Economia / Doctoral Programme in Economics / Estudos empíricos anteriores mostram que quando as decisões são tomadas num contexto de incerteza e quando existem custos de ajustamento lineares ou fixos (não convexos), as empresas não ajustam continuamente o nível de emprego de forma a acomodar choques da procura do seu produto. Consequentemente, emergem períodos de inércia o que é suficiente para produzir histerese.
Nesta dissertação estuda-se a existência de histerese da dinâmica do emprego ao nível da empresa e ao nível agregado. Em primeiro lugar, efectua-se uma descrição do padrão de ajustamento do emprego a nível microeconómico e estuda-se a sua relação com três fontes de inércia: i) a existência de custos de ajustamento não convexos; ii) a existência de incerteza na dinâmica da procura agregada; iii) a possibilidade de utilização da margem intensiva de ajustamento do factor trabalho (ajustamento através do número de horas por trabalhador). Segundo, analisamos as implicações agregadas do comportamento microeconómico observado.
Se ao nível microeconómico os modelos de histerese oferecem uma boa explicação para a observação empírica, ao nível macroeconómico tem-se revelado mais difícil identificar a existência de histerese na dinâmica do emprego. De facto, as séries agregadas do emprego tendem a ser mais alisadas, e por essa razão, aparentemente inconsistentes coma existência de histerese. No entanto, se tivermos em conta as diferentes propriedades da histerese fraca (histerese ao nível micro) e da histerese forte (histerese ao nível macro) e se considerarmos a existência de empresas heterogéneas, isto é, se o problema da agregação for explicitamente considerado, como deve ser na presença de custos de ajustamento não convexos, então deverá ser possível verificar a existência de sinais de histerese ao nível macroeconómico.
A análise empírica foi efectuada com dados mensais de empresas industriais portuguesas ao longo de um período de 11 anos. A amostra contém informação sobre o nível de emprego e sobre o nível de horas de trabalho e sobre um conjunto de outras variáveis que podem ser utilizadas como proxies de choques.
No sentido de obter uma primeira aproximação ao processo de ajustamento do emprego, efectuamos uma análise descritiva sobre a variação líquida do emprego e testamos a existência de histerese ao nível da empresa através da estimação de um modelo de resposta assimétrica do emprego, interpretado á luz do modelo de histerese Non-Ideal Relay.
De forma a testar a existência de histerese na dinâmica do emprego a nível agregado, aplicamos testes construídos com base em métodos computacionais baseados no modelo de Preisach e no Linear Play Model de histerese.
No sentido de comparar os resultados a nível internacional, aplicamos os testes referidos a dados agregados da OCDE e EUROSTAT de 19 países da OCDE.Concluímos que: i) existem sinais claros da existência de inércia ao nível microeconómico causada pela existência de custos de ajustamento não convexos e pela possibilidade de ajustamento através da variação do número de horas de trabalho por trabalhador; ii) os sinais de histerese que normalmente se encontram ao nível microeconómico não se desvanecessem totalmente ao nível macroeconómico; iii) as propriedades de histerese são particularmente relevantes na dinâmica do emprego das empresas pequenas; iv) encontramos evidência significativa sobre a interacção entre a flexibilidade do ajustamento do factor trabalho através da variação do número de horas de trabalho por trabalhador e a existência de histerese no emprego. Ao contrário, não encontramos evidência significativa sobre a interacção entre a existência de incerteza na dinâmica da procura agregada e a existência de histerese no emprego.
Estes resultados mostram que a dinâmica do emprego a nível agregado é condicionada significativamente pela existência de um padrão de ajustamento discreto ao nível microeconómico. / Previous empirical studies have shown that when decisions are made under uncertainty and adjustment costs are fixed or linear in structure (non-convex), firms do not permanently adjust employment in order to accommodate demand shocks. Consequent to this, periods of inertia would emerge and that is sufficient to produce hysteresis.
This dissertation studies the existence of hysteresis in the dynamic path of employment at the firm and aggregate level. Firstly, we describe the path of micro-level employment and we establish its relationship with three sources of inertia: i) the existence of non-convex costs of adjustment; ii) uncertainty concerning the dynamics of aggregate product demand; iii) utilization of the intensive margin of adjustment of the labor input (adjustment through hours per employee). Secondly, we analyze the aggregate implications of the observed micro behavior. If at the micro level models of hysteresis offer a good explanation for the empirical evidence, at the macro level it has been more difficult to identify the existence of hysteresis in the dynamics of employment. Aggregate series of employment tend to look smoother and, for that reason, they are apparently inconsistent with the presence of hysteresis. However, if we take into consideration the different properties of weak hysteresis (hysteresis at the micro level) and strong hysteresis (hysteresis at the macro level), and if we take into account firms heterogeneity, i.e. if the problem of aggregation is explicitly considered as it should be in the presence of non-convex costs of adjustment, it would still be possible to uncover signs of hysteresis at the macro-level.
The empirical analysis was carried out with a monthly panel of Portuguese manufacturing firms spanning a period of eleven years. This dataset has information on both employment and hours of work as well as on a good set of other variables that may be taken as proxies for shocks. To obtain a first insight into the process of employment adjustment, we provide some descriptive statistics on net employment changes, and to test the existence of hysteresis at the micro level we estimate a model of employment asymmetric response with path dependence interpreted under the Non-Ideal Relay model of hysteresis. To test the existence of hysteresis in the aggregate employment dynamics, we apply tests constructed with the help of computational methods based on the Preisach Model and on the Linear Play Model of Hysteresis. To put our results in an international setting, the aggregate analysis was also made with aggregate data from OECD and EUROSTAT.
We conclude that: i) there are strong signs of the existence of sources of employment inertia at micro level, caused by non-convex adjustment costs and by the adjustment of labor input through the number of hours per employee; ii) signs of hysteresis commonly found at the micro level, do not completely vanish at the macro level; iii) hysteresis properties are particularly discernible for small firms even if they are less so in the case of larger units; vi) we find strong evidence of the interrelations between the flexibility of the labor input adjustment through hours of work and the existence of aggregate employment hysteresis, but only weak evidence of the interrelations between the existence of uncertainty in the dynamics of aggregate demand and hysteresis.
These findings imply that aggregate employment is significantly shaped by lumpy adjustment at the micro level.
Identifer | oai:union.ndltd.org:up.pt/oai:repositorio-aberto.up.pt:10216/10766 |
Date | 30 September 2008 |
Creators | Mota, Paulo Ricardo Tavares |
Publisher | Faculdade de Economia da Universidade do Porto, FEP |
Source Sets | Universidade do Porto |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | Tese |
Format | application/pdf, application/pdf |
Rights | openAccess |
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