Introdução: Atualmente, estima-se que uma em cada mil mulheres grávidas sejam portadoras de câncer. A associação do diagnóstico de câncer ao de gestação coloca a mulher numa condição vulnerável para o desenvolvimento de transtornos psicológicos. Objetivo: Comparar e avaliar a associação entre sintomatologia de depressão, ansiedade, autoestima e vínculo materno-fetal entre gestantes com diagnóstico de câncer e gestantes sem diagnóstico de câncer. Propõe-se também a realizar a análise do discurso da vivência do período gestacional com e sem o diagnóstico de câncer. Método: Foi realizado estudo transversal com 63 gestantes com diagnóstico de câncer atendidas no Ambulatório de Tumores na Gestação de um hospital universitário terciário e 72 gestantes sem diagnóstico de câncer atendidas no Ambulatório de Pré-Natal de baixo risco do mesmo serviço. Foram utilizadas as escalas de Apego Materno-Fetal (MFAS), Hospital Anxiety and Depression (HAD), Subescala de Autoestima do Prenatal Psychosocial Profile (PPP) e entrevista semidirigida que investigou questões relacionadas à gravidez e ao adoecimento por câncer. Os testes Mann-Whitney, Kruskal-Wallis, de Dunn, qui-quadrado de Pearson e o teste exato de Fisher foram utilizados. O nível de significância adotado foi de 5%. A análise qualitativa foi realizada por meio da Técnica de Análise de Conteúdo. Resultados: Neste estudo constatou-se presença de sintomatologia depressiva em 33,3% das gestantes com câncer e em 18,1% nas gestantes sem câncer. Observou-se que as gestantes com diagnóstico de câncer quando comparadas às gestantes sem diagnóstico de câncer apresentaram menor renda per capita (p > 0,001), menor escolaridade (p=0,001), maior paridade (p < 0,001), menor trabalho remunerado (p=0,015), maior prevalência de depressão (p=0,041), ansiedade (p=0,039) e autoestima rebaixada (p < 0,001). Na análise feita por meio da combinação de diagnóstico de câncer e de depressão, evidenciou-se que a ansiedade estava associada à depressão e não com o diagnóstico de câncer. Com relação à autoestima, na combinação dos grupos evidenciou-se que o rebaixamento da autoestima estava relacionado à presença de câncer e não com a depressão. Aos resultados qualitativos foram atribuídas categorias em ambos os grupos: Descoberta da gestação, Vivência pré-natal, Relacionamento com o feto e Significado da gravidez. Em relação às entrevistas somente com as gestantes com câncer foram definidas as categorias: Como foi a descoberta da doença, Vivência do tratamento do câncer, Adaptação ao adoecimento, Crenças sobre o relacionamento com o feto, Vivência do câncer na gestação e Significado atribuído ao câncer. Conclusão: Este estudo evidenciou diferenças significativas entre presença de sintomatologia depressiva, ansiosa e baixa autoestima entre gestantes com diagnóstico de câncer quando comparadas com as sem o diagnóstico. Na análise qualitativa, constatou-se que com relação ao relacionamento com o feto foram identificadas as seguintes categorias: Conversa, Bom relacionamento, Medo, Alegria, Milagre e Não se relaciona. Com relação à Vivência do câncer na gestação foram evidenciadas as categorias: Enfoque negativo, Enfoque positivo, Dualidade e Normal. Sobre o significado da gravidez, as categorias foram: Enfoque positivo, Responsabilidade e Não sabe explicar. Em relação ao significado atribuído ao câncer, as categorias demonstradas foram: Morte/sofrimento, Cura/tratamento, Superação e Causa / Introduction: Currently, it is estimated that one in every thousand pregnant women are suffering from cancer. The association of the diagnosis of cancer with that of pregnancy puts a woman in a vulnerable condition for the development of psychological disorders. Objective: This Doctoral thesis aimed to evaluate and verify the association between symptoms of depression, anxiety, self-esteem and maternal-fetal bond among pregnant women diagnosed with cancer and pregnant women without a cancer diagnosis. It also proposed to understand the discourse of the experience of the gestational period with and without the diagnosis of cancer. Method: A cross-sectional study was performed with 63 pregnant women diagnosed with cancer, assisted at the Clinic of Tumors in Pregnancy of a tertiary university hospital and 72 pregnant women without a cancer diagnosis, assisted at the Clinic of Low-risk Prenatal care of the same service. These scales were used: MFAS for maternal-fetal bonding, Hospital Anxiety and Depression (HAD), self-esteem sub-scale of Prenatal Psychosocial Profile (PPP) and a semi-structured interview that investigated issues related to pregnancy and illness due to cancer. The Mann-Whitney, Kruskal-Wallis, Dunn, Pearson\'s chi-square and Fisher\'s exact tests were used. The level of significance was 5%. The qualitative analysis was performed by means of the Content Analysis Technique. Results: In this study, the presence of depressive symptoms was found in 33.3% of pregnant women with cancer and in 18.1% pregnant women without cancer. It was observed that the pregnant women diagnosed with cancer when compared to pregnant women without a cancer diagnosis presented lower per capita income (p > .001), lower level of schooling (p=0.001); higher number of pregnancies (p < 0.001), lower paid job (p=0.015), higher prevalence of depression (p=0.041), anxiety (p=0.039) and lowered self-esteem (p < 0.001). In the analysis made through the combination of cancer diagnosis and depression, it was shown that anxiety was associated with depression and not with the diagnosis of cancer. Regarding the self-esteem, the combination of the groups showed that the lowering of self-esteem is related to the presence of cancer and not with depression. These categories were attributed to the qualitative results in both groups: Pregnancy discovery, Prenatal experience, Relationship with the fetus and Meaning of pregnancy. With respect to the interviews only with the pregnant women with cancer, the following categories were defined: How was the discovery of the disease, Cancer treatment experience, Adaptation to the illness, Beliefs about the relationship with the fetus, Cancer experience during pregnancy and Meanings attributed to cancer. Conclusion: This study showed significant differences between the presence of depressive symptomatology, anxiety and low self-esteem among pregnant women diagnosed with cancer when compared to those without the diagnosis. In the qualitative analysis, it was found that with regard to the relationship with the fetus the following categories were identified: Chatting, Good relationship, Fear, Joy, Miracle and Not related. Regarding the Cancer experience during pregnancy, the following categories were highlighted: Negative focus, Positive focus, Duality and Normal. About the meaning of pregnancy, the categories were: Positive focus, Responsibility and Cannot explain. In relation to the meaning attributed to cancer, the categories shown were: Death/suffering, Healing/treatment, Overcoming and Cause
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-07022019-150110 |
Date | 14 November 2018 |
Creators | Solimar Ferrari |
Contributors | Glaucia Rosana Guerra Benute, Rossana Pulcineli Vieira Francisco, Eliane Azeka Hase, Niraldo de Oliveira Santos |
Publisher | Universidade de São Paulo, Medicina (Obstetrícia e Ginecologia), USP, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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