, they feel a strong sensation of insufficiency and inadequacy towards others, they also have a great amount of fear of being judged, for supposing that they will always be negatively evaluated. Epidemiological researchs indicate that SAD has a great negative functional impact, in the social, educational and occupational areas. The social phobics usually look for a physician, who generally have a clear and objective answer: it is a neurobiological disorder that must be treated with medication. The psychoanalysis opposes the science´s pretension of reducing the human being to the biological body and to the indiscriminated use of medication to mitigate the psychic suffering. Therefore, the purpose of this thesis is to understand how the psychoanalysis perceives the SAD. This study is based on a qualitative psychoanalysis research, which allows the understanding of the phenomena in its complexity. According to Freud, the phobia is a way that the individual finds to get rid of the anguish that is produced by the ego when dealing with the castration threat. What truly occurs in the phobia is the substitution of an internal, pulsional, fear for an external, perceptive, one. Through the concept of narcisism, Freud could conclude that the feelings of inferiority and insuficiency, widely present on SAD, are consequences of the impossible narcissistic satisfaction through the ideal of the ego and the difficulty of obtaining the objectal libido satisfaction. And the concept of superego allowed him to understand that the neurotics attribute to the other the scrutiny eye of the superego, as well as its judgments and censure. Therefore, the social phobic fears the scrutiny from others and has the clear sensation of being observed by others. Freud has called these symptons observational delirium, which reveals how much of the psychic reality is composed by fantasys, that acquires the same status of the perception´s reality for the individual. From these considerations, the social anxiety disorder would be, for psychoanalysis, an attempt of the individual to solve his psychic conflict. Given the importance of this matter, psychoanalysis, through its theory and clinical practice, may contribute to the mitigation of this human suffering
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-26102018-165234 |
Date | 18 June 2018 |
Creators | Peres, Karoline Rochelle Lacerda |
Contributors | Priszkulnik, Leia |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | Dissertação de Mestrado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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