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Tese_ISC_ Cleber Souza de Jesus.pdf: 2337242 bytes, checksum: bab24b22993157113734c77182819fe2 (MD5) / Introdução: A rotatividade no trabalho consiste na movimentação de entrada e
saída de uma empresa, organização ou condição de ocupação em um
determinado intervalo de tempo. Representa, portanto, a dinâmica de
participação dos indivíduos no mercado de trabalho. A rotatividade pode
ocorrer por iniciativa do trabalhador, o qual se reinsere em um novo emprego
rapidamente, ou por término de contrato ou demissão, neste caso é comum o
acúmulo de períodos de desemprego. A qualidade do emprego e a qualificação
dos trabalhadores são apontados como determinantes para a rotatividade e
autopercepção da saúde, independentemente. As condições de emprego e
trabalho têm sido reconhecidos como determinantes sociais da saúde,
entretanto, as relações entre estes e a saúde ainda são inconclusivas.
Objetivos: Esta tese teve por objetivos: 1) identificar fatores
sociodemográficos, de saúde e trabalho associados à rotatividade no trabalho;
2) identificar fatores associados à autopercepção negativa da saúde,
considerando a rotatividade no trabalho, condições de emprego e trabalho e
analisando homens e mulheres separadamente; e 3) verificar a existência de
mediação da rotatividade para associação entre a qualidade do emprego e a
autopercepção negativa da saúde.
Métodos: Estudo transversal realizado com amostra probabilística domiciliar
por conglomerado, de estágio único, com residentes da cidade de Salvador,
Bahia, em 2000. A população elegível para o estudo foi de trabalhadores ativos
e ocupados com idade entre 18 e 64 anos. Os dados foram obtidos por meio de
questionários individuais. A rotatividade no trabalho nos últimos 12 meses foi
categorizada em: sem rotatividade; rotatividade tipo 1, com uma ou mais
mudanças e período curto de desemprego; e tipo 2, pelo menos uma e tempo
de desemprego acima de seis meses. Foram realizadas análises descritivas
com frequências simples e relativa, estimaram-se as medidas de associação
entre as covariáveis e a rotatividade no trabalho. Em seguida, realizou-se
análise para identificação dos preditores potenciais para autopercepção
negativa da saúde. Para verificação do efeito de mediação da rotatividade na
associação entre a qualidade do emprego e a autopercepção da saúde foi
elaborado um modelo teórico e realizadas análises com equações estruturais.
Resultados: A população do estudo compreendeu 3.227 trabalhadores, dentre
os quais a prevalência geral de autopercepção negativa da saúde foi de 11,1%.
A proporção de trabalhadores com rotatividade tipo 1 foi de 13,4% e do tipo 2
de 11,4%. A proporção de trabalhadores com rotatividade diminuiu com o
aumento da idade. Trabalhadores que tiveram rotatividade do tipo 2 foram os
que receberam salário abaixo do mínimo (ORadj = 2,24; IC 95%: 1,63 – 3,07),
não tinham carteira assinada (ORadj= 2,24; IC 95%: 1,62 – 3,10) e seguro de
acidente de trabalho (ORadj= 2,38; IC 95%: 1,52 – 3,73), ajustados por sexo,
vi
idade e ter filhos menores de 6 anos. Os principais preditores para a
autopercepção negativa da saúde foram sexo feminino, idade ente 44 e 64
anos, ausência de apoio social, ter faltado ao trabalho por doença e possuir
uma baixa qualificação ocupacional. Na análise separada por sexo, apenas
entre as mulheres, ter idade acima de 44 anos (ORadj = 1,43; IC95%: 1,06 –
1,94) e a ausência de apoio social da família (ORadj = 1,71; IC95%: 1,29 – 2,27)
foram preditores de autopercepção negativa da saúde. Por fim, a rotatividade,
independentemente do tipo, não foi mediadora da associação entre a baixa
qualidade do emprego e a autopercepção negativa da saúde. Todavia,
emprego de menor qualidade foi diretamente associado com a rotatividade tipo
2 (β= 0,641) e também com a autopercepção negativa da saúde (β= 0,241). A
baixa qualificação do trabalhador se associou diretamente com emprego de
menor qualidade e também com a autopercepção negativa da saúde.
Conclusões: A rotatividade no trabalho, do Brasil, é uma das maiores do
mundo, pode ser decorrente das condições de precariedade do emprego e
também da saúde do trabalhador. Dentre os fatores ocupacionais, a baixa
qualidade do emprego e a pouca qualificação ocupacional foram mais
importantes que a rotatividade para predizer a autopercepção negativa da
saúde, em ambos os sexos. Para as mulheres, acrescenta-se a falta de apoio
no cuidado da família, o que pode representar sobrecarga de trabalho. Os
trabalhadores inseridos em empregos de baixa qualidade apresentaram mais
comumente rotatividade com episódios de desemprego prolongado. Entretanto,
esta não apresentou papel de mediação no efeito sobre a autopercepção
negativa da saúde. A redução de rotatividade no trabalho, sobretudo do tipo 2,
requer investimentos na melhoria da qualidade do emprego e aumento da
qualificação dos trabalhadores, iniciativas nesse sentido poderão repercutir em
melhores condições de vida, trabalho e saúde.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:192.168.11:11:ri/21088 |
Date | 09 June 2015 |
Creators | Jesus, Cleber Souza de |
Contributors | Santana, Vilma Sousa, Guimarães, Sílvia Ferrite, Santana, Vilma Sousa, Carvalho, Fernando Martins, Menezes, Tânia Maria de Souza, Assunção, Ada Ávila, Menezes, Greice Maria de Souza |
Publisher | Instituto de Saúde Coletiva, em Saúde Coletiva, UFBA, brasil |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Source | reponame:Repositório Institucional da UFBA, instname:Universidade Federal da Bahia, instacron:UFBA |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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