Return to search

Um sertão de águas: mulheres camponesas e a reapropriação social da natureza no Pajeú

Submitted by Alice Araujo (alice.caraujo@ufpe.br) on 2018-06-07T22:41:24Z
No. of bitstreams: 1
DISSERTAÇÃO Juliana Nascimento Funari.pdf: 5055062 bytes, checksum: b63ac9dd91f9bf1d8262fc26a0e4542c (MD5) / Made available in DSpace on 2018-06-07T22:41:24Z (GMT). No. of bitstreams: 1
DISSERTAÇÃO Juliana Nascimento Funari.pdf: 5055062 bytes, checksum: b63ac9dd91f9bf1d8262fc26a0e4542c (MD5)
Previous issue date: 2016-08-05 / Essa pesquisa traz um olhar complexo na perspectiva da Agroecologia, da Ecologia Política e do Ecofeminismo sobre as relações das mulheres camponesas do Sertão do Pajeú com a água. No Semiárido Brasileiro a problemática da água se engendra em meio aos conflitos socioambientais e se torna ainda mais crítica no contexto da pobreza rural. Isso não se dá apenas pelas características naturais da região e sim através de processos sociopolíticos bases do modelo de desenvolvimento, como a concentração histórica de terras e águas nas mãos de poucos, a forma hegemônica de uso e ocupação do território e a implementação de políticas de combate à seca. Dentro de um sistema capitalista-patriarcal-racista, as mulheres camponesas enfrentam esse contexto hostil de forma específica e diferente. Nosso objetivo foi analisar as contribuições das mulheres camponesas para a gestão da água no território do Sertão do Pajeú, em Pernambuco. Para tanto, foi preciso analisar suas práticas de gestão da água nos trabalhos produtivos nos agroecossistemas e também nos trabalhos reprodutivos e de cuidados; identificar os espaços políticos de gestão da água nos quais estão inseridas no território; e investigar suas percepções sobre as dinâmicas sociais da gestão da água. Na direção da pesquisa participante nossos instrumentos de pesquisa foram entrevistas semiestruturadas, observação participante na Caravana em Defesa do Rio Pajeú, caminhadas exploratórias nos sítios, mapas participativos da propriedade com foco nos fluxos das águas. Observamos que as mulheres camponesas, a partir das condições sociais impostas e de uma outra racionalidade, têm desenvolvido saberes e fazeres, holísticos e complexos, com a água. Estes são estreitamente atrelados às suas experiências como mulheres nos ciclos de estiagens e nos processos de organização social, bem como às formas ecológicas de cultivo de seus agroecossistemas que envolvem práticas de conservação da água e da Caatinga. Para além das diversas opressões vividas por essas mulheres, elas vêm se fortalecendo como sujeitos políticos a partir da auto-organização em grupos, associações, redes e do Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais do Nordeste (MMTR), em uma verdadeira construção feminista, ecológica e popular. Essa prática política também modifica a gestão da água realizada por elas, já que intensifica as trocas de conhecimentos de agricultora para agricultora e o diálogo com outros saberes, bem como permite o fortalecimento da sua luta por justiça ambiental. As mulheres camponesas têm construído novos processos de gestão da água como parte das mobilizações sociais para o desenvolvimento rural, realizadas por diversos sujeitos do campo da Agroecologia, Feminismo e Convivência com o Semiárido, organizados na Articulação do Semiárido Brasileiro. Entretanto, mesmo confluindo para um projeto político comum, existem muitas disputas de poder que precisam ser travadas pelas mulheres na construção dessa proposta de gestão da água e desenvolvimento rural. Valorizar e aprender com as experiências das mulheres camponesas do Pajeú é fundamental para a construção de uma convivência com o semiárido emancipatória para as mulheres e de fato transformadora da sociedade. / This research brings a complex view from the perspective of Agroecology, Political Ecology and Ecofeminism on the peasant women's social and environmental relations with water. In the Brazilian Semiarid Region the water issues are engendered among the social-environmental conflicts and becomes even more critical in the context of rural poverty. This doesn't happen just by the region's natural characteristics, but through social and political processes bases the development model as the historical concentration of land and water in a few hands, the hegemonic way of use and occupation of the territory, and the implementation of Fight Against Drought policies. Within a patriarchal hegemonic system the rural women face this hostile context on specific and different way. Our objective was to analyze the contributions of peasant women to water management in the territory of the Pajeú in Pernambuco. Therefore, it was necessary to analyze their water management practices in the productive work carried out in agroecosystems and also in the reproductive and care work; identify the political spaces of water management in which they have participated in the territory; and investigate their perceptions of the social dynamics of water management. Towards the participative research approach our instruments were semi-structured interviews, participative observation in the Caravan in Defense of Pajeú River, exploratory walk into the agroecosystems, participative maps of the rural property with the focus on water flows. We observed that the peasant women, from the imposed social conditions and another rationality, have developed holistic and complex knowledge and practices with water. These are closely related to their experiences as women in the cycles of droughts and social organization process as well as the ecological ways of cultivation of their agroecosystems that involve the conservation of the water and Caatinga. Beyond the oppressions experienced by the women, they have been strengthened as political subjects from the self-organization on groups, associations, networks and on the Rural Women Workers of the Northeast Movement (MMTR), in a legitimate feminist, ecological and popular construction. This political practice also transform the water management held by them since it intensifies the farmer to farmer exchanges, the knowledge dialogue, and also strengthens their struggle for social-environmental justice. Peasant women have built new water management processes as part of the social mobilization for rural development, carried out by various subjects in the political field of Agroecology, Feminism and Semiarid Region Coexistence, organized on the Articulation of the Brazilian Semiarid. However, even converging to a common political project there are many power disputes that must be waged by women on this construction process of water management and of rural development proposals. Make visible and learn from the peasant women experiences is critical to building a semiarid region coexistence model emancipatory for women and with transformational potential of society.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufpe.br:123456789/24799
Date05 August 2016
CreatorsFUNARI, Juliana Nascimento
Contributorshttp://lattes.cnpq.br/8937157835629256, PEREIRA, Mônica Cox de Britto, ARAÚJO FILHO, José Coelho de
PublisherUniversidade Federal de Pernambuco, Programa de Pos Graduacao em Desenvolvimento Urbano, UFPE, Brasil
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFPE, instname:Universidade Federal de Pernambuco, instacron:UFPE
RightsAttribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazil, http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/, info:eu-repo/semantics/openAccess

Page generated in 0.0129 seconds