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Ponto de vista a(u)torizado: composições da autoria no documentário brasileiro contemporâneo

Aspecto central no documentário brasileiro contemporâneo, a valorização da experiência do outro como vivência singular faz com que voltemos os olhos e os ouvidos ao homem comum, às expressões individuais, às formas particulares com que os indivíduos ordenam seu estar no mundo. Estruturados prioritariamente por um encontro entre sujeitos, esses filmes podem apresentar uma composição da alteridade que não se reduza às configurações de um \"indivíduo típico\", assim como às de um \"outro absolutizado\". Instiga-nos, nas modulações dessa relação, apreender um ponto de vista que se a(u)toriza no documentário, engendrando um espaço de autoria: ao mesmo tempo em que se inscreve na cena, organiza o filme como discurso, pela distribuição das formas de ver e ouvir o outro - panorama em que se tornam apreensíveis as condições que dão forma ao encontro. A análise da autoria no documentário contemporâneo, conforme propomos, considera os condicionantes históricos que o compreendem como gênero discursivo, ao mesmo tempo em que suscita a investigação dos efeitos de singularidade apreensíveis nos filmes, que remetem a um nome de autor. Sob conformações estéticas específicas, delineiam-se lugares de autoria que, pela especificidade do documentário como prática social, não são alheios a uma determinação ética: aquela que se estabelece quando, postos em relação, sujeito da câmera e sujeito para a câmera tornam-se interdependentes, dimensão em que, no encontro com o outro, faz-se do próprio sujeito um outro. Propomos uma análise inter-relacionada, distribuída em três capítulos, dos documentários Nós que aqui estamos por vós esperamos (1999), de Marcelo Masagão; Santiago (2007), de João Moreira Salles; e Pacific (2009), de Marcelo Pedroso; A pessoa é para o que nasce (2005), de Roberto Berliner; Estamira (2006), de Marcos Prado; e Garapa (2009), de José Padilha; Santo forte (1999), de Eduardo Coutinho; A falta que me faz (2009), de Marília Rocha; e O céu sobre os ombros (2010), de Sérgio Borges. / Main aspect in contemporary Brazilian documentaries, the appreciation of the experience of the other as a unique existence forces us to see and listen to the ordinary man, to the individual expressions, to the particular ways in which individuals organize their modes of being-in-the-world. These movies, when primarily structured by an encounter between subjects, present a conception of alterity that is not restricted to the configurations of a \"typical individual\", as well to the \"absolutized other\". In the modulations of this relationship, we aim to understand a point of view that authorizes (actorizes) itself in the documentary, engendering a space for the authorship: at the same time it is registered in the scene, it organizes the movie as a discourse, through the distribution of the forms of seeing and listening the other - creating a panorama in which the conditions that shape the encounter become apprehensible. The analysis of the authorship in contemporary documentaries, as we propose, considers the historical coercions of the discourse genre, at the same time it investigates the singularities of the movies, concerning the name of the author. Under specific aesthetic conformation, some places of authorship are outlined, which, due to the specificity of the documentaries as social practices, are not unconcerned to an ethical determination: the one that is established when the subject of the camera and the subject to the camera become interdependent, and in the encounter with the other, the subject himself becomes the other. We propose an interrelated analysis, which is distributed in three chapters, of the Brazilian documentaries Nós que aqui estamos por vós esperamos (1999), by Marcelo Masagão; Santiago (2007), by João Moreira Salles; and Pacific (2009), by Marcelo Pedroso; A pessoa é para o que nasce (2005), by Roberto Berliner; Estamira (2006), by Marcos Prado; and Garapa (2009), by José Padilha; Santo forte (1999), by Eduardo Coutinho; A falta que me faz (2009), by Marília Rocha; and O céu sobre os ombros (2010), by Sérgio Borges.

Identiferoai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-23082013-094442
Date03 May 2013
CreatorsSilva, Mariana Duccini Junqueira da
ContributorsSoares, Rosana de Lima
PublisherBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Source SetsUniversidade de São Paulo
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
TypeTese de Doutorado
Formatapplication/pdf
RightsLiberar o conteúdo para acesso público.

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