Embora o ato de traduzir a interação oral entre duas ou mais pessoas seja algo infinitamente antigo, a interpretação de conferências, como profissão, remonta ao início do Século XX, com as Conferências de Paz realizadas em Paris, ao final da Primeira Guerra Mundial. A profissão se consolida com a criação da Liga das Nações e, posteriormente, da Organização das Nações Unidas e com o aumento do número de congressos e reuniões científicas internacionais, além da criação de diversos organismos internacionais após a Segunda Guerra Mundial. No Brasil, a interpretação desponta como profissão na segunda metade da década de 40 do século passado e vai-se consolidando aos poucos, ao longo das décadas seguintes. O presente trabalho tem como objetivo narrar e analisar criticamente a história da profissão no Brasil, a partir de depoimentos de seus diversos participantes, a saber intérpretes de conferência e formadores de intérpretes. O arsenal teórico que subsidia a coleta e análise das entrevistas parte de pressupostos da História Oral, sem, contudo, se limitar a tal abordagem teórica, inserindo-se na grade área de Estudos da Tradução, utilizando a visão do pesquisador insider proposta por Koskinen (2008). O ecletismo da metodologia abrange, ainda, a análise crítica de elementos da mídia, de correspondências por correio eletrônico e de informações de websites de alguns cursos de formação. A pesquisa inclui os primeiros eventos importantes e a criação da Associação Profissional de Intérpretes de Conferência (APIC), em 1971, em relato de sua idealizadora e primeira presidente, Ulla Schneider e das demais fundadoras vivas. O trabalho, tentando suprir uma lacuna nos Estudos da Interpretação no Brasil e em língua portuguesa como um todo, inclui ainda outras questões contemporâneas pertinentes à profissão, tais como o relacionamento entre intérpretes e desses com agenciadores e organizadores de eventos, além de apresentar uma visão de como a mídia brasileira vê os intérpretes. Inclui também uma panorâmica de grandes eventos internacionais realizados no Brasil, na voz de uma das principais coordenadoras de intérpretes, Simone Troula. Todo um capítulo é dedicado à formação de intérpretes no Brasil, não só em seu aspecto histórico, mas também no que tange à formação hoje em dia, comparando e contrastando os programas existentes no Brasil a seus congêneres internacionais. O trabalho finaliza com uma breve visão de possíveis cenários da profissão, a partir de novos elementos como a interpretação remota, a realização de eventos monolíngues, sobretudo em inglês, e a atuação cada vez maior de agenciadores de intérpretes. Conclui-se o estudo com algumas sugestões para pesquisas futuras em relação à área de estudo abordada. / Although oral translation between people interacting in different languages has existed since times immemorial, conference interpreting as a profession appears in the beginning of the 20th century, with the Paris Peace Conferences, at the end of the First World War. The profession develops at the League of Nations and, later, at the United Nation Organization. It is also fostered by the multiplication of international conferences and technical meetings, as well as the creation of a myriad international organizations, after the Second World War. In Brazil, conference interpreting appears as a profession in the 1940s and slowly grows in the following decades. This research aims at critically narrating the history of this profession in Brazil, from interviews given by its participants, namely conference interpreters and interpreter trainers. Interviews were carried out and analyzed under the light of Oral History methods. This work, however, does not confine itself to the Oral History methodology but rather fits into the field of Translation Studies, relying also on Koskinens (2008) view of the insider researcher. The several sources of data for this study also include samples from the press, e-mail correspondence and information gathered from websites of training institutions. This dissertation deals with the first interpreted events in Brazil and the creation of the Professional Association of Conference Interpreters (APIC), in 1971, from interviews by its main creator and first president, Ulla Schneider, and the other living founders. Trying to bridge a gap in Interpreting Studies in Brazil and in the Portuguese language in general, this work includes other present issues relating to the profession, such as relationships between interpreters and between them and translation agencies and event organizers, as well as a brief analysis of how the Brazilian press sees interpreters. It also includes an overview of some important international conferences held in Brazil through the voice of one of the most important chief interpreters in these events, Simone Troula. A whole chapter is dedicated to interpreter training in Brazil, covering not only its history but other issues pertaining interpreting training these days, comparing and contrasting Brazilian programs with their international counterparts. The work concludes with a brief view of possible future scenarios for the profession, focusing on new elements such as remote interpreting, monolingual conferences, held mostly in English, and the ever-growing role played by translation agencies and professional conference organizers. It closes with some suggestions for further research in interpreting as a field of study.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-09022011-151705 |
Date | 03 December 2010 |
Creators | Pagura, Reynaldo José |
Contributors | Milton, John |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | Tese de Doutorado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
Page generated in 0.0018 seconds