Return to search

O sujeito político e a organização da resistência

Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Sócio-Econômico, Programa de Pós-Graduação em Administração, Florianópolis, 2015 / Made available in DSpace on 2016-02-09T03:06:37Z (GMT). No. of bitstreams: 1
337276.pdf: 2179318 bytes, checksum: c8e59cd6ebdaaca387e08216433d6ca0 (MD5)
Previous issue date: 2015 / Este trabalho teve como objetivo a análise do sujeito político e a organização da resistência do Centro de Mídia Independente de Florianópolis (CMI), um coletivo de mídia alternativa. Para o alcance desse objetivo de pesquisa, a principal lente de análise foi a Teoria do Discurso Político de Ernesto Laclau e Chantal Mouffe e a psicanálise lacaniana, mais especificamente a noção de sujeito em Lacan. O sujeito moderno é o sujeito do cogito cartesiano, pleno e autoconsciente. Os apontamentos de Lacan desconstroem os traços essencialistas do sujeito cartesiano para pôr em seu lugar um sujeito que se constitui na e pela linguagem. Essa qualidade ontológica do ser não permite seu fechamento em uma identidade fixa. Em Lacan, o sujeito é sempre falta-a-ser, que se move de identificação em identificação, em uma contingência necessária e estruturante. Como herança da noção de sujeito cartesiano as abordagens dominantes em administração trazem em seu bojo uma ontologia essencialista ao se pautarem pelos princípios do cálculo, da objetividade e da racionalidade, tendo, por base, a ideia de sujeito racional. Depreende-se que outra ideia de sujeito pode ensejar outro entendimento sobre as práticas organizacionais e novos desenvolvimentos às teorias organizacionais para além das perspectivas teóricas positivistas e essencialistas. A pesquisa, um estudo de caso, teve uma abordagem qualitativa com coleta de dados feita por meio de fontes secundárias e primárias, estas últimas implicaram em engajamento direto com as atividades desenvolvidas pelo coletivo pela via da militância. Assim, este estudo, permitiu-nos observar que, o CMI, enquanto coletivo de mídia alternativa adota uma perspectiva política autonomista, herança política do anarquismo do século XIX e XX. O CMI, ao se identificar com essa tradição de lutas antissistêmicas, abraça também seus princípios políticos e organizacionais, tais como a horizontalidade, a não liderança, o consenso, a autonomia, a independência e a ação-direta. Percebeu-se também que a construção do discurso sobre organização para o CMI está, inelutavelmente, conectado à ideologia política, com a qual seus voluntários se identificam: o autonomismo. Nesse contexto, esse nome/significante funciona como um ponto nodal na constituição da identidade do CMI e é investido libidinalmente pelos sujeitos que se identificam com esse discurso, ensejando uma visão antiessencialista da organização, na qual essa passa a ser entendida como uma prática social e discursiva em permanente disputa e transformação. <br> / Abstract : The purpose of this work is to analyze the political subject and the organization of resistance in the Centro de Mídia Independente (Independent Media Center; CMI) from Florianópolis, an alternative media collective. To fulfill this intent, the main analysis framework consists of Ernesto Laclau and Chantal Mouffe's Discourse Theory and Lacanian psychology, more specifically the lacanian notion of subject. The modern subject is the Cartesian cogito subject, complete and self-conscious. Lacan's writings deconstruct the essentialist traits of the Cartesian subject and put in its place a kind of subject who constitutes itself within and through language. This ontological quality of the being makes it impossible for it to be enclosed inside a fixed identity. In Lacan, the subject is always a lack of being, who moves from identification to identification, in a necessary and structuring contingency. Inheriting the Cartesian notion of subject, dominant approaches in administration carry within themselves an essentialist ontology, as they are guided by the principles of mathematics, objectivity and rationality, these being based on the idea of a rational subject. It can be inferred that a different view regarding the subject might engender another understanding of organizational practices and new developments in organizational theories, reaching beyond positivist and essentialist theoretical perspectives. This research, a case study, was a qualitative work with data collecting carried through secondary and primary sources, these last ones implying direct engagement with the militant activities done by the collective. Thus, this study allows us to observe that CMI, as an alternative media collective, adopts an autonomist perspective in politics, a heritage from anarchism from the 19th and 20th centuries. By identifying with this tradition of anti-system conflicts, CMI also embraces anarchist political and organizational principles, such as horizontality, non-leadership, consensus, autonomy, independence and direct action. It was also noteworthy that, for the group, the construction of the discourse about its organization is inescapably connected to its political ideology, with which its voluntary members identify: autonomism. In such a context, this name/signifier works as a nodal point in the constitution of CMI's identity, and is invested libidinally by the subjects who identify with this discourse, reinforcing an anti-essentialist view of the organization, which is then seen as a social and discursive practice in perennial conflict and transformation.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufsc.br:123456789/158814
Date January 2015
CreatorsPaes, Ketlle Duarte
ContributorsUniversidade Federal de Santa Catarina, Dellagnelo, Eloise Helena Livramento
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Format202 p.| il.
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFSC, instname:Universidade Federal de Santa Catarina, instacron:UFSC
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

Page generated in 0.0028 seconds