Tese (doutorado)—Universidade de Brasília, Instituto de Ciências Sociais, Departamento de Antropologia, Programa de Pós-graduação em Antropologia Social, 2009. / Submitted by Raquel Viana (tempestade_b@hotmail.com) on 2010-05-05T18:22:39Z
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Previous issue date: 2009-02 / Geraizeiros são chamados os camponeses da porção de Cerrado no Norte de Minas Gerais – paisagem que teve grande parte de sua extensão convertida em maciços de eucalipto, a partir da década de 1970. O plantio empresarial de eucalipto implicou em expropriação de terras comunais e grande impacto ambiental, com a redução da oferta de água, frutos nativos, ervas medicinais e madeira - recursos estratégicos para reprodução física e social dos Geraizeiros. Em aliança com sindicatos de trabalhadores rurais, entidades ligadas à Igreja Católica, organizações não governamentais (ONGs) e redes socioambientais, como a Rede Cerrado, os Geraizeiros, hoje, reagem à violência sofrida, denunciam o caráter predatório do monocultivo de eucalipto e reivindicam o reconhecimento de seus direitos territoriais enquanto população tradicional. O presente estudo representa um esforço de interpretação desse processo. Advogo que a identidade e a territorialidade geraizeiras têm se transformado a partir dos confrontos com a monocultura de eucalipto, mas também com base nas novas interações sociais mobilizadas pelo grupo em diferentes escalas – regional, nacional e internacional. A pesquisa pretendeu, assim, deslindar o processo de seleção de traços culturais que vêm sendo enfatizados e transformados em critérios de consignação ou de auto-identificação dos Geraizeiros como um grupo culturalmente particular e vinculado ao Cerrado de maneira especial e politicamente relevante. Pareceu-me ainda pertinente considerar a construção da própria categoria “populações tradicionais” como uma nova categoria englobante e genérica (e, desse modo, semelhante às categorias “índio” e “quilombola”), com potencial para propiciar processos de re-organização social da diferença cultural e de afirmação de direitos. Nesse sentido, interessou-me, sobretudo, compreender a agência dos Geraizeiros (como sujeitos de vontade e ação), que no processo de re-elaboração de sua identidade - agora, como uma população tradicional do Cerrado - lançam mão (ou apropriam-se) de novos elementos à disposição, para resignificar sua própria história e relações com a paisagem, atualizando fronteiras identitárias e territoriais. _____________________________________________________________________________________________ ABSTRACT / Geraizeiros are peasants from the part of the Cerrado which is located in Northern Minas Gerais – a landscape which has had large portions of its area converted into eucalyptus plantations, starting in the 1970s. Eucalyptus farming for business caused expropriation of common lands and large-scale environmental impacts, reducing the supply of water, native fruit, medicinal herbs and wood – strategic resources for Geraizeiro physical and social reproduction. In an alliance with rural workers' unions, organizations connected with the Catholic Church, non-governmental organizations (NGOs) and socioenvironmental networks, such as the Cerrado Network, Geraizeiros have currently managed to react to the violence against them, denouncing the predatory characteristic of eucalyptus monocultures and demanding acknowledgement of their territorial rights as a traditional population. This study is an attempt at an interpretation of this process. I advocate that Geraizeiro identity and territoriality have undergone transformations due to both conflicts with the eucalyptus monocultures, and new social interactions mobilized by the group in different scales – regional, national and international. The study thus intended to assess the process of selection of cultural traits which have been emphasized and transformed into criteria for consignation or selfidentification of Geraizeiros as a particular group, in terms of culture, which is connected with the Cerrado in a special and politically relevant manner. It also seemed appropriate to take into consideration construction of the traditional populations category itself, which is broad and generic (and thus similar to indigenous and quilombola maroon categories), with the potential to trigger processes of social reorganization of cultural difference and affirmation of rights. It was of interest to me, above all, to comprehend the agency of Geraizeiros (as subjects of will and action), who in the process of re-structuring their identity – now as a traditional population – make use of (or appropriate) new elements available to them, in order to re-signify their own history and relationship with the landscape, updating identity and territorial frontiers.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.unb.br:10482/4614 |
Date | 02 1900 |
Creators | Nogueira, Mônica Celeida Rabelo |
Contributors | Little, Paul Elliott |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Source | reponame:Repositório Institucional da UnB, instname:Universidade de Brasília, instacron:UNB |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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