Tese de Doutorado apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade do Extremo Sul Catarinense para obtenção do título de Doutor em Ciências da Saúde. / A síndrome de dor complexa regional (SDCR) normalmente pode desenvolver-se após o processo de isquemia/reperfusão tecidual desencadeado por várias lesões, como o trauma induzido por fratura óssea. Esta forma de dor é caracterizada por uma dor crônica resistente à terapia padrão, necessitando dessa forma o desenvolvimento de novos tratamentos eficazes e seguros. Portanto o objetivo deste estudo foi avaliar o envolvimento do receptor de potencial transitório anquirina 1 (TRPA1), um canal iônico sensível a substâncias inflamatórias e oxidativas, em um modelo de dor pós-isquemia crônica (DPIC) em camundongos. Para isso, foram utilizados camundongos C57BL/6, ou ainda camundongos com deleção gênica para o receptor TRPA1 (Trpa1-/-) e também animais do tipo selvagem (Trpa1+/+), machos e fêmeas (20-30 g) que foram submetidos ou não a 2 horas de isquemia/reperfusão na pata traseira direita usando um torniquete de borracha sob anestesia. Diferentes parâmetros de nocicepção, inflamação e isquemia foram avaliados 1 dia (fase aguda) ou 17 dias (fase crônica) após a indução de isquemia/reperfusão para estabeler o modelo de DPIC em camundongos. Na fase aguda, observou-se o aumento dos níveis de lactato e da temperatura da pata, edema da pata e tornozelo assim como alodinia mecânica e ao frio. Na fase crônica, detectou-se o aparecimento de alodinia mecânica e ao frio e esta fase monstrou-se como aquela neuropática, sendo que não houve alteração nas atividades das enzimas mieloperoxidase e N-acetil-β-D-glucosaminidase (tecido da pata traseira e nervo ciático). Após, diferentes tratamentos foram avaliados na fase crônica da DPIC, ou ainda foi avaliado o efeito na prevenção da nocicepção aguda e crônica. Primeiramente, a administração intragástrica (i.g.) de amitriptilina (controle positivo) foi capaz de reduzir a alodinia mecânica na fase crônica da DPIC. Também, a administração de antagonistas do receptor TRPA1 (HC-030031 ou A-967079, i.g.) ou o uso de um oligonucleotídeo antisentido para o TRPA1 (via intratecal, i.t.) mostrou efeito antinociceptivo na fase crônica da DPIC. Além disso, foi possível observar um aumento da expressão do TRPA1 no nervo ciático, e ainda utilizando um agonista TRPA1 (AITC) aplicado na pata este induziu hiperalgesia química na fase crônica da DPIC. No nervo ciático foi possível observar um aumento na infiltração de macrófagos e também na imunoreatividade ao 4-hidroxinonenal (4-HNE, agonista TRPA1) em camundongos na fase crônica da DPIC. Foram também observados aumentos nos níveis de peróxido de hidrogênio e nas atividades das enzimas NADPH oxidase e superóxido dismutase na fase crônica da
DPIC. Além disso, a administração (i.g.) do composto antioxidante ácido α-lipóico mostrou efeito antinociceptivo na fase crônica da DPIC. Também animais Trpa1-/- não apresentam alodinia mecânica e ao frio na fase aguda até a fase crônica da DPIC. Finalmente, pode-se perceber que o tratamento (i.g.) preventivo agudo e repetido (após 3 dias da indução da DPIC) com o antagonista TRPA1 (HC-030031) ou com o ácido α-lipóico, ou ainda a administração do oligonucleotídeo antisentido para o TRPA1 (i.t.) mostraram efeito preventivo no modelo de DPIC na fase aguda e crônica. Em conclusão, o antagonismo do receptor TRPA1 mostrou eficácia em prevenir o desenvolvimento de dor neuropática induzida por DPIC em camundongos, ou foi eficaz no tratamento crônico da nocicepção obsevada na DPIC. Dessa forma, esta estratégia farmacológica poderia ser estudada como uma forma de prevenção da dor crônica e aguda induzida por processos de isquemia e reperfusão tecidual.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.unesc.net:1/5160 |
Date | January 2017 |
Creators | Prá, Samira Dal Toé de |
Contributors | Ávila, Ricardo Andrez Machado de, Trevisan, Gabriela |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Source | reponame:Repositório Institucional da UNESC, instname:UNESC, instacron:UNESC |
Coverage | Universidade do Extremo Sul Catarinense |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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