A cultura ocidental concebeu a interioridade do ser humano de vários modos segundo o clima cultural e o período histórico. No período colonial, a oratória religiosa oferece uma rica matriz para o estudo de saberes psicológicos veiculados na época. A cultura do século XVII, rotulada como barroco é uma cultura de persuasão, sendo a pregação religiosa o meio de comunicação de massa privilegiado. O objetivo desta dissertação é geral realizar uma reconstrução histórica dos saberes psicológicos contidos nos sermões do jesuíta Antônio Vieira (1608-1697). Procuramos descrever e analisar os conceitos de imaginação e memória e outros conceitos a eles relacionados. Utilizamos como fonte primária a obra de sermões publicada pelo jesuíta em edição moderna. A partir de elementos teóricos retirados seja da História Cultura, seja da História da psicologia, buscamos identificar o contexto de produção e as apropriações feitas pelos sujeitos dos conceitos evidenciados. A leitura dos sermões foi feita a partir da hipótese da unidade teológico-retórico-política de sua \"matriz sacramental\" proposta por Alcir Pécora. Os sermões estão embebidos em uma matriz epistêmica de orientação aristotélico-tomista. Trata-se de uma psicologia filosófica que remonta ao mundo helênico, porém no século XVII é perpassada pelo humanismo e cristianismo. Nesta concepção há tanto uma visão de homem (uma antropologia filosófica cristã), como um modelo de funcionamento do que poderíamos chamar de \"psiquismo\", identificado com o termo \"alma\". Segundo o pressuposto da época, potências internas e externas, paixões, apetites, vontade, intelecto e espírito são os elementos que compõem a alma. Imaginação e memória tem influência preponderante nesta dinâmica e no processo persuasivo. / Altogether, western culture conceived the interiority of us human beings in many ways according to cultural standards and historical periods. During the colonial period, religious oratory offers a rich environment for the study of psychological knowledge transmitted at that time. XVII century culture, labeled as baroque is a culture of persuasion, having religious preaching as the privileged means of mass communication. The main goal of this study was to historically reconstruct psychological knowledge contained in the sermons of the Jesuit priest Antônio Vieira (1608-1697). Our goal was to describe and analyze the concepts of imagination and memory as well as other concepts to these related. As a primary information source, a recent edition of his published sermons was used. From theoretical elements brought from either the History of Culture or the History of Psychology, we attempted to identify the production context and appropriations made by the subjects of the evidenced concepts. The reading of the sermons had as a starting point the hypothesis of the theological-rhetorical-political unity and its \"sacramental matrix\" proposed by Alcir Pécora. The sermons are embedded into an epistemic matrix of Thomist-Aristotelian orientation. We have spoken about a philosophic psychology originated in the Hellenic world, however, in the XVII century it is replaced by Humanism and Christianism. Under such conception, there is a vision both of the man (Christian philosophical anthropology), and of a working model of what we could call \"psychism\", identified by the term \"soul\". According to assumptions of that such period, internal and external forces, passions, appetites, desire, intellect and spirit are the elements that compose the soul. Imagination and memory have predominant influence in such dynamics and in the persuasive process.
| Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-21102013-161433 |
| Date | 22 March 2011 |
| Creators | Gontijo, Sandro Rodrigues |
| Contributors | Massimi, Marina |
| Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
| Source Sets | Universidade de São Paulo |
| Language | Portuguese |
| Detected Language | English |
| Type | Dissertação de Mestrado |
| Format | application/pdf |
| Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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