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O programa satírico de Pérsio frente à tradição

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license_rdf: 0 bytes, checksum: d41d8cd98f00b204e9800998ecf8427e (MD5) / CAPES / A sátira é considerada como um gênero genuinamente romano e se caracteriza pela presença da mistura e da variedade, conforme indica a investigação etimológica do termo satura. Entre os diversos elementos que compõem o gênero, estão (1) críticas aos gêneros elevados e a discussão sobre estilo e dicção; (2) denúncias dos vícios e defesa da virtude e da moralidade; (3) constantes referências à comida e, principalmente, banquetes; (4) valorização da romanidade; (5) apropriação e mescla de diversos discursos e gêneros literários, como o discurso filosófico, representado principalmente pela diatribe, a comédia e a poesia iâmbica. Considera-se que o inventor do gênero tenha sido Caio Lucílio, que viveu durante a república romana e escreveu trinta livros de sátiras, dos quais sobraram apenas cerca de mil e trezentos versos. Foi sucedido por Quinto Horácio Flaco, poeta augustano do círculo de Mecenas, que criticou a sátira luciliana, fundando novos paradigmas para o gênero ao valorizar a elegância, a urbanitas, a amicitia e o estilo conciso, mas claro e prosaico. Aulo Pérsio Flaco é o sucessor de Horácio na tradição satírica e escreveu seis sátiras hexamétricas mais quatorze versos em metro coliambo comumente concebidos como um prólogo. Viveu durante o principado de Nero e critica em seus poemas a literatura que lhe era contemporânea. Seu estilo é condensado, considerado obscuro, e permeado de metáforas, neologismos e vulgarismos. Chamam a atenção, ainda, as frequentes referências aos Sermones de Horácio, e também é possível observar, ainda que em menor grau devido à transmissão fragmentária da obra, alusões a Lucílio. Embora a presença dos Sermones de Horácio seja evidente e intensa na obra de Pérsio, o satirista neroniano se distancia do primeiro ao compor um estilo contra-horaciano, em que a rusticitas se sobrepõe à urbanitas, a obscuridade toma o lugar da clareza e a metáfora se torna uma figura de linguagem mais relevante do que a ironia. Dessa forma, mesmo trazendo profundamente para a sátira a tradição, sobretudo os seus principais eixos temáticos, Pérsio se diferencia de seus antecessores ao construir um novo estilo para a sátira, dando mais relevância ao seu aspecto moral e associando-a de modo estreito ao estoicismo. / Satire is considered a genuinely Roman genre, characterized by the mixture and variety, as displayed by the etymological investigation of the term satura. Among the many elements that compose the genre, these are found: 1) criticism towards the higher genres and discussions about style and diction; 2) complaints about the vices and defense of virtue and morality; 3) constant reference to food, mainly in banquets; 4) appreciation of Roman-ness; 5) appropriation and blend of various discourses and literary genres, such as the philosophical diatribe, the comedy, and the iambic poetry. Gaius Lucilius, who lived during the Republican period and wrote thirty books of satires, is considered the creator of the genre, even though only about one thousand and three hundred of his verses are extant. He was succeeded by Quintus Horatius Flaccus, Augustan poet, member of the “circle of Maecenas”, who criticizes Lucilianic satire, founding new patterns for the genre. He valued elegance, urbanitas, amicitia and a concise, clearer and more prosaic style. Aulus Persius Flaccus is Horaces successor in satirical tradition. He wrote six hexametric satires, and fourteen verses in choliambic meter, commonly understood as a prologue. He lived under Nero and criticize contemporary literature in his poetry. His style is condensed, considered obscure, and pervaded by metaphors, neologisms and vulgarisms. Worthy of attention are the frequent references to Horace’s Sermones, and it is also possible to observe, even though to a lesser degree due to the fragmentary state of the works, allusions to Lucilius. Despite the evident and intense presence of Horace’s Sermones in Persius’ oeuvre, the Neronian satirist sets himself aside from the former due to his anti-horacian style, in which rusticitas is above urbanitas, obscurity replaces clarity, and metaphor is more relevant a figure than irony. Thus, even bringing tradition deep into his own satire, mainly in his themes, Persius differentiates himself from his predecessors by building a new style for satire, highlighting its moral aspects and associating it with stoicism.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:dspace2.ufes.br:10/1985
Date30 April 2015
CreatorsCastro, Marihá Barbosa e
ContributorsSodré, Paulo Roberto, Faversani, Fábio, Leite, Leni Ribeiro
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Formattext
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFES, instname:Universidade Federal do Espírito Santo, instacron:UFES
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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