Le Nouveau Roman est passé à la postérité comme l’un des exemples majeurs d’un moment intransitif de la littérature française. En déstabilisant le traitement de la narration et de l’intrigue, du cadre spatio-temporel, des personnages et des voix, le Nouveau Roman conteste la mimèsis référentielle réaliste pour se tourner vers les aspects formels de la création romanesque. Néanmoins, cela n’est pas un geste gratuit : la déconstruction formaliste, les nouveaux romanciers la revendiquent au nom d’un « nouveau réalisme ». Le Nouveau Roman se veut l’avènement d’une « ère du soupçon » sur les conventions esthétiques et les représentations diffusées par celles-ci. De plus, ce parti pris ne peut se comprendre en dehors d’un contexte historique marqué à la fois par les traumatismes de la Seconde Guerre mondiale et les impératifs de modernisation économique qui de 1946 à 1975 transforment profondément la société française. Loin d’anéantir la référentialité, le Nouveau Roman témoigne d’un conflit avec elle, si bien que sa déconstruction du roman est une reconstruction produisant de nouvelles — parfois pas si nouvelles que cela ? — formes, représentations, manières d’affirmer l’existence de l’homme et de la société. Aussi le Nouveau Roman contribue-t-il à l’imaginaire social de son époque. En proposant une lecture des romans de Michel Butor et d’Alain Robbe-Grillet, cette thèse se penchera sur la tentative néo-romanesque de réinventer et la littérature et le monde. Trois axes d’analyse guident ce travail : le premier porte sur la représentation de l’univers fictionnel parallèlement à une discussion sur le problème de la mimèsis ; le second, sur la poétique des personnages et son rapport à la question de l’identité personnelle ; le troisième, sur le statut de la socialité dans les œuvres, à travers les questions de l’identité collective, de la mémoire et des usages sociaux de la langue. / The nouveau roman passed to posterity as one of the main examples of an intransitive moment of french literature. By destabilizing the narration and the plot, the spatio-temporal framework, the characters and the voices, the Nouveau Roman disputes the realistic referential mimesis and turns itself to formal aspects of novelistic creation. However, this is not a vain gesture: the so-called nouveaux romanciers claim a formalist deconstruction in the name of a “new realism”. The nouveau roman proposes the advent of an “age of suspicion” about the esthetical conventions and the representations disseminated by them. In addition to this, with the purpose of understanding this position, one must take into account its historical context, marked by the traumas of World War II as well as the requirements of the economic modernization, which deeply modifies French society from 1946 to 1975. Far from having annihilated the referentiality, the nouveau roman is in conflict with it, so that its deconstruction of the novel is a reconstruction, creating new–sometimes not so new?–forms, representations, ways to affirm the existence of man and society. Thus, the nouveau roman contributes to the social imaginary of its time. Through a reading of the Michel Butor’s and Alain Robbe-Grillet’s novels, this thesis will focus on this attempt by the nouveau roman to reinvent the literature and the world. Three axes will guide this work: the first concerns the representation of the fictional universe along with a discussion on the mimesis problem; the second, the poetics of characters and its relation to the question of personal identity; the third, the status of sociality in the novels, addressing the questions of the collective identity, the memory and the social uses of language. / O novo romance passou à posteridade como um dos exemplos emblemáticos de um momento intransitivo da literatura francesa. Ao desestabilizar o tratamento da narração e da intriga, do recorte espaço-temporal, das personagens e das vozes, o novo romance contesta a mímesis referencial realista e se volta aos aspectos formais da criação romanesca. Entretanto, não se trata de um gesto gratuito: os novos romancistas reivindicam a desconstrução formalista em nome de um “novo realismo”. O novo romance propõe o advento de uma “era da suspeita” diante das convenções estéticas bem como das representações por elas difundidas. Ademais, tal atitude não pode ser compreendida fora de um contexto histórico marcado ao mesmo tempo pelos traumas da Segunda Guerra Mundial e pelos imperativos de modernização econômica que de 1946 a 1975 transformam profundamente a sociedade francesa. Longe de aniquilar a referencialidade, o novo romance está em conflito com ela, de tal modo que sua desconstrução do romance é uma reconstrução, com a produção de novas — às vezes não tão novas assim? — formas, representações, maneiras de afirmar a existência do homem e da sociedade. Assim, o novo romance contribui com o imaginário social de sua época. Através de uma leitura dos romances de Michel Butor e de Alain Robbe- Grillet, esta tese pretende debruçar-se sobre a tentativa neo-romanesca de reinventar a literatura e o mundo. Três eixos de análise guiam este trabalho: o primeiro trata da representação do universo ficcional paralelamente a uma discussão acerca do problema da mímesis; o segundo, da poética das personagens e de sua relação com a questão da identidade pessoal; o terceiro, do estatuto da socialidade nas obras, abordando as questões da identidade coletiva, da memória e dos usos sociais da língua.
Identifer | oai:union.ndltd.org:theses.fr/2015LIL30036 |
Date | 11 December 2015 |
Creators | Perugini, Gabriel |
Contributors | Lille 3, Instituto de estudos brasileiros (São Paulo, Brésil), Wolf, Nelly, Amigo Pino, Claudia |
Source Sets | Dépôt national des thèses électroniques françaises |
Language | French |
Detected Language | French |
Type | Electronic Thesis or Dissertation, Text |
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