Este trabalho investiga a produção em fotografia e vídeo de artistas que utilizaram o próprio corpo como objeto de representação nos anos 1970, sob um viés de análise feminista e de gênero. O objetivo principal foi o de destacar se houve ou não a influência do movimento feminista de segunda onda na obra de artistas brasileiras. As artistas Anna Bella Geiger, Anna Maria Maiolino, Iole de Freitas, Lenora de Barros, Regina Vater e Sonia Andrade fazem parte do meu escopo de estudos de caso. O desenvolvimento do trabalho foi fundamentado em entrevistas inéditas com as artistas pesquisadas e a apreciação de suas obras que atendem ao recorte escolhido. A partir da criação de três categorias baseadas no conteúdo dos trabalhos artísticos, foram definidos os seguintes temas: a esfera do privado em oposição à pública, a construção ficcional de si e a estética da violência. Cada um desses núcleos temáticos orientam os três capítulos que constituem a dissertação: “O corpo é a casa”, “O corpo é a camuflagem” e “O corpo é a fissura”, respectivamente. No primeiro capítulo, apresento obras que expõem questões relativas ao espaço doméstico e às funções gendradas vivenciadas por mulheres, por meio da interlocução teórica de Hannah Arendt e Jayne Wark. No segundo, aponto obras que se relacionam com a ideia de identidade fragmentada com base em construções ficcionais de si. Teresa de Lauretis, Donna Haraway, Luiz Sérgio de Oliveira e Janet Wolff foram as contribuições teóricas mais significativas do capítulo. Por fim, no terceiro, abordo obras produzidas no contexto da ditadura militar no Brasil, que confrontam as violências do período decorrente de censuras, torturas e cerceamento das liberdades individuais e coletivas, baseando-me em três autores que se dedicaram sobre o período: Artur Freitas, Claudia Calirman e Margareth Rago. Com o suporte metodológico de uma análise de conteúdo das entrevistas e o parecer teórico-crítico das obras, foi possível inferir que o discurso das artistas sobre os seus trabalhos não possui intenções feministas na maioria das vezes. Todavia, as ideias presentes nos seus trabalhos em fotografia e vídeo indicam preocupações comuns ao feminismo daquele período. A contradição entre o discurso e a prática foi a pergunta que guiou o processo de escrita do trabalho. / This work investigates the photography and video production of artists who used their own body as an object of representation in the 1970s, under a bias of feminist and gender analysis. The main objective was to highlight the possible influence of the second wave feminist movement on the work of brazilian artists. The artists Anna Bella Geiger, Anna Maria Maiolino, Iole de Freitas, Lenora de Barros, Regina Vater and Sonia Andrade are part of my scope of case studies. The development of the work was based on unpublished interviews with the artists researched and the appreciation of their work that meet the chosen cut. From the creation of three categories based on the content of artistic work, the following themes were defined: the private sphere as opposed to the public, the fictional construction of self, and the aesthetics of violence. Each of these thematic nuclei guide the three chapters that constitute the dissertation: "The body is the house", "The body is the camouflage" and "The body is the fissure", respectively. In the first chapter, I present works that expose questions regarding the domestic space and the gendered functions experienced by women, through the theoretical interlocution of Hannah Arendt and Jayne Wark. In the second, I point to works that relate to the idea of fragmented identity based on fictional constructions of self that artists have developed for photography and video. Teresa de Lauretis, Donna Haraway, Luiz Sérgio de Oliveira and Janet Wolff were the most significant theoretical contributions of the chapter. Lastly, in the third, I approach works produced in the context of the military dictatorship in Brazil, which confront the violence of the period resulting from censorship, torture and restriction of individual and collective freedoms, based on three authors who dedicated themselves on the period: Artur Freitas, Claudia Calirman and Margareth Rago. With the methodological support of a content analysis of the interviews and the theoretical-critical opinion of the works, it was possible to infer that the discourse of the artists about their works does not have feminist intentions in the majority of the times. However, the ideas present in their work in photography and video indicate concerns common to feminism during that period. The contradiction between discourse and practice was the question that guided the writing process of the work.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:lume56.ufrgs.br:10183/180777 |
Date | January 2017 |
Creators | Mattiolli, Isadora Buzo |
Contributors | Santos, Alexandre Ricardo dos |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Format | application/pdf |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
Page generated in 0.0023 seconds