O romance é um gênero pouco presente nos estudos críticos e bibliográficos dedicados a autoria negra no Brasil. Intervindo nesse cenário, o principal objetivo deste trabalho é tornar visível o conjunto de romances cujas autoras brasileiras são negras, reunindo suas obras dispersas num arco histórico que atinge três séculos. A leitura comparada evidenciou vários pontos de contato, dos quais emerge um pensamento partilhado pelas diversas narrativas. Os romances se aproximam entre si ao recorrerem continuamente a um mesmo solo histórico, que resulta na posse da História. Para tanto, desenham uma imagem crítica da nação ao apontarem a sua matriz colonial constitutiva. Maria Firmina dos Reis (Úrsula, 1859), Ruth Guimarães (Água Funda, 1946), Carolina Maria de Jesus (Pedaços da fome, 1963), Anajá Caetano (Negra Efigênia: paixão do senhor branco, 1966), Aline França (A mulher de Aleduma, 1981), Marilene Felinto (As mulheres de Tijucopapo, 1982), Conceição Evaristo (Ponciá Vicêncio, 2003) e Ana Maria Gonçalves (Um defeito de cor, 2006) reelaboram a modernidade brasileira, demarcando os lugares de poder e subalternidade, constituídos pela intersecção de gênero e raça. As obras reunidas nesta tese articulam uma inteligibilidade pluriversal, porque não apagam a presença da alteridade; transtemporal, porque o passado que formulam também produz significados para o nosso presente; e posicionada, porque articulam em seu bojo o rompimento do silenciamento sobre a voz da mulher negra. / The novel is a genre little present in the critical and bibliographical studies dedicated to black authorship in Brazil. Interfering in this scenario, the main aim of this work is to make visible the set of novels whose Brazilian authors are black women, gathering their works dispersed in a historical arch that reaches three centuries. The comparative reading revealed several points of contact, from which emerges a thought shared by the different narratives. The novels approach each other by continually resorting to the same historical soil that results in the own of History. To do so, they design a critical portrait of the nation by pointing to its constitutive colonial matrix. (1962), Maria Firmina dos Reis (Úrsula, 1859), Ruth Guimarães (Água Funda, 1946), Carolina Maria de Jesus (Pedaços da fome, 1963), Anajá Caetano (Negra Efigênia: paixão do senhor branco, 1966), Aline França (A mulher de Aleduma, 1981), Marilene Felinto (As mulheres de Tijucopapo, 1982), Conceição Evaristo (Ponciá Vicêncio, 2003) e Ana Maria Gonçalves (Um defeito de cor, 2006) rework the Brazilian modernity, defining the places of power and subalternity constituted by the intersection of gender and race. The works assembled in this thesis articulate their intelligibility under three aspects: pluriversal because they do not erase the presence of otherness; transtemporal because the past they formulate also produces meanings for our present; and positioned, because they articulate in their bulge the disruption of silence over the voice of the black woman.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-26062019-113147 |
Date | 01 April 2019 |
Creators | Miranda, Fernanda Rodrigues de |
Contributors | Lugarinho, Mário César |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | Tese de Doutorado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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